Simpósio "História, Filosofia e Ensino de Evolução" ao vivo pela Internet

quinta-feira, julho 31, 2008

JC e-mail 3565, de 30 de Julho de 2008.

24. Simpósio "História, Filosofia e Ensino de Evolução" será transmitido ao vivo, pela Internet

Evento, que acontece nesta sexta-feira, 1º de agosto, faz parte dos eventos comemorativos dos anos Darwin 2008-2009 na Bahia

A programação inclui as seguintes apresentações:

Manhã

- “Charles Darwin e Alfred Russel Wallace na América do Sul: Biogeografia e as origens da teoria da evolução”, com Peter Bowler (Queen's University, Belfast, Irlanda do Norte)

- “Evolucionismo e racismo científico na Bahia e no Brasil durante a segunda metade do século XIX”, com Juanma Sánchez Arteaga (Universidade Federal da Bahia, Brasil)

Tarde

- “Ciência e Evolucionismo”, com José Mariano Amabis (Universidade de São Paulo, Brasil)

- “O que dizem os fósseis aos jovens que vivem em jazigos fossilíferos? Resultados de uma pesquisa em jazigos fossilíferos no Brasil e na Itália”, com Nélio Bizzo (Universidade de São Paulo, Brasil)

- “Evolução como parte do conhecimento escolar: Situação atual e perspectivas”, com Claudia Sepúlveda (Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil)

Haverá tradução simultânea da palestra em língua inglesa.

O evento é promovido pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), e pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), através dos Programas de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA-Uefs) e em Ecologia e Biomonitoramento (UFBA).

O simpósio realiza-se no Instituto Anísio Teixeira, IAT, na Estrada da Muriçoca, s/n - Paralela, Salvador-BA. O evento é gratuito, mas é necessário confirmar inscrição pelo e-mail darwin.na.bahia@gmail.com.

Somente o turno da tarde será exibido ao vivo. A transmissão poderá ser acompanhada pelo endereço.

Palestra sobre genomas e evolução

Genomas e evolução

31/7/2008

Agência FAPESP – Michael Lynch, da Universidade de Indiana, Estados Unidos, será o convidado para a última palestra da programação cultural da exposição Revolução Genômica. Com o tema arquitetura do genoma, o professor norte-americano falará no dia 4 de agosto.

A palestra terá como base o mais recente livro de Lynch, The Origins of Genome Architecture, ainda sem tradução em português. No livro, publicado em 2007, o pesquisador destaca como o seqüenciamento dos mais variados organismos transformou os estudos da evolução e permite entender como surgiu a diversidade arquitetônica dos genes e do material genético.

A palestra será realizada no auditório do Centro de Estudos do Genoma Humano, rua do Matão, travessa 13, nº 106, Cidade Universitária, São Paulo. É necessário fazer a inscrição pelo site, pois o número de lugares é limitado.

A programação cultural da mostra Revolução Genômica está a cargo da revista Pesquisa FAPESP. A cobertura completa das palestras pode ser acompanhada no site da revista.


Um simples cálculo sobre a origem de novos genes funcionais: como é que fica a evolução humana???

terça-feira, julho 29, 2008

27 de julho de 2008

Um simples cálculo sobre a origem de genes

PaV

Na revista Nature Genetics deste mês, há um artigo por Zhou, et. al., lidando com a geração de novos genes na Drosophila melanogaster— a mosca das frutas. Embora tendo acesso somente ao abstract, apesar disso eu fiquei pasmo por uma de suas descobertas: a taxa de geração de novo gene funcional. Conforme a descoberta número 6 no abstract, os autores escrevem: “a taxa da origem de novos genes funcionais é calculada como sendo de 5 a 11 genes por milhões de anos no sub-grupo D. melanogaster.”

Destacando que a Drosophila melanogaster tem 14.000 genes (um número de genes muito baixo), o cálculo simplesmente é este: 14.000 genes/8 novos genes funcionais por milhões de anos = 1.75 bilhões de anos para a formação do genoma da mosca de frutas.

Isto, é claro, pressupõe que de algum modo a mosca está “viva e reproduzindo” durante os 1.75 bilhões de anos — isto, sem a ajuda de um genoma completo. Se nós aplicarmos isto para a diferença entre o macacos e os humanos que, IIRC, é cerca de 1000 genes, então usando esta mesma taxa, levaria 200 milhões de anos para o ser humano ter evoluído do macaco. Esta taxa publicada para a geração de novo gene funcional não pode ser boa notícia para os darwinistas.

Link para o abstract.

On the origin of new genes in Drosophila

Qi Zhou, Guo-jie Zhang, Yue Zhang, Shi-yu Xu, Ruo-ping Zhao, Zubing Zhan, Xin Li, Yun Ding, Shuang Yang, and Wen Wang1

Kunming Institute of Zoology, Chinese Academy of Sciences

Several mechanisms have been proposed to account for the origination of new genes. Despite extensive case studies, the general principles governing this fundamental process are still unclear at the whole genome level. Here we unveil genome-wide patterns for the mutational mechanisms leading to new genes, and their subsequent lineage-specific evolution at different time nodes in the D. melanogaster species subgroup. We find that, 1) tandem gene duplication has generated about 80% of the nascent duplicates that are limited to single species (D. melanogaster or D. yakuba); 2) the most abundant new genes shared by multiple species (44.1%) are dispersed duplicates, and are more likely to be retained and be functional; 3) de novo gene origination from non-coding sequences plays an unexpectedly important role during the origin of new genes, and is responsible for 11.9% of the new genes; 4) retroposition is also an important mechanism, and had generated approximately 10% new genes; 5) about 30% of the new genes in the D. melanogaster species complex recruited various genomic sequences and formed chimeric gene structures, suggesting structure innovation as an important way to help fixation of new genes; and 6) the rate of the origin of new functional genes is estimated to be 5 to 11 genes per million years in the D. melanogaster subgroup. Finally, we survey gene frequencies among 19 strains from all over the world for D. melanogaster-specific new genes, and reveal that 44.4% of them show copy number polymorphisms within population. In conclusion, we provide a panoramic picture for origin of new genes in Drosophila species.

