A Grande Mídia Tupiniquim: alcova dos preconceitos canhestros de Dawkins

sexta-feira, agosto 10, 2007

Desde 1998 denuncio a relação incestuosa da GMT [Grande Mídia Tupiniquim] e a Nomenklatura científica: o que Darwin tem de bom, a gente mostra; o que Darwin tem de ruim, a gente esconde [a síndrome ricuperiana]. Além de servir de porta-voz do atual neo-ateísmo pós-moderno, chique e perfumado.

Exemplo pequeno disso é o artigo “A Dawkins o que é de Dawkins”, de Reinaldo José Lopes postado no site Tubo de Ensaio sobre uma resenha feita ao novo livro de Michael Behe. Será que o jornalista científico da Platinada leu o livro de Behe? Nada mais apropriado responder o artigo de quem ainda não leu o livro com um artigo de um pensador de peso, Richard John Neuhaus:

Alcovitando os preconceitos

por Richard John Neuhaus
3 de agosto de 2007, 6:36 AM

Você geralmente sabe que alguém está perdendo o debate quando ele perde a sua compostura, e parte para a bazófia, abuso, caricatura, e a invocação de autoridades que concordam com ele. O New York Times Book Review, por razões que ultrapassam a explicação liberal, deu o livro mais recente de Michael Behe, The Edge of Evolution: The Search for the Limits of Darwinism , para Richard Dawkins resenhar. Behe é bioquímico, autor de Darwin’s Black Box [A caixa preta de Darwin, Rio de Janeiro, Zahar, 1997. Será que a Mariana Zahar vai nos brindar com a tradução e publicação deste novo livro do Behe? Coragem, Mariana: publique o livro!], e um proponente do Design Inteligente. Dawkins é um ateu polemista contra a religião, detentor da erroneamente chamada Cadeira para o Entendimento Público de Ciência da Universidade Oxford, e autor do livro The God Delusion

Dawkins começa dizendo que ele tem “pena” de Behe, a quem descreve como “o garoto propaganda dos criacionistas de todo o mundo”. Não importa que Behe não seja um “criacionista”. Nada menos do que três vezes na resenha, Dawkins alude ao fato de que os colegas de Behe no departamento de biologia de sua universidade têm se distanciado publicamente de sua posição. Os outros biólogos na Universidade Lehigh University discordam de Behe. Daí, depreende-se que ele deve ser um maluco. Além disso, “Behe está pegando pesado com Ronald Fisher, Sewall Wright, J.B.S. Haldane, Theodosius Dobzhansky, Richard Lewontin, John Maynard Smith, e centenas de seus talentosos colaboradores e descendentes intelectuais.” Isso é conhecido como argumento de autoridade. [Neuhaus é elegante. Este blogger chama de argumento ad baculum, ou mais apropriadamente de ad borduna].

O que este cara do Behe, “o bioquímico repudiado da Universidade Lehigh” pensa que ele é para discordar com o establishment científico?” [Neuhaus é demais elegante. Este blogger chama de Nomenklatura científica]. Ele não sabe que a ciência progride pela conformidade da opinião convencional, como Nicolau Copérnico, Isaac Newton, e Charles Darwin (!) nos ensinaram? O argumento para encerrar o assunto de Dawkins contra as afirmações de Behe sobre os limites da mutação natural é que diferentes tipos de cães descendem do lobo. Dawkins escreveu, “Como eu finalizo este livro incredulamente, parece que eu ouço os uivos zombeteiros, e os uivos profundos de escárnio de 500 raças de cães.” O que o leitor escuta são os uivos zombeteiros e os uivos profundos de escárnio de Richard Dawkins.

Dawkins afirma que Behe pensa que Deus, de alguma maneira, está envolvido no processo evolutivo, e o autor de The God Delusion [A ilusão de Deus, a ser lançado pela Companhia das Letras ainda este ano] sabe que isso é loucura. Tudo isso levanta questões interessantes sobre a seção Book Review [do New York Times], que afirma publicamente ter o devido cuidado que o resenhista não tenha conflito de interesse que pudesse interferir na maneira de um tratamento justo de um livro. Por exemplo, o autor é seu cunhado? Aparentemente não importa se um resenhista em vista tenha publica e repetidamente tenha despejado desdém sobre um autor e seus argumentos.

FIRST THINGS tem uma política diferente de resenha. Em ocasiões nós escolheremos um resenhista que é conhecido por discordar, e discordar fortemente, com um autor. O propósito é para se envolver com o argumento, e explicar por que está errado, com o autor tendo a chance de responder. Como os editores do Book Review [do New York Times] devem saber, Dawkins não pode se ocupar com o argumento de Behe. Não é porque ele não é bioquímico. Em princípio ele está desqualificado porque é um ateu militante comprometido com uma posição do materialismo científico no qual qualquer referência a propósito transcendente ou design é considerado como ilusório, significando que é o produto de uma doença mental.

É difícil saber para qual propósito se serviu o Book Review em ter o Dawkins resenhando a Behe, a não ser, possivelmente, para condenar ao ostracismo quem quer que se atreva a levantar objeções sobre as ortodoxias darwinistas dominantes e, talvez, servir de alcova para os preconceitos presunçosos do suposto índice de leitores do Times.

NOTA DESTE BLOGGER:

Não faça como o Reinaldo José Lopes que não leu o livro do Behe e dependeu de uma resenha canhestra do Dawkins para fazer juízo das idéias defendidas neste livro. Você já pode comprá-lo nas grandes livrarias do Brasil. Depois eu publico onde encontrá-lo. Pode até comprar pela internet.