Na edição de 29/3/2006 a FSP publicou o artigo “Livros didáticos distorcem o islamismo”, de Luísa Brito. É uma história de coragem de um menino chamado Ahmad Amame que com 11 anos (na época aluno da 6ª série) alertou seus colegas de classe que havia erros na apostila de história.
Muçulmano, Ahmad percebeu que as informações sobre o islamismo estavam distorcidas. “A apostila dizia algumas coisas diferentes do que aprendi em casa”, explicou Ahmad, hoje com 13 anos, estudante da Escola Islâmica Brasileira, na Vila Carrão (zona leste de São Paulo).
O episódio, que aconteceu há dois anos, não é restrito à escola de Ahmad. Uma dissertação de mestrado feita na USP analisou 53 livros didáticos de história do ensino fundamental publicados entre 1985 e 2004 e mostrou que todos continham erros no conteúdo sobre o islamismo.
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Desde 1998 este blogger tem instado junto à Grande Mídia tupiniquim, especialmente a FSP – desde o seu primeiro ombudsman – que havia distorção de evidências científicas e duas fraudes na abordagem da evolução nos livros-texto de Biologia do ensino médio. O que fizeram objetivamente os ombudsman? Responderam que minha correspondência tinha sido encaminhada, blah, blah, blah, mas nenhuma ação mais concreta, a não ser a de Maurício Tufanni, que terminou num especial sobre as ‘Visões Extremas da Evolução’.
Pelo menos 9 das 53 obras analisadas fazem parte do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) do governo federal e são distribuídas em toda a rede pública. “Algumas informações equivocadas podem gerar preconceito no leitor ou até aumentar estereótipos”, disse a professora Ana Gomes, autora da dissertação.
Enviei bem antes para a FSP e para o MEC/SEMTEC (2003 e 2005) uma análise-crítica sobre a distorção do evolucionismo em pelo menos 7 livros didáticos de autores expoentes. Se a preocupação da professora Ana Gomes com a distorção do islamismo é que essas ‘informações equivocadas podem gerar preconceito no leitor ou até aumentar estereótipos’, que dizer então da distorção de evidências científicas e da utilização de duas fraudes [os embriões de Haeckel e as mariposas de Manchester – Biston betularia] para favorecer o FATO da teoria geral da evolução em livros didáticos adotados pelas escolas do ensino médio públicas e privadas na formação acadêmica de nossos alunos?
Além de não estar acontecendo ‘educação’ e sim ‘doutrinação’, os nossos alunos estão sendo enganados na sua formação acadêmica sobre questão importante vez que ‘em biologia nada faz sentido a não ser à luz da evolução’ (Dobzhanski), mas não de forma fraudulenta e ideologizada.
Outro grave problema é a falta de revisão dos livros. O Ministério da Educação disse que a avaliação dos livros que fazem parte do PNLD é bastante rígida. A análise das obras é feita por especialistas de universidades brasileiras, e cada livro é avaliado por dois especialistas.
A resposta que obtive da análise-crítica enviada ao MEC/SEMTEC foi a de que realmente o MEC não tem uma equipe de especialistas para analisar e avaliar o conteúdo dos livros didáticos, mas se esta avaliação ‘é bastante rígida’ porque feita por dois ‘especialistas de universidades brasileiras’, cabe aqui a dúvida: esses especialistas não estão atualizados na literatura científica ou temos aqui um exemplo flagrante de ‘corporativismo’ ideológico.
Ahmad, o pequeno muçulmano, teve coragem de enfrentar a versão da Nomenklatura e denunciar a perpetuação de erro. Eu me sinto feliz de tão boa companhia assim e de continuar denunciando esta distorção científica. Qualquer juiz condenaria quem se utilizasse de ações fraudulentas na Bolsa de Valores para favorecer financeiramente a cliente(s), por que o mesmo não ocorre com nossos autores de livros didáticos?