Sarah Chaffee
2 de setembro de 2017, 2:35 AM
Na sua seção de cartas de 1o. de setembro , a revista científica Science oferece uma comunicação do Professor Heslley Machado Silva, reclamando que o “Intelligent design endangers education” [O Design Inteligente coloca em risco a educação]. Ele está escrevendo na mais distinta publicação científica nos Estados Unidos. Silva identifica-se como sendo afiliado com o Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária na Universidade da Califórnia em Irvine.* Mas, sua carta, somente três parágrafos de extensão e com 11 notas de rodapé, está enganada tanto em fato como em lógica.
Silva afirma, “Nos Estados Unidos desde 2014, escolas públicas ou financiadas pelos contribuintes em 13 estados e o Distrito de Columbia foram permitidas ensinar o criacionismo junto com a evolução”. Em uma nota de rodapé ele cita um artigo da Slate com esta finalidade. A afirmação, contudo, e o artigo na Internet que se baseou, estão incorretos.
Na sua decisão Edwards v. Aguillard de 1987, a Suprema Corte decidiu que o criacionismo é uma crença religiosa e assim inconstitucional de ser ensinada nas escolas públicas. Assim, em zero escolas públicas americanas é “permitido”, no sentido de ser constitucional, ensinar o criacionismo.
Silva tenta associar a teoria do Design Inteligente com a recente decisão da Turquia em banir a evolução de suas escolas públicas. Errado de novo . Na verdade, o Discovery Institute tem condenado rotineiramente a Turquia pela remoção da evolução nos livros didáticos. Nós fizemos isso lá atrás em junho. Como eu escrevi outro dia:
Este desenrolar não servirá bem aos estudantes turcos. No Center for Science & Culture [Centro para a Ciência e Cultura], nós defendemos que ensinar a controvérsia científica sobre a evolução é a abordagem correta para a educação biológica. Deveria haver mais, não menos, nessa questão. Permitir a livre competição de ideias somente irá beneficiar os futuros cientistas e scholars de uma nação.
O Discovery Institute enfaticamente recomenda contra o ensino do Design Inteligente nas escolas públicas. Em vez disso, nós insistimos que os alunos tomem conhecimento da controvérsia sobre a evolução que está ocorrendo nos mais altos níveis da ciência dominante. Por exemplo, os alunos deveriam aprender sobre as questões como as levantadas pelo teórico evolucionista austríaco Gerd Müller na confereência da Royal Society de 2016 sobre “New Trends in Evolutionary Biology” [Novas tendências em biologia em biologia evolucionária] e mais recentemente em uma publicação científica da Royal Society. Ensinando mais sobre a evolução, mais objetivamente, é o oposto de bani-la ou de inserir o “criacionismo”.
Silva prefere uma abordagem mais dogmática. Ele salienta :
A comunidade científica global deve trabalhar a fim de garantir que somente a ciência seja ensinada nas salas de aulas de ciência… Em um mundo crescentemente interconectado, uma população cientificamente educada em qualquer país irá nos beneficiar a todos. Os cientistas devem se posicionar contra os recentes reveses da educação científica no Brasil e Turquia.
Por “ciência” ele evidentemente quer dizer o ensino que finge a inexistência de desafios legítimos [à teoria da evolução]. Não obstante, isso realmente não é ciência – em um ambiente escolar, isso e doutrinação. Entrementes, o “revés” brasileiro que ele se refere, é o lançamento de um novo instituto na Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo para apoiar pesquisas em Design Inteligente, e a cobertura jornalística em torno disso.
Obviamente, a educação científica beneficia a todos, e somente ciência cabe na instrução científica. Cientistas devem se posicionar contra a ação recente da Turquia. Mas o Brasil? Não condene cientistas como o Dr. Marcos Eberlin, membro da Academia Brasileira de Ciências, como tendo abraçado ideias não científicas se você discorda do Design Inteligente. Em vez disso, debata -as!
Isso não seria mais científico? Afinal de contas, o debate é uma expressão do livre inquirir – o epítome da ciência — contra a censura.
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* Uma busca no site do Department of Ecology and Evolutionary Biology da Universidade da Califórnia em Irvine por Heslley Machado Silva, não comprova sua associação com aquele departamento científico. Falsidade ideológica, Heslley???