O ouro de tolo

terça-feira, janeiro 27, 2015

MÍDIA & DARWINISMO

O ouro de tolo



Por Enézio E. de Almeida Filho em 27/01/2015 na edição 835

O artigo Transformando ignorância em sabedoria, de Felipe A. P. L. Costa, nesteObservatório da Imprensa (ver aqui), é um exemplo da mesmice e das já respondidas frágeis e pífias críticas dos darwinistas à teoria do design inteligente (TDI) – pseudociência, criacionismo disfarçado, e a tese da complexidade irredutível de sistemas biológicos de Behe já foi falsificada, e a louvação exagerada e infundada sobre a robustez epistêmica da teoria da evolução (TE) de Darwin através da seleção natural que nada mais é como o “ouro de tolo” das promessas falsas de alguns alquimistas da Idade Média.
Sem dúvida, a imprensa gosta de polêmicas e bate-bocas – pois aumentam a audiência e ajudam a vender, mas assuntos envolvendo o “criacionismo” (a população brasileira é quase toda criacionista e eles fazem algumas inferências científicas que podem ser falsificadas ou não – a origem do universo e da vida, o dilúvio global ou local, a origem do homem e dos animais, a origem da linguagem) e o “design inteligente” (existem sinais de inteligência na natureza que são empiricamente detectados, tanto que alguns cientistas brasileiros, um deles membro da Academia Brasileira de Ciências, defendem essa posição teórica) não é uma polêmica estéril por várias razões.
Destaco apenas três razões: a nomenklatura científica sabe – Darwin está nu epistemologicamente; há algo de podre na Akademia que censura, silencia, e demoniza seus críticos e oponentes; não querem o debate público e civil sobre a fragorosa falência da teoria de Darwin no contexto de justificação teórica – vem aí uma nova teoria geral da evolução: a Síntese Evolutiva Ampliada/Estendida – não será selecionista e deve incorporar aspectos neolamarckistas, mas será anunciada somente em 2020. Sendo que a ciência abomina o vácuo epistêmico, sob qual referencial teórico estão sendo feitas as pesquisas em biologia evolucionária? Costa deu as costas para tudo isso.
Costa está em descompasso com a verdade sobre o envolvimento da editoria de Ciência da Folha de S.Paulo – seria o melhor exemplo da grande mídia brasileira porque bate insistentemente na mesma tecla: noticiou o I Congresso Brasileiro de Design Inteligente, em Campinas (SP), 14-16 de novembro de 2014 –”Congresso reúne opositores da teoria da evolução; biólogos criticam ‘novo criacionismo’“, de Reinaldo Leite Lopes, 27/10/2014, e publicou o artigo “A caixa-preta do design inteligente“, do colunista Maurício Tuffani, de 21/12/2014. São dois bloggers colaboradores na área científica e, até onde sei, não fazem parte da editoria de Ciência da Folha. Teoria da conspiração, Costa?
Argumentos e contra-argumentos
Novamente Costa está em descompasso com a verdade da literatura científica especializada ao pontificar a inexistência da controvérsia científica entre o darwinismo e o Design Inteligente – leitura objetiva e desapaixonada mostra que essa controvérsia científica aparece em várias publicações e conferências científicas, e ocorre entre os cientistas a boca pequena, desde os anos 1990. São quase 25 anos, Costa! Esses artigos estão a um clique de distância... Google, boy, Google!
Contrariando o afirmado por Costa, nós estamos diante da maior controvérsia científica, e não é ladainha ideológica envolvendo fundamentalistas religiosos e gurus pós-modernos: do lado da TDI são pelo menos mais de 800 cientistas, muitos deles membros de Academia de Ciências, ateus, agnósticos, céticos e teístas – A Scientific Dissent from Darwinism.
As novidades nesse embate científico são, entre muitas – se a teoria da evolução de Darwin através da seleção natural e mecanismos evolucionários (de A a Z, vai que um falhe...) é capaz de explicar a diversidade e complexidade das coisas vivas e a sua história evolucionária? Qual é a origem da informação genética? O design é uma ilusão ou pode ser empiricamente detectado na natureza? Mutações aleatórias podem gerar a informação genética requerida para estruturas irredutivelmente complexas? O surgimento abrupto de espécies no registro fóssil (explosão cambriana) apoia ou detona a evolução lenta e gradual preconizada por Darwin? A biologia moderna produziu uma “Árvore da Vida”? A evolução convergente apoia o darwinismo ou destrói a lógica por detrás da ancestralidade comum? As diferenças entre os embriões de vertebrados apoiam ou contradizem as predições de ancestralidade comum? O neodarwinismo explica satisfatoriamente a distribuição biogeográfica de muitas espécies? O neodarwinismo fez predições exatas sobre os órgãos vestigiais e o DNA “lixo”? Por que os humanos mostram muitos comportamentos e capacidades cognitivas que, aparentemente, não oferecem nenhuma vantagem de sobrevivência? Esses argumentos e contra-argumentos não foram até hoje respondidos satisfatoriamente pelos darwinistas. Não são cientificamente importantes para o estabelecimento de uma teoria que se propõe explicar a origem das espécies???
Costa ficou amuado porque a Folha não noticiou um evento científico. Uma pergunta – a Universidade Federal de Viçosa, MG, comunicou à editoria de ciência da Folha sobre o II Simpósio Internacional de Ecologia e Evolução (II EcoEvol. Não? Então a Folha não podia noticiar o simpósio. A menos que agora a telepatia sobre realização de eventos seja um fenômeno científico. Pereça tal pensamento. Nenhum aparente desprezo, muito menos surto de provincianismo: foi culpa dos organizadores.
Costa suspeita que essas situações refletem o verdadeiro apetite da imprensa atual. Jus sperniandi sem fundamentação evidencial. Todavia, concordo parcialmente com ele sobre as matérias “polêmicas” serem publicadas porque provocam furor nos leitores, e produzem retorno econômico garantido, mas não as chamaria de falsamente polêmicas. Geralmente o lado que leva chumbo grosso nas polêmicas é o que vem cheio de mimimi...
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