A plasticidade dos significados da palavra “evolução”

sábado, agosto 18, 2007

Evolução é uma palavra muito plástica de significados, mas nunca definida por alguns membros da Nomenklatura científica e jornalistas científicos da Grande Mídia tupiniquim.

Aqui e ali nós deparamos com significados da palavra “evolução” que não são controversos: os organismos mudaram ao longo do tempo, que eles se adaptam às condições de mudanças ambientais, ou que as freqüências de genes podem variar numa população.

Mas, então é isso que significa o termo “evolução”? Se for, nós do Design Inteligente não temos nenhuma dificuldade com estes significados. Não somente nós, mas até o público maior dos leitores não-especializados. Em sala de aula, ou em artigos, professores, cientistas e jornalistas afirmam inocuamente sobre o fato, Fato, FATO da evolução: “É claro que você acredita que os organismos mudam ao longo do tempo... Certamente você já ouviu falar sobre as bactérias desenvolvendo resistência aos antibióticos... Isso são exemplos de evolução em ação.”

Tais descrições são intencionalmente utilizadas para “dourar a pílula” a favor do fato, Fato, FATO da evolução aliviando os temores do público laico e colocando de lado a controvérsia do contexto da justificação teórica apenas por um momento. A Nomenklatura científica e a Grande Mídia tupiniquim escondem o que realmente está em jogo no debate sobre a evolução: as evidências que possam corroborar a transmutação de uma espécie em outra.

Que as bactérias ao desenvolverem resistência aos antibióticos exemplificam realmente a evolução em ação é ponto pacífico. Mas, que tipo de “evolução” é esta? É uma “evolução” de escala pequena (microevolução) completamente irrelevante para as grandes afirmações feitas em biologia evolutiva:

1. As bactérias que desenvolveram resistência aos antibióticos e você, o humano cujo sistema de defesa não pode combater as bactérias, são, com todos os demais organismos, descendentes de um ancestral comum num passado distante; e

2. O processo que originou as bactérias e todos os demais organismos através da ancestralidade comum opera por acaso e necessidade, e assim sem nenhum planou ou propósito discerníveis.

A primeira é uma afirmação sobre a história natural, e é conhecida em biologia como “descendência comum” ou “ancestralidade comum universal”. De acordo com esta hipótese, há um ancestral comum ao quais todos os organismos vivos traçam a sua linhagem biótica. A segunda afirma que a mudança evolutiva ocorre por mecanismos estritamente materiais, e não requer ser inteligentemente guiada. A inteligência, nesta visão, é um mero produto da evolução em vez de algo que a guie.

Esses dois pilares podem ser creditados a Charles Darwin. Ao propor o mecanismo de seleção natural agindo sobre variações aleatórias, Darwin pareceu ter retirado de uma vez por todas em biologia qualquer necessidade de inteligência para explicar a origem e a evolução dos sistemas biológicos. Em vez disso, Darwin fez do acaso (em forma de variações aleatórias) a matéria prima para a inovação biológica, e a necessidade (na forma da seleção natural) a força motriz que separa entre aquelas variações, preserva os organismos cujas variações conferem vantagem reprodutiva enquanto elimina o resto.

Este é o mecanismo darwinista de mudança evolutiva, e a maioria dos biólogos busca alguma versão dele para explicar a diversificação biológica, e justificar assim o primeiro dos dois pilares de Darwin: descendência comum com modificação. Sobre isso Jerry Coyne, geneticista evolucionista da Universidade de Chicago escreveu,

“Há somente uma teoria da evolução em vigor, e ela é isto: os organismos evoluíram gradualmente ao longo do tempo, e se dividiram em espécies diferentes, e o principal mecanismo de mudança evolutiva foi a seleção natural. Certamente, alguns detalhes desses processos não estão estabelecidos, mas não há discussão entre os biólogos sobre as principais afirmações [da teoria da evolução]... Embora as mutações ocorram por acaso, a seleção natural, que constrói corpos complexos salvando as mutações mais adaptativas, enfaticamente não ocorre aleatoriamente. Como todas as espécies, o homem é um produto tanto do acaso e do rigor das leis [biológicas]. [1]

Neste blog, eu uso as palavras “evolução” e “darwinismo” para denotarem justamente esta visão de evolução que a Nomenklatura científica e a Grande Mídia tupiniquim “escondem” do público leigo: é aceita a priori e circunstancialmente apoiada pelas evidências. Esta é “a controvérsia” sobre o fato, Fato, FATO da evolução conforme discutida nas publicações científicas, e que ganhou mais destaque depois que a teoria do Design Inteligente trouxe para o debate a idéia de complexidade irredutível de sistemas biológicos e a informação complexa especificada como sinais de causas inteligentes empiricamente detectados.

Darwin não tem como esperar 2010: a biologia é uma ciência de informação. Os teóricos vão ter que revisar o neodarwinismo incorporando este aspecto científico fundamental. Caso contrário, vai ser apenas um “remendo epistêmico novo” numa roupa teórica velha e esgarçada do século 19.

NOTA

1. “There is only one going theory of evolution, and it is this: organisms evolved gradually over time and split into different species, and the main engine of evolutionary change was natural selection. Sure, some details of these processes are unsettled, but there is no argument among biologists about the main claims. . . . [W]hile mutations occur by chance, natural selection, which builds complex bodies by saving the most adaptive mutations, emphatically does not. Like all species, man is a product of both chance and lawfulness.” In “Don’t Know Much Biology”, June 6, 2007.