Sempre que posso, leio as crônicas de Carlos Heitor Cony na Folha de São Paulo. Uma delas o título me chamou a atenção – “Os pés de barro” (07-05-06, A2). Era sobre a função da imprensa na sociedade. Cony considera a imprensa “uma necessidade”, mas nem por isso deve “ser considerada a vestal acima da condição humana”. Por quê? Embora considerada como “o quarto poder” da sociedade, a imprensa está sujeita aos mesmos erros. Todavia, por ter em seus quadros indivíduos capacitados acima da média da sociedade, deveria errar menos. Ou corrigir-se mais rapidamente possível seus erros com o mesmo destaque dado ao erro – o que geralmente não ocorre, mesmo entre os maiores da Grande Mídia tupiniquim [GMT].
Cony prossegue dizendo que, de um modo generalizado, “a imprensa é considerada a vigilante da sociedade e dos governos”. E quem vigia “a vigilante”? Seria a “opinião pública”, mas ele imediatamente descarta isso, pois esta vigilância é auferida pela própria imprensa. Quer dizer, é uma “falsa vigilância” ou uma “vigilância que não é levada muito a sério” pela GMT.
Gostei quando Cony mencionou Mark Twain – “não se deve acreditar nos jornais, com exceção da data registrada”, mas que até isso deve ser posto em dúvida porque pode haver “erro de composição ou de revisão”. Ao contrário de Cony, eu gostei muito da frase letal de Mark Twain sobre a função da imprensa – “separar o joio do trigo e publicar o joio”. Nada mais verdade. Especialmente quando o assunto é Darwin. A GMT há décadas vem separando o joio (as verdades a priori do naturalista inglês) em detrimento ao trigo (as anomalias devastadoras às especulações transformistas do mito de criação materialista).
Cony não assina embaixo o que o autor de “Tom Sawyer” disse a respeito dos jornalistas. Nem eu. Por quê? Porque, como ele destacou muito bem, há ocasiões em que “a imprensa representa o fluxo da história e a consciência da sociedade”. Citou exemplos de Emile Zola que com o seu “J’accuse!” expôs o anti-semitismo dentro do exército francês, e que ela ajudou a derrubar Nixon (na maior democracia do mundo) e Collor aqui em nossa taba.
O meu cronista preferido lamenta a raridade desses “momentos excepcionais” e que prevalece na imprensa “a mesma fragilidade dos pés de barro do qual somos feitos”. Concordo plenamente com ele, mas a função de ombudsman em nossa GMT deveria ser mais atuante. Especialmente quanto a reverter isso – separar o joio do trigo e publicar o trigo.
Nos dias 10 e 11 de maio foi realizada a 26ª. Conferência Anual da ONO (Organização de Ombudsmans de Notícias – na sigla em inglês). Foi organizada pela Folha e pelo seu ombudsman, Marcelo Beraba. A função do ombudsman é a de ouvir as queixas dos leitores (opinião pública) e criticar o jornal, a emissora, ou o site com total independência e sem sofrer sanções. Tudo isso em nome da credibilidade, de acolher e dar espaço aos leitores e de assimilar a pressão da sociedade por “exatidão, imparcialidade e equilíbrio”. Traduzindo em graúdos – TRIGO!
A Folha se comprometeu, através do seu “Manual da Redação” e do seu Projeto Editorial, exercer um “jornalismo crítico [menos em relação a Darwin], apartidário [menos em relação ao materialismo filosófico], pluralista [menos em relação a determinadas grupos sociais e tradições religiosas] e moderno [menos em relação a uma teoria do século 19]”.
Desde 1989 eu destaco para os ombudsmans da Folha a crise epistêmica da teoria geral da evolução e que, ao contrário do freqüentemente anunciado pelo seu caderno Ciência, as evidências encontradas na natureza estão contrariando as especulações transformistas darwinistas em três aspectos epistêmicos fundamentais – questões de padrão, processo e a origem e a natureza da complexidade biológica, e estão apontando noutra direção: Design Inteligente.
Devagar com o andor que Darwin é de barro. É por isso que a GMT publica apenas o joio, apesar do clamor pela “exatidão, imparcialidade e equilíbrio” de uma opinião pública mais esclarecida...