A afirmação central da evolução ainda não foi observada
Tom Bethell 23 de março de 2013 5:19 AM | Permalink
Outro dia, Stephen Batzer comentou aqui sobre um grande artigo de Vincent Torley postado no blog Uncommon Descent (e que deve isso a David Berlinski), sobre a evolução do olho de vertebrados. Aqui eu irei ignorar o olho, e focalizar – sem intenção de trocadilho – em algo que Torley citou en passant. Ele nos lembra do que Jerry Coyne escreveu uma vez:
“Quando, após uma visita no Natal, nós assistimos a vovó partir de trem para Miami, nós supomos que o resto de sua viagem será uma extrapolação daquele primeiro quarto de milha. Um criacionista que não está disposto em extrapolar da micro para a macroevolução é tão irracional quanto um observador que supões que, assim que o tem da vovó desaparece lá na curva, é apanhado por forças divinas e transportado instantaneamente para a Flórida.” (Nature 412:587, 19 Agosto de 2001.)
Nós precisamos ser lembrados que o darwinismo depende de extrapolação. Segundo Ernst Mayr [1904-2005], o especialista em evolução de Harvard de muitos anos, a evolução entre as espécies “não é nada mais do que uma extrapolação e ampliação dos eventos que ocorrem dentro das populações e espécies”.
O comentário de Coyne revela que esta extrapolação ainda não foi demonstrada. Se tivesse, creia-me, nós nunca ouviríamos o fim dela. Ele não teria necessidade de colocar a vovó naquele trem imaginário.
Eis o pano de fundo: No Origem das espécies, Darwin discutiu o trabalho dos criadores de animais, criadores de pombos em particular. Os pombos podem variar na cor ou na postura, mas no fim do dia, como Darwin bem sabia, eles todos continuavam sendo pombos. Os cães variam grandemente de tamanho, mas eles continuam cães.
Darwin disse que as variedades eram “espécies incipientes” apostando assim sua afirmação até à crença de que elas estavam a caminho de se tornarem alguma outra coisa. Resumindo, ele estava extrapolando. Mas isso era filosofia, não era ciência. Ele não tinha evidência para a afirmação de que a extrapolação tinha realmente sido observada.
Desde então os evolucionistas têm aceito que ela foi observada. Mas a citação de Coyne nos lembra que ela não foi observada. A vovó continua viajando para Miami, ele nos garante, e é preciso um “criacionista” para levantar dúvidas a respeito disso.
Darwin escreveu no seu Essay de 1844 (uma versão preliminar do Origem das espécies): “Que existe um limite para a variação na natureza é assumido pela maioria dos autores, embora eu seja incapaz de descobrir um só fato no qual esta crença é fundamentada...”
Bem, eu lamento, Charles, mas cabe a você demonstrar que a variação ilimitada tem sido observada. Não é bom reclamar que “a maioria dos autores” não nos diz porque não tem sido assim. Quase 170 anos depois, isso ainda não tem sido demonstrado.
No Origem das espécies, Darwin escreveu que “pela repetição deste processo [de microevolução] uma nova variedade pode ser formada que iria ou suplantar ou coexistir com a forma parental”.
Sim, pode ser. Mas nós ainda não sabemos.
Alfred Russel Wallace, o codescobridor da seleção natural, escreveu em 1858 que a sua teoria podia ser resumida como um “afastamento indefinido do tipo original”. “Afastamento indefinido” é de fato a afirmação central da teoria da evolução através da seleção natural. Mas isso ainda não foi observado.
Richard Dawkins, Jerry Coyne e outros ficam tentando nos intimidar que aceitemos que seja um “fato”. OK. Talvez seja. Então nos dêem a evidência. Nós temos que ler cuidadosamente os livros deles para concluirmos quão insuficiente isso é. Eles ainda não nos demonstraram aquela extrapolação. A um nível surpreendente, os livros deles estão cheios de argumentos tendenciosos contra o design, e não de evidência positiva da evolução como um fato demonstrado.
No livro Darwinism: The Refutation of a Myth (1987), Soren Lovtrup escreveu: “Nem na natureza, tampouco sob condições experimentais quaisquer efeitos substanciais foram obtidos através da acumulação sistemática de micromutações”.
No seu último livro, What Evolution Is (2001), Ernst Mayr foi evasivo sobre a questão de se a extrapolação tinha sido observada. Ele persistentemente obscurece nossa visão pelas suas referências ao “pensamento populacional”.
Isso é outro jeito de assegurar que a microevolução é uma realidade. Ninguém duvida disso. E a partir dessa premissa ele nos leva supor que a variação observada é contínua – por todo o caminho até Miami.
Quanto à metáfora de Coyne sobre a viagem de trem da vovó, várias pessoas fizeram comentários críticos respondendo ao artigo de Torley. Eis aqui apenas um:
“Realmente é difícil saber se a vovó chegará a Miami quando ela está assentando os trilhos, dirigida aleatoriamente, um trilho de cada vez, à medida em que ela avança.”
Boa observação. Quando você está se apoiando na variação aleatória, a linha de trem que Coyne pressupõe nem exista. E se tais trilhos paralelos pudessem ser criados, e assentados, eles podem levar a algum lugar. Ou a lugar nenhum.