Manifesto da Sociedade Brasileira de Genética: uma "estudantada" sobre Ciência, Criacionismo e Design Inteligente

quinta-feira, junho 28, 2012


MANIFESTO DA SBG SOBRE CIÊNCIA E CRIACIONISMO

O manifesto recém-publicado da Sociedade Brasileira de Genética (SBG) objetivou comunicar publicamente a inexistência de “qualquer respaldo científico para ideias criacionistas” e da Teoria do Design Inteligente sendo divulgadas nas escolas, universidades e meios de comunicação, e “esclarecer a sociedade brasileira e evitar prejuízos no médio e longo prazo ao ensino científico e à formação dos jovens no país.” 

Não se discute a Ciência [sic, palavra grafada com letra maiúscula pelos signatários] contemporânea ser “a principal responsável por todo o desenvolvimento tecnológico e grande parte da revolução cultural que vive a sociedade mundial”. Todavia, a SGB deixou de fora as mazelas trazidas sobre a humanidade pela ciência: as duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, a proibição do uso do DDT ser responsável por mais de 60 milhões de mortes no mundo pela malária...

Se a Biologia do século XXI “começou a se fundamentar como uma Ciência experimental bem estabelecida” com a publicação das primeiras ideias evolutivas de Charles Darwin e Alfred Wallace, esta ciência está fundamentada sobre areias epistemológicas movediças do século XIX. Razão? Ernst Mayr disse que no livro Origem das Espécies, Darwin não entregou o que propôs entregar no título do livro – a origem das espécies [1], muito menos explicou a origem das variações como mecanismo evolucionário. 

O mantra dobzhanskyano – Nada em biologia faz sentido a não ser à luz da evolução – ganhou nova roupagem: a teoria da evolução de Darwin através da seleção natural “unifica todo o conhecimento biológico atual em suas várias disciplinas das áreas da saúde, ambiente, biotecnologia, etc.” Todavia, Philip Skell (falecido), cientista, membro da National Academy of Sciences escreveu na revista The Scientist em 2005: 

“A evolução darwinista – quaisquer que sejam suas outras virtudes – não fornece uma heurística frutífera em biologia experimental. Isso se torna especialmente claro quando nós a comparamos com o referencial heurístico como do modelo atômico, que abre a química estrutural e conduz a avanços na síntese de um grande número de novas moléculas de benefício prático. Nada disso demonstra que o darwinismo seja falso. Isso significa, contudo, que a afirmação de ser a pedra fundamental da biologia experimental moderna vai se deparar com o ceticismo quieto de um número crescente de cientistas em áreas científicas onde as teorias verdadeiramente servem como pedras fundamentais para avanços científicos tangíveis.” [2]

A. S. Wilkins, editor do periódico científico BioEssays, escreveu em 2000: 

“A questão da evolução ocupa um lugar especial e paradoxal dentro de toda a biologia. Embora a grande maioria dos biólogos, provavelmente, concordaria com a frase de Theodosius Dobzhansky de que ‘nada em biologia faz sentido a não ser à luz da evolução’, a maioria pode conduzir seu trabalho muito feliz sem nenhuma referência particular a ideias evolucionárias. A evolução pareceria ser uma ideia unificadora indispensável e, ao mesmo tempo, uma ideia altamente supérflua.” [3]

Dr. Marc Kirschner, catedrático do Departamento de Sistemas de Biologia na Escola de Medicina de Harvard, foi mais contundente:

“… ao longo dos últimos 100 anos, quase toda a biologia tem procedido independente da evolução, exceto a própria biologia evolucionária. A biologia molecular, a bioquímica, a fisiologia, nem levaram em conta a evolução.” [4]

Isso contraria frontal e contundentemente o afirmado no manifesto da SBG de que “a Teoria Evolutiva explica, com muitas evidências e dados experimentais, a origem e riqueza da biodiversidade, incluindo as espécies existentes e extintas, de nosso planeta”.

Não há muito que se discutir com a afirmação do Manifesto da SBG que “Teorias de outras áreas da Ciência, como Física (Gravitação, Relatividade, etc.) e Química (Modelo Atômico, Princípio da Incerteza, etc.), estarem fundamentadas no método científico, investigando fenômenos que podem ser medidos e testados experimentalmente. A ignorância em História e Filosofia da Ciência dos signatários é patente e absurda: em Ciência não existe método científico, mas diversos métodos científicos, pois são várias as áreas científicas cada uma exigindo metodologia sui generis. 

