MEC quer rever restrição a livro de Darwin

quinta-feira, novembro 04, 2010

MEC quer rever restrição a livro de Darwin 

Ministério pede que conselho reveja parecer contrário à distribuição de “A Origem do Homem e a Seleção Sexual” nas escolas públicas 

Ministro Haddad diz não ver racismo na obra, mas não descarta hipótese de inclusão de uma nota explicativa 

ANGEL PINE
DE BRASÍLIA 

O Ministério da Educação vai pedir que o CNE (Conselho Nacional de Educação) reveja o parecer que recomendou restrições à distribuição do livro “A Origem do Homem e a Seleção Sexual”, de Charles Darwin, a escolas públicas. 

Como revelou a Folha, o conselho sugeriu em um parecer que a obra não seja distribuída pelo governo ou, caso isso seja feito, que contenha uma "nota explicativa" sobre o contexto em que ela foi escrita, devido a um suposto teor racista. 

Para vigorar, o parecer teria que ser homologado pelo ministro Fernando Haddad, que ontem disse não concordar com o conselho.

De acordo com ele, chegou ao ministério um número "incomum" de reclamações de educadores e especialistas a respeito do tema. "Foram muitas manifestações para que o MEC afaste qualquer hipótese de censura a qualquer obra", afirmou. 

Ele disse que não vê racismo em “A Origem do Homem e a Seleção Sexual”, mas não descartou a possibilidade de o conselho recomendar que as editoras publiquem as notas explicativas sobre determinada obra quando isso for considerado necessário. Essa posição foi defendida também pelo ministro da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araújo. 

Haddad afirmou ainda que, qualquer que seja a decisão do conselho, ela deve valer para todos os livros distribuídos pelo MEC e não apenas para um. 

Publicado no Brasil em 1974, “A Origem do Homem e a Seleção Sexual” (Hemus Editora, São Paulo) o livro de Darwin teoriza sobre a evolução humana através de um processo lento e gradual e através de um ancestral comum a todos os primatas. 

De acordo com o CNE, o racismo estaria presente, entre outras passagens, no contraste entre as populações humanas europeias (superiores) e as africanas e australianas (inferiores e igualados a macacos e gorilas). Uma delas diz: 

“Em algum período futuro, não muito distante sendo medido pelos séculos, as raças civilizadas do homem certamente irão exterminar, e substituir as raças selvagens por todo o mundo. Ao mesmo tempo os macacos antropomorfos, como destacou o Professor Schaaffhausen, sem dúvida, serão exterminados. A distinção entre o homem e os seus aliados mais próximos será então muito mais ampla, pois intervirá entre o homem em um estado mais civilizado, como nós esperamos, até mesmo do Caucasiano, e alguns macacos tão inferiores como o babuíno, em vez de como é agora entre o negro, ou o indígena australiano e o gorila.” p.201 

Em relação aos animais, um exemplo mencionado na denúncia da qual o CNE partiu para fazer o parecer é: "Não é à toa que os macacos se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens". 

+++++

NOTA DESTE BLOGER:

Paráfrase baseada em texto original da Folha de São Paulo (acesso exclusivo para assinantes da FSP ou do UOL), para chamar atenção da existência de uma outra situação: o MEC/SEMTEC/PNLEM não ousa exigir dos autores de livros-texto de Biologia do ensino médio, a abordagem de certas ideias de Darwin. Isso sim é CENSURA, e com o aval da Nomeklatura científica que não deseja o desnudamento de Darwin, o homem que teve a maior ideia que toda a humanidade já teve.

Fui, nem sei por que, pensando, o fato, Fato, FATO da evolução [um Australopithecus afarensis se transmutar em Antropólogo amazonense] está mais para alquimia do que ciência qua ciência.