Reinaldo José Lopes (Folha de São Paulo) "assombrado" pelo Design Inteligente, não é jornalista científico objetivo, mas mero panfletista ideológico.

segunda-feira, junho 05, 2017

“Assombrado” pelo Design Inteligente, um organizador comunica sobre o encontro da Royal Society


26 de maio de 2017, 2:25 AM


Escrevendo no periódico científico Trends in Ecology & Evolution, Kevin Laland comunica sobre o encontro em novembro de 2016 da Royal Society - “New Trends in Evolutionary Biology” [Novos rumos em biologia evolucionária] Laland, um dos organizadores da conferência, procura ter a última palavra, fazer um pouco de controle de danos, e colocar em segurança os céticos da evolução nos seus devidos lugares.

Como o pessoal do Evolution News noticiou na ocasião, a conferência foi significante pela luz que lançou sobre as deficiências na teoria darwinista e o quão distante os darwinistas tradicionalistas ou os mais progressistas defensores da Síntese Ampliada/Estendida estão de resolver esses problemas.

A nota de Laland não é mentirosa, mas procura adornar o evento em termos favoráveis para si e os demais organizadores. Os dois biólogos tradicionalistas que estiveram, e que que falaram, passaram todo o encontro repudiando a necessidade de qualquer síntese ampliada/estendida. Bem, Laland vem como se dissesse, “Bem, nós também nos importamos! Nós trazemos uma nova maneira de considerar as coisas que não é tão assim genecêntrica”.

Sem ler o artigo, nós poderíamos lhe dizer o que Laland deveria ter dito. Primeiro e acima de tudo, ele precisava retratar o evento como um evento bem-sucedido para o lado dele.

O encontro, antecipado com uma mistura de entusiasmo e temor febril, tinha se esgotado antecipadamente há meses, e a audiência ansiosa talvez esperando que os evolucionistas radicais tradicionais fossem se confrontar, em vez do diálogo construtivo entre os biólogos, cientistas sociais, e pesquisadores nas ciências humanas que as academias anunciaram.

Antes de prosseguir, para estabelecer seu relato de bona fides, tinha que haver um ataque desnecessário a nós, tão chamados “criacionistas”:

Todas as partes enfatizaram que a biologia evolucionária é uma área científica vigorosa e progressiva. Para desgosto dos criacionistas e alguns jornalistas esperando uma luta, não foram ouvidas chamadas para revolução. [Ênfase adicionada.]

Bem, de volta ao que interessa. Teria sido mais útil para Laland se ele pudesse retratar o encontro como litigioso, testemunhando um “cisma” com os tradicionalistas, mas ainda assim bem-vindo e produtivo para outros estudiosos:

A discussão assistiu a pouco consenso. Um  cisma separou aqueles que defenderam a síntese evolutiva ampliada/estendida como um apelo inocente para um pluralismo científico e aqueles que o descartaram como auto engrandecimento equivocado.

Agora para a parte sobre ser bem-vinda e produtiva:

Houve, todavia, um respeito não trivial no qual o encontro era tanto sintético e uma fonte de alguma agitação. Seu objetivo original, e na verdade principal — promover o diálogo entre as ciências biológicas e sociais — parece ter tido sucesso. Enquanto os biólogos evolucionários inflexíveis não se entusiasmaram às chamadas para ampliar a síntese, repetidamente os antropólogos biológicos, psicólogos, e arqueólogos presentes afirmaram que a hipótese de plasticidade primeiro e a construção de nicho são vitais para seu trabalho. Para esses cientistas sociais, os relatos padrões selecionistas genecêntricos fornecem explicações menos satisfatórias.

Chega de enrolação. Nós também estávamos lá — um bom contingente de proponentes do DI — embora nós não tivéssemos a oportunidade de falar. Qual foi a realidade?

Bem, desde o começo, os palestrantes deliberadamente evitaram discutir as falhas mais sérias no neodarwinismo. Na conferência, a Síntese Ampliada/Estendida foi rotulada como uma “adição” ou o melhoramento de uma fundação sólida do neodarwinismo em vez de uma substituição de qualquer aspecto fundamental da teoria. A questão se a mutação aleatória e a seleção natural podem construir novas características complexas foi minimizada, como foi no artigo de Laland.

