A origem “simples” primordial de nossos cérebros “complexos” modernos: um verme primitivo

sábado, agosto 18, 2007

Você já foi ofendido verbalmente por alguém assim: “Você não passa de um verme”. Você ficou zangado, não ficou? Não fique mais. Agora está “cientificamente” explicado e demonstrado que nós não passamos mesmo de uns reles “vermes”. Pelo menos quanto à origem dos nossos cérebros.

Sem nenhuma discussão, uma divulgação de informações para a imprensa feita pelo European Molecular Biology Laboratory [Laboratório Europeu de Biologia Molecular] afirmou, “Os cérebros modernos têm uma essência antiga.” Quão antiga? Bota antiga nisso. Vai lá bem atrás num passado bem remoto dos vermes marinhos antiqüíssimos. Como que os cientistas chegaram a esta conclusão histórica de longo alcance? Pelas evidências, idiota, pelas evidências: “Neurônios multifuncionais que percebem o ambiente e liberam hormônios são a base evolutiva de nossos cérebros.” Caracas, meu, bota ciência qua ciência aqui... Ah, eu me esqueci — a evolução é mais inteligente do que nós vermes...

Aquele comunicado à imprensa continua afirmando que os neurônios neste verme anelídeo tipo centopéia produziam hormônio. E o que isso tem a ver com o nosso extremamente complexo cérebro, único a pensar sobre sua origem e evolução? Os cientistas chegaram à conclusão que isso foi a base de uma descoberta surpreendente da evolução:

“Os hormônios controlam o crescimento, o metabolismo, a reprodução, e muitos outros processos biológicos importantes. Nos humanos, e todos os outros vertebrados, os sinais químicos são produzidos por centros cerebrais especializados como o hipotálamo, e lançados na corrente sanguínea que os distribuem por todo o corpo. Os pesquisadores do European Molecular Biology Laboratory [EMBL] revelam agora que o hipotálamo e os seus hormônios não são invenções puramente de vertebrados, mas têm suas raízes evolutivas em ancestrais marinhos tipo verme. Na edição desta semana da publicação científica Cell eles relatam que os centros cerebrais que produzem hormônio são muito mais antigos do que esperado, e provavelmente evoluíram de células multifuncionais do último ancestral comum de vertebrados, moscas e vermes.”

Uau! Seu verme! Não se ofenda! Os que fizeram o estudo nem sequer se importaram se isso seria um baita problema para a teoria geral da evolução, pois segundo a pesquisa os hormônios mostraram que a evolução foi inovadora muito mais cedo do que esperado:

“Isto sugere que os centros cerebrais que produzem hormônio surgiram depois da evolução dos vertebrados e invertebrados terem se divergido”, disse Detlev Arendt, cujo grupo estuda o desenvolvimento e a evolução do cérebro no EMBL. “Mas então os hormônios tipo vertebrado foram encontrados em vermes anelídeos e moluscos, indicando que esses centros podem ser muito mais antigos do que esperado.”

Onde que eles encontraram a evidência confirmadora de nossa origem chã? Eles descobriram que um peixe, um vertebrado, e um verme anelídeo todos têm neurônios que produzem hormônio com “semelhanças estonteantes.” As semelhanças entre dois hormônios de peixes e verme “são tão grandes que eles são difíceis de serem explicados por coincidência”, afirmou a nota à imprensa, vendo a evolução como a única alternativa. Presto, Alakazam, Abracadabra, QED: “Em vez disso, eles (os neurônios) indicam uma origem evolutiva comum das células.”

A pergunta que não quer se calar. Por que um verme pós-moderno, chique e perfumado necessitaria de células cerebrais avançadas? A pesquisa original no journal Cell [1] falando dos centros de controle de produção de neurônios em animais superiores admitiu que “a origem evolutiva desses centros é largamente desconhecida.”

Vocês acham que o comunicado à imprensa ficou por aí? Veio uma daquelas “just-so story” [estória da carochinha] para ilustrar o complexo cenário evolutivo de priscas eras geológicas:

Os cientistas do EMBL assumem agora que tais neurônios sensoriais multifuncionais estão entre os tipos de neurônios mais antigos. Provavelmente o papel deles era o de enviar “dicas” sensoriais diretamente do ambiente marinho antigo para as mudanças no corpo do animal. Ao longo do tempo essas células autônomas podem ter se juntado, e se especializado em formar centros cerebrais complexos como o hipotálamo de vertebrados.

Outra pergunta que não quer se calar — “Como que as células realizaram isso sem serem capazes de pensar ou planejar adiante?”. Esse tipo de pergunta a Nomenklatura científica não faz. Nem a Grande Mídia tupiniquim. Isso é coisa de criacionista ou da turma perversa do Design Inteligente. Antes, qualquer coisa “conservada” é obviamente “assim filogeneticamente antiga”, os cientistas disseram. “No final desse processo surgiram os centros cerebrais complexos como o hipotálamo de vertebrados, que integra o input sensorial múltiplo” é óbvio.

E o que tudo isso representa para a nossa vasta ignorância de nossa origem e evolução? A equipe deixa bem claro que a descoberta deles irá “revolucionar a maneira como nós percebemos o cérebro.” Não é mais apenas tipo computador com Input/Output. “Agora nós sabemos que o cérebro mesmo é um órgão sensorial e tem sido assim desde tempos muitos antigos.”

COMENTÁRIO IMPERTINENTE DESTE VERME,OOPS, BLOGGER:

Fui, dormir depois desta acalentadora “just-so story”, projeção das mentes naturalistas que precisam de um cobertor psicológico para enfrentar a realidade complexa das evidências sobre a origem e evolução da vida.

E= mc2 [Energia é igual à massa vezes a velocidade da luz (300 mil k/seg.) ao quadrado. Massa transformada em energia] Albert Einstein? Não, apenas um simples verme Einsteiniensis asininal.

NOTA

1. Tessmar-Raible, Arndt et al, “Conserved Sensory-Neurosecretory Cell Types in Annelid and Fish Forebrain: Insights into Hypothalamus Evolution,” Cell, Volume 129, Issue 7, 29 June 2007, Pages 1389-1400.