Desde 1998 este blogger vem abordando as insuficiências epistêmicas da atual teoria da evolução — a Síntese Moderna — com autores de livros-texto de Biologia do ensino médio, com editorias de ciência da Grande Mídia Tupiniquim, apelidada aqui carinhosamente de GMT, com professores e cientistas de universidades públicas e privadas, sobre as insuficiências epistêmicas da atual teoria da evolução — a Síntese Moderna.
O professor Aldo Mellender de Araújo, da UFRGS, diante de um pôster que apresentei na USP em 2006, intitulado “Uma iminente mudança paradigmática em Biologia evolutiva?”, me perguntou: “Tu tens uma nova teoria para pôr no lugar?” Respondi: “Eu sou apenas um historiador de ciência em formação. Quem tem de elaborar uma nova teoria evolutiva são vocês biólogos.” E, mesmo não sendo vidente, mas ligado com a literatura especializada, faz é tempo que anuncio uma iminente e eminente mudança paradigmática em biologia evolutiva: Darwin 3.0 não será uma teoria evolutiva selecionista. Kaput, seleção natural... E agora, José, ooops, Darwin???
Eu fui evolucionista de carteirinha conforme meu perfil neste blog. O meu ceticismo em relação à evolução [processos macroevolutivos, uma espécie se transformando noutra ao longo do tempo através de mecanismos evolutivos tipo seleção natural ou XYZ, ou todo o ABC] não se deu através de relatos de criação de concepções religiosas. Foi a leitura objetiva de pesquisas e artigos em publicações científicas que me fizeram dizer adeus a Darwin em 1998 sem medo de ser epistemologicamente feliz.
A teoria da evolução é uma teoria de longo alcance histórico cheia de dificuldades insuperáveis no contexto de justificação teórica. Quando uma teoria não mais responde às anomalias, é preciso revisá-la onde precisa ser reparada ou simplesmente descartá-la. Como em ciência não se opera no vácuo epistemológico, eu predisse neste blog que uma nova teoria da evolução estava sendo elaborada pela Academia. Os meninos e meninas da galera de Darwin fizeram de mim objeto de escárnio e repúdio no ciberespaço, mas este blogger está sendo vindicado.
O que deve ser revisado, acrescentado ou descartado na nova versão Darwin 3.0 da teoria da evolução? Ela já tem até nome — Síntese Evolutiva Ampliada. Para ganhar uma idéia disso, leia a seguir o artigo do meu amigo David Tyler:
Quanto da teoria evolucionária precisa de conserto?
25/07/08
por David Tyler 08:32:16 am
Em 2005, Massimo Pigliucci, numa resenha de livro para a revista Nature, escreveu: "O clamor de se revisar o neodarwinismo está ficando tão alto que, esperançosamente, a maioria dos biólogos evolucionistas em atividade começará a prestar atenção. Tem sido afirmado que a ciência freqüentemente progride não porque as pessoas mudam suas mentes, mas porque as pessoas mais velhas morrem, e a nova geração é mais aberta a idéias novas." Este clamor não tem diminuído em anos sucessivos, e uma evidência recente disto foi um encontro privado em Altenberg, Áustria, de 10 a13 de julho de 2008. Este evento foi publicado em março por Susan Mazur, e os comentários recentes dela estão aqui.
O que está além da Síntese Moderna?
Contudo, este blog é para chamar atenção de um artigo na revista Science por Elizabeth Pennisi. De acordo com Pigliucci, a atenção criada pela crônica de Mazur "francamente me causou embaraço". As razões para isso não são totalmente claras, porque não dúvida de que o encontro de Altenberg foi planejado para abordar os problemas de uma teoria em declínio. Avanços científicos têm revelado pontos fracos na síntese neodarwinista, e é tempo de mudança.
Mais do que genes passar adiante informação de uma geração para a próxima, por exemplo, e o desenvolvimento parece ajudar a modelar o curso da evolução. "Muitas coisas precisam ser consertadas," enfatiza uma palestrante convidada, Eva Jablonka da Universidade de Tel Aviv em Israel. "Eu acho que uma nova síntese evolutiva há muito se faz necessária."
Grandes avanços têm sido feitos em biologia do desenvolvimento, mas esses avanços reforçam a idéia que o "desenvolvimento refreia a evolução". Os neodarwinistas não acolhem bem esta idéia porque eles têm promovido o conceito do cenário adaptivo, onde há uma plasticidade inata e onde todas as barreiras para a transformação podem, em princípio, serem vencidas. As discussões sobre os limites da variação são estranhas ao modo de pensar deles. Todavia, uma vez que se reconhece que a estase é tão importante para se considerar quanto a variação, e que a estase pode ser um fenômeno desenvolvimentista (não apenas governado pelo meio-ambiente), então há questões científicas importantes para se considerar sobre os limites da variação.
Até agora, os neodarwinistas têm tratado tais questões como uma intromissão da ideologia religiosa dentro da ciência. As perspectivas contrastantes são explicadas assim por Pennisi:
Da perspectiva da síntese moderna, Wagner explica, “o plano corporal é um resíduo histórico do tempo evolutivo, o crepúsculo do processo evolutivo” de tal modo que os organismos mais proximamente relacionados partilham das mesmas características. O ponto de vista alternativo, ele diz, é que “os planos corporais têm inércia interna”, e a evolução opera em torno desta estabilidade.