A conferência foi concebida para minimizar a evidência de uma crise real no pensamento evolucionário. Bem como nós noticiamos, as rachaduras na fundação dificilmente podem continuar a ser escondidas:

A apresentação de abertura na conferência da Royal Society por um daqueles biólogos de renome mundial, o teórico evolucionário austríaco, Gerd Müller, ressaltou exatamente o ponto do [Stephen] Meyer. Müller abriu o encontro discutindo diversos “déficits explanatórios” fundamentais da “síntese moderna”, isto é, a teoria neodarwinista dos livros texto. (Paul Nelson, do Discovery Institute recontou os destaques de Müller nesse ponto, sobre o qual, em parte, nós baseamos o seguinte.) Segundo Müller, os problemas ainda não resolvidos incluem esses por explicar:

  • A complexidade fenotípica (a origem dos olhos, ouvidos, os planos corporais, i.e., as características anatômicas e estruturais das criaturas vivas);
  • A novidade fenotípica, i.e., a origem de novas formas através da história da vida (por exemplo, a radiação dos mamíferos há uns 66 milhões de anos atrás, na qual as principais ordens de mamíferos, tais como os cetáceos, morcegos, carnívoros, entram no registro fóssil, ou até mais dramaticamente, a explosão Cambriana, com a maioria dos planos corporais animais aparecendo mais ou menos sem ancestrais); e finalmente
  • Formas não graduais ou modos de transição, onde se vê descontinuidades abruptas no registro fóssil entre tipos diferentes.
Como Müller explicou em obra previamente publicada (com Stuart Newman), embora “o paradigma neodarwinista ainda represente o quadro explanatório da evolução, como representado por livros-texto recentes” ele “não tem teoria geradora.” Em outras palavras, falta ao mecanismo neodarwinista de mutação e seleção natural o poder criador de gerar as novas características anatômicas e formas de vida que surgiram durante a história da vida. Todavia, conforme Müller tinha notado, a teoria neodarwinista continua a ser apresentada ao público através de livros-texto como o entendimento canônico de como as novas formas vivas surgiram — refletindo precisamente a tensão entre o status percebido e atual da teoria que Meyer descreveu no livro Darwin’s Doubt.

Isso explode bem lá na narrativa de Laland. Existem falhas sérias e fundamentais no neodarwinismo. Elas não foram muito discutidas, mas Müller as expôs claramente. Algumas pessoas realmente veem a Síntese Ampliada/Estendida não como uma “adição” mas com uma substituição genuína, focalizada no propósito fundamental da teoria neodarwinista — explicar a origem da adaptação biológica complexa. O encontro da Royal Society procurou minimizar isso e deixou que apenas um palestrante abordasse os problemas, e mesmo assim não de modo direto.

Se os problemas existem, por que o encontro da Royal Society não lidou com eles diretamente? Controle de danos.

Se os problemas existem, por que Laland não lidou com eles diretamente em seu artigo? Novamente, controle de danos.

E qual propósito toda essa enrolação e ocultação artística servem? Kevin Laland mesmo nos disse. Quando ele escreveu na publicação alguns anos atrás:

Talvez assombrados pelo espectro dodesign inteligente, os biólogos evolucionistas querem mostrar uma frente unida àqueles hostis à ciência. Alguém pode temer que eles receberão menos apoio financeiro e reconhecimento se gente de fora — tais como fisiologistas ou biólogos do desenvolvimento — invadirem o seu campo.

(Kevin Laland, Tobias Uller, Marc Feldman, Kim Sterelny, Gerd B. Müller, Armin Moczek, Eva Jablonka, e John Odling-Smee, “Does evolutionary theory need a rethink? Yes, urgently,” Nature, Vol. 514:161-164 (October 9, 2014)

Os evolucionistas irão prosseguir assustados  pelo pensamento de design em biologia até que eles renunciem a auto censura e resolverem enfrentar seus temores, e a evidência científica, mais totalmente.

Photo: Royal Society, entrance, by Tom Morris (Own work) [CC BY-SA 3.0], via Wikimedia Commons.


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NOTA DESTE BLOGGER:

O título tem muito a ver contra o tipo de jornalismo científico rasteiro e ideológico praticado por Reinaldo José Lopes na Folha de São Paulo quando a questão é Darwin e o Design Inteligente. 


Por que seus leitores nunca foram informados dessas dificuldades fundamentais na teoria da evolução de Darwin através da seleção natural e n mecanismos evolucionário de A a Z (vai que um falhe...)? 

Por que não noticia eventos assim e faz uma análise dos escritos de seus participantes? Especialmente este aqui em que se observa o controle de danos feito por um dos organizadores para salvar a cara de Darwin? 

Seja homem, rapaz, corajoso e mais objetivo na prática do jornalismo científico!