Embora o processo científico seja contínuo, a incorporação das novas ideias e descobertas científicas para aprofundar o conhecimento humano sobre os seres vivos, a Terra e o Universo, não se dá assim facilmente. Há forte resistência às teorias e ideias que contrariam os paradigmas vigentes. Uma releitura de A Estrutura das Revoluções Científicas, de Thomas Kuhn refrescaria a memória desses signatários de que se travam embates, às vezes ferrenhos, por posicionamentos teóricos. 

O que tem acontecido realmente com o estudo da Evolução Biológica nos últimos 150 anos, é que neste período uma enorme quantidade de dados e evidências contrariando e mostrando a falência heurística da proposta original de Darwin e Wallace – evolução através da seleção natural – são apenas discutidos intramuros e em publicações científicas que muitos poucos têm acesso, e as organizações científicas como a SBG, não ousam abordar civil e publicamente. 

A afirmação de que “as perguntas e as causas sobrenaturais não fazem parte do questionamento hipotético e nem das explicações em todas as Ciências experimentais modernas” cheira muito mais a materialismo metodológico como princípio regulador em ciência do que – que a ciência deve ser limitada em dar somente explicações materialistas dos fenômenos naturais. Mas qual é o experimento científico que teste a afirmação de materialismo científico desses signatários? Se houver um, qual é o experimento científico que corrobore essa afirmação retórica da SBG? 

Realmente a pergunta “Deus existe?” ou “Deus não existe” podem ser discutidas por filósofos e cientistas (como pessoas com diferentes crenças, opiniões e ideologias), mas não podem ser abordadas e respondidas pela Ciência. Todavia, isso também deve acabar de vez por todas com o bullying de professores ateus que, inapropriadamente, hostilizam verbalmente os crentes de subjetividades religiosas em salas de aulas nas universidades públicas e privadas. Cabe processo contra esses buldogues do ateísmo pós-moderno, chiques e perfumados a la Dawkins! 

Realmente há fenômenos que a Ciência não pode e nem vai explicar devido a limitações do conhecimento no século XXI, tal como a gravidade no nível atômico, algumas propriedades da molécula da água ou a origem e evolução do universo e das primeiras formas de vida há mais de 3,5 bilhões de anos. Infelizmente algumas pessoas argumentam com variantes de clássica falácia do Deus das lacunas: “se a Ciência não explica, é porque a causa é sobrenatural”. 

Embora este argumento seja utilizado por inúmeros criacionistas, incluindo os adeptos da Terra Nova, da Terra Antiga, os signatários do manifesto da SBG, para não chama-los de mentirosos, estão em descompasso com a verdade em relação ao Design Inteligente.

Desafio qualquer luminar da SBG ou fora dela, que aponte na literatura do Design Inteligente alguma proposição tipo “se a Ciência não explica, é porque a causa é sobrenatural”. A Ciência é a busca pela verdade, e aqui a SBG prestou um desserviço à sociedade porque foi encontrada mentindo sobre um grupo sério de cientistas. Popularmente: foram apanhados com a mão na cumbuca!

Realmente é deplorável se versões criacionistas são apresentadas ao grande público como produto de “estudos científicos avançados” (mas há) e, ao contrário do afirmado pela SBG, o criacionismo e a teoria do Design Inteligente fazem parte de atividades discutidas em publicações e congressos científicos em diversos países, no Brasil inclusive. Só que os criacionistas, teóricos e proponentes da Teoria do Design Inteligente não podem publicar, e nem são convidados para esses eventos.

É até possível que a Teoria Evolutiva seja deturpada, mas é falaciosa a afirmação da SBG que esses críticos não levam em consideração os muitos trabalhos científicos efetuados desde sua proposta há mais de 150 anos. Pelo contrário, eles demonstram profundo e atualizado conhecimento da literatura especializada com resultados e evidências demonstrando a falência heurística da atual Teoria da Evolução no contexto de justificação teórica. 

As montanhas de evidências negativas contrariando as especulações transformistas são tantas que vem aí uma nova Teoria geral da evolução – a SÍNTESE EVOLUTIVA AMPLIADA que, por aquelas razões, contrariando Darwin e discípulos, não pode e nem deve ser selecionista e vai incorporar aspectos teóricos lamarckistas. Mas ela somente será anunciada em 2020.