Outra área importante de interesse diz respeito à “regulação”: esta é a nova palavra de ordem em círculos de biologia; “mesmo assim, é outro conceito virtualmente ignorado na síntese moderna”. Isto é importante porque os mecanismos do neodarwinismo têm sido reconhecidos pelo grupo de Altenberg como sendo bem ineficiente. Isto se segue de pesquisa empírica sobre o que verdadeiramente estes mecanismos conseguem realizar.
Resumindo: “Novas características contêm muito pouco do que é novo no modo dos componentes funcionais, enquanto que a mudança reguladora é crucial,” Kirschner e John Gerhart da Universidade da Califórnia, Berkeley, escreveram num suplemento da edição de 15 de maio de 2007 dos Proceedings of the National Academy of Sciences. (Para minha postagem sobre este artigo, clique aqui.
Outra lacuna ainda maior no pensamento neodarwinista é a epigenética. Os fatores ambientais podem influenciar a maneira como que os genes são ativados e desativados, e isso cria um “aumento estonteante na complexidade de todo o sistema hereditário”. Embora isso não seja mencionado por Pennissi, a epigenética é de interesse para os cientistas do DI porque as questões de complexidade têm estimulado as inferências sobre design.
Certas condições ambientais tais como dieta durante a gestação podem alterar os padrões epigenéticos da descendência resultante, e as novas características que resultam podem durar por gerações, disse Jablonka, que tem se esforçado há anos para ganhar o reconhecimento deste modo de herança. [...] “Está começando a ser aceito que [a epigenética] pode na verdade ter algo a contribuir para a evolução”, disse Jablonka. Ela argumenta que porque estas modificações químicas mudam quão bem enrolado é o DNA, elas podem também influenciar outras propriedades de um genoma que são relevantes para a evolução. O espiralar de um filamento de DNA, ela destaca, pode alterar a taxa de mutação, o meio fácil pelo qual os elementos móveis podem se mover, a duplicação dos genes, e até o quanto de troca de gene pode ocorrer entre os cromossomos combinantes.
Com todo este entusiasmo, é difícil evitar ser visto como um chato estraga-prazer se você for um cético. Contudo, Jerry Coyne se vê obrigado [ser um estraga-prazer]: “É uma piada”, disse Jerry Coyne da Universidade de Chicago em Illinois. “Eu não acho que haja algo que precise ser consertado.”
Estas discussões são interessantes para os cientistas do DI, não somente porque elas estão abordando questões são do interesse direto para o desenvolvimento do pensamento de DI. Nós não temos que presumir ancestral comum, e nós mesmo assim descobrimos que a variação é dentro de limites. Nós podemos descobrir que os aspectos reguladores da genética são evidências fortes de design. Nós podemos descobrir que a epigenética aponta para novos níveis de complexidade primorosa que revelam as marcas de design. Nós não presumimos os resultados, então para nós é uma exploração genuína. Por contraste, a abordagem secularizada da ciência deve traçar tudo remontando a um ancestral comum universal e deve explicar o design na natureza totalmente por referência a causas naturais.
Modernizing the Modern Synthesis
Elizabeth Pennisi
Science 321, 11 July 2008: 196-197 | DOI: 10.1126/science.321.5886.196
Seventy years ago, evolutionary biologists hammered out the modern synthesis to bring Darwin's ideas in line with current insights into how organisms change through time. Some say it's time for Modern Synthesis 2.0. [Eu carinhosamente chamo esta mudança teórica de Darwin 3.0].
Vide também:
Pigliucci1, M. Expanding evolution, Nature 435, 565-566 (2 June 2005)
Mazur, S. Altenberg! The Woodstock of Evolution (Scoop! 4 March 2008)
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NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:
Grande Mídia Tupiniquim, Claudio Ângelo (da Folha de São Paulo), como então não existe crise na teoria da evolução? Por que esses fatos fundamentais comprometedores para a Síntese Moderna é subtraído na abordagem da evolução em nossos melhores livros-texto de Biologia e do grande público? E em certos blogs como o Visões da Vida do jovem jornalista Reinaldo José Lopes???
Em 1980, Stephen Jay Gould afirmou que o neodarwinismo tinha morrido fazia tempo, mas era considerado como ortodoxia somente nos livros didáticos. São quase 30 anos deixando os alunos nas trevas acadêmicas sobre uma das teorias científicas mais importante. Tudo isso com o conhecimento e aval da SBPC, do MEC/SEMTEC/PNLEM.
E ainda dizem que os cientistas são pessoas objetivas e refratárias a ideologias, mas o que parece estar por detrás disso é o naturalismo filosófico mascarado de ciência. O nome disso é fraude acadêmica! E que os jornalistas científicos praticam jornalismo objetivo e investigativo. O nome disso é jornalismo científico chinfrim! Nada mais falso do que uma nota de R$ 3,00. Nada mais falso do que a honestidade da mulher de César.
Fui, indignado diante de tantas trevas epistêmicas pós-modernas onde os cientistas não perseguem mais a verdade aonde ela for dar, mas somente o que convém a um grupo detentor do poder ideológico na Akademia.
Não sei por que, mas me lembrei da Novilíngua do livro “1984” de Orwell...