Correspondence: 1 E-mail: wwang@mail.kiz.ac.cn

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Nota do blogger: Professores, pesquisadores e alunos de universidades públicas e privadas podem ler o artigo gratuitamente no site da CAPES

Se Lyell está sendo questionado, e Darwin se inspirou nele, então...

sábado, julho 26, 2008

Para ler esta resenha da Nature é preciso ser assinante, ou pagar para ler, mas se você for professor, pesquisador, aluno de graduação e pós-graduação de universidades públicas e privadas pode ler gratuitamente através do site da CAPES Periódicos.

Darwin reconheceu no Origin of Species a grande contribuição que Lyell deu para suas idéias, e que até o seu livro poderia ter sido escrito por ele. No livro Worlds Before Adam: The Reconstruction of Geohistory in the Age of Reform, Martin J. S. Rudwick questiona as idéias de Lyell sobre geologia. Ora, se a contribuição de Lyell para a geologia está sendo questionada, e vez que Darwin se inspirou nele para dar uma base diferente para a biologia, atenção historiadores e filósofos da ciência, QED — Darwin também está sendo questionado.

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Books and Arts
Nature 454, 406-407 (24 July 2008) | doi:10.1038/454406b; Published online 23 July 2008
Geological history turned upside down

Victor R. Baker

BOOK REVIEWED-Worlds Before Adam: The Reconstruction of Geohistory in the Age of Reform

by Martin J. S. Rudwick

University of Chicago Press: 2008. 614 pp. $49.00

Geologists study Earth by applying principles borrowed from more fundamental sciences. Yet geology also has its own set of attitudes that have accrued during the discipline's long history. The nature of geological inquiry, involving a synthesis of historical and philosophical reasoning, lies at the heart of Martin Rudwick's fine new book.

Worlds Before Adam shows that the emergence of modern geology was comparable in its cultural impact with that of relativity or Darwinian evolution. Rudwick, an influential historian of Earth science, emphasizes geology's historical and causal approaches to understanding, complementing his magisterial book Bursting the Limits of Time (University of Chicago Press, 2005). This earlier work covered the period between 1787 and 1822, when French savant Georges Cuvier and his fellow continental geologists gave meaning to signs of the past, such as fossils and strata, in the same way as historians and archaeologists use monuments and archives to map human history. Worlds Before Adam looks at how the ideas generated by Cuvier and others came together with more theoretical concepts between 1820 and 1845.

Rudwick's books are myth-busters, of which writers of introductory geology texts and popularizations should take note. In both volumes he counters the Anglocentric view that James Hutton, William Smith and Charles Lyell were the founders of modern geology who shone their British intellectual light onto the darkness of continental musings. To a large degree, he argues, the reverse was the case.

Controversially, Rudwick challenges the view that geology's development is a story of secular progress. He shows that the founders of geology were almost all men of faith. Yet they often engaged in fierce debates with pseudo-scientists who ascribed absolute authority to readings of the Bible. Theologians have discredited such views for centuries, but they still persist, with geologists continuing to refute them.

If contemporary lists of the greatest scientists feature a geologist at all, it is usually Lyell, a central figure in Worlds Before Adam. Lyell intended the title of his great multi-volume opus Principles of Geology (first published in 1830–1833) to recall Isaac Newton's Principia. He sought to recast geology on firm foundations, just as Newton had done for physics. Following his geologist contemporaries and predecessors, Lyell used the understanding of present-day causes to interpret the deep past — a principle termed actualism. Rudwick explains that Lyell's excellent descriptions of current geological processes, embellished with observations from his own geological excursions, derived from an original listing by the eighteenth-century German scholar Karl Ernst Adolf von Hoff. Lyell greatly extended the actualistic method by making pronouncements about how the complex geological processes of the past occurred through the progressive action of small-scale procedures that were still in operation, and by prescribing how geologists should reason about these past processes.

Rudwick shows that Lyell's ideas met with almost universal criticism. This was not caused by his advocacy of actualism, which was widely used, nor was any serious denunciation forthcoming from the biblical literalists, who were considered anti-scientific by Lyell and by his critics. Instead, the geological facts themselves seemed contrary to Lyell's vision of uniform action by small-scale processes operating over a long time. Examples include evidence for sudden mass extinctions from records in various 'bone caves', the existence of huge blocks sitting erratically out of geological place in the Alps and northern Europe, and deep U-shaped valleys containing streams too small to account for their excavation. Lyell's critics held that one should inquire into nature through evidence, rather than through privileged reasoning.

The great Cambridge polymath William Whewell named the two sides in the debate. Lyell's advocates he labelled 'uniformitarians'; their opponents he called 'catastrophists'. It is an