É muita desonestidade acadêmica da SBG e da Nomenklatura científica não abordar publicamente esta situação de revisão profunda no corpus teórico evolucionário. Vai ver porque os criacionistas e a turma do Design Inteligente abordam essas questões livremente é que realmente incomoda os atuais mandarins da Nomenklatura científica foi o que motivou este manifesto. 

Os raros criacionistas cientistas produtivos em suas áreas específicas de atuação têm nomes. Um deles é o Prof. Dr. Marcos Nogueira Eberlin, da Unicamp, segundo cientista brasileiro mais citado em publicações científicas, que, embora não desenvolva pesquisas na área da Evolução Biológica, como todo químico, sabe muito mais sobre a vida do que os biólogos. Pela linha de raciocínio da SBG, Darwin nem poderia escrever o seu livro Origem das Espécies. Razão? A única formação acadêmica de Darwin: teologia...

Dentro do movimento do Design Inteligente temos desde ateus, agnósticos, céticos a crentes de variadas subjetividades religiosas. Quando abordam o criacionismo, eles estão falando de suas crenças particulares e não das pesquisas que estudam e publicam, e nas suas palestras o Prof. Dr. Marcos Nogueira Eberlin deixa isso muito claro: está apenas emitindo sua opinião pessoal e subjetiva, motivada geralmente por sua crença religiosa, além de fazer a distinção entre o criacionismo e a Teoria do Design Inteligente.

Não é somente perguntas e explicações criacionistas que não podem ser testadas pelo método científico. Como testar as origens e evolução do universo e da vida – especialmente a hipótese da ancestralidade comum – quando a Árvore da Vida de Darwin foi demonstrada uma miragem ideológica? Como testar um buraco negro? Como detectar a “partícula de Deus”?

É com esse objetivo honesto de informar o que é negado à sociedade, inúmeros cientistas, filósofos e educadores da área biológica têm apresentado várias críticas substantivas às diferentes versões evolucionistas, demonstrando seus alicerces na crença materialista e não no questionamento científico, erros elementares e significativas falhas conceituais em sua formulação, a falta de evidências, assim como deturpações dos fatos e métodos científicos. A abordagem da origem e evolução do universo e da vida nos livros didáticos aprovados pelo MEC/SEMTEC/PNLEM é uma prova dessa desonestidade científica.

Coisas que, não somente a SBG, mas todas as organizações científicas se recusam terminante discutir. E as evidências contrárias à Teoria da Evolução? “As evidências? Que se danem as evidências, o que vale é a teoria!” Frase atribuída a Dobzhansky aos alunos de genética na USP, mas quem ouviu e sobrevive não ousa confirmar!

As críticas feitas pelos críticos da Teoria da Evolução têm sido divulgadas no Brasil e em vários países, sendo que algumas podem ser lidas livremente nos sites da internet indicados abaixo. 

Apesar de saber existir inúmeras evidências não corroborando a Teoria da Evolução no contexto de justificação teórica, e que isso representa uma deterioração na qualidade do ensino de Ciências, a Sociedade Brasileira de Genética (SBG), ratificou nesse manifesto ser a Evolução Biológica por Seleção Natural imensamente respaldada pelas evidências e experimentações nas áreas de Genética, Biologia Celular, Bioquímica, Genômica, quando é justamente nessas áreas que a especulação transformista de Darwin se revela heuristicamente falida. 

A proeminente bióloga Lynn Margulis, que se opunha à Teoria do Design Inteligente, criticou a seleção natural – mecanismo darwinista evolucionário padrão – “a afirmação darwinista para explicar toda a evolução é uma meia-verdade popular cuja falta de poder explicativo é compensada somente pela ferocidade religiosa de sua retórica.” [5]    Ela ainda destaca que “novas mutações não criam novas espécies; elas criam descendência que é debilitada.” [6]   O bioquímico Franklin Harold admitiu em uma monografia da Oxford University Press que “não há presentemente nenhuma explicações darwinistas detalhadas da evolução de qualquer sistema bioquímico ou celular, somente uma variedade de especulações fantasiosas.” [7]

Nem precisava reiterar que, como qualquer Teoria científica, a Evolução Biológica tem sido remodelada com a incorporação de várias novas evidências (incluindo da área de Genética), mas ao contrário do afirmado pela SBG, suas hipóteses e explicações estão cada vez mais enfraquecidas a cada ano, desde a primeira publicação do Origem das Espécies de Charles Darwin em 1859.

A manifestação da SBG comunicou de forma espúria e nublada à Sociedade Brasileira a inexistência de qualquer respaldo científico para ideias do Design Inteligente que têm sido divulgadas em algumas escolas, universidades e meios de comunicação: a complexidade irredutível de sistemas biológicos (flagelo bacteriano) e a informação complexa especificada (DNA) fazem parte do referencial teórico da Teoria do Design Inteligente e são encontrados na natureza. E a comunidade científica se vê diante de um dilema epistemológico popperiano – ao tentar falsificar a complexidade irredutível de sistemas biológicos, ela afirma o caráter científico da Teoria do Design Inteligente. Popper afirmou que uma teoria verdadeiramente científica se submete ao escrutínio do critério da falseabilidade.

Nós do Movimento do Design Inteligente entendemos que explicações baseadas na fé e crença atéia, e no natural podem ser interessantes e reconfortantes para muitas pessoas, mas não fazem parte do conteúdo da pesquisa ou de disciplinas científicas nas áreas de Biologia, Química, Física etc. 

Ao lado do respeito à liberdade da crença atéia, nós do Movimento do Design Inteligente, temos observado o respeito à Ciência que tem enfrentado todo tipo de obscurantismo político e ideológico, de modo similar às situações vividas por St. George Jackson Mivart e o próprio Prof. Dr. Marcos Nogueira Eberlin, entre muitas vítimas dessa Inquisição sem fogueiras relatadas no documentário Expelled. [8]

Concordamos com a SBG de que “com toda a limitação do método científico e dos recursos tecnológicos em cada época, a Ciência alargou o conhecimento humano e o entendimento científico dos mais diversos fenômenos”. Reiteramos os princípios defendidos pela SBG, e reafirmamos “que o ensino da Ciência, em todos os níveis, deve se dedicar à sua finalidade precípua, em respeito ao ditame constitucional da qualidade da educação, sem deixar-se perverter pela pseudociência e pelo obscurantismo político ou religioso” e pelo ativismo ideológico materialista que blinda os paradigmas de críticas, até mesmo das críticas científicas. 

Não são apenas alguns criacionistas que utilizam o argumento de que a Ciência brasileira é retrógrada (ou “tupiniquim”, como a chama este blogger), uma leitura dos rankings científicos mostra que, apesar de o Brasil se destacar em algumas áreas científicas, o resto não é assim nenhuma Brastemp! Desconheço quem tenha afirmado ser o criacionismo ou a Teoria do Design Inteligente “aceitos” no exterior. 

Concluímos que o ensino científico de boa qualidade no Brasil e em outros países depende da compreensão da metodologia científica, de suas potencialidades e de suas limitações, além da discussão de evidências e dados experimentais, a favor e contra. No entanto, impedir a livre discussão de ideias científicas, especialmente as que questionam os paradigmas vigentes prejudicam seriamente o Ensino Científico de qualidade e o desenvolvimento do país.

E o Manifesto da SBG? Foi uma "estudantada" sobre Ciência, Criacionismo e Design Inteligente - uma pífia tentativa de intimidar, silenciar e demonizar seus críticos e oponentes.

Referências
[1] Ernst Mayr. "It is quite true, as several recent authors have indicated, that Darwin's book was misnamed, because it is a book on evolutionary changes in general and the factors that control them (selectivity, and so forth), but not a treatise on the origin of species." Systematics and the Origin of Species, 1942, p.147

[2] Phillip S. Skell, “Why do we invoke Darwin? Evolutionary theory explains little to experimental biology”, The Scientist, August 29, 2005.


[3] A. S. Wilkins, “Evolutionary processes: a special issue”, BioEssays 2000, 22:1051-2 


[4] Marc Kirschner, Boston Globe, Oct. 23, 2005. 

[5] Lynn Margulis e Dorion Margulis, Acquiring Genomes: A Theory of the Origins of the Species, Basic Books, 2003, p. 29. 

[6] Lynn Margulis, citada em Darry Madden, "U Mass Scientist to Lead Debate on Evolutionary Theory," Brattleboro (Vt.) Reformer, Fev 3, 2006. 

[7] Franklin M. Harold, The Way of the Cell: Molecules, Organisms and the Order of Life, Oxford University Press, 2001, pg. 205. 

[8] Expelled: No Intelligence Allowed. Legendado em Português, 10 partes. http://www.youtube.com/watch?v=XUeIgeHdqFA Acessado 28 Jun 2012. 

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Sites onde livremente se discute a Teoria do Design Inteligente e as dificuldades fundamentais da Teoria da Evolução através da seleção natural que são intencionalmente sonegadas pela Nomenklatura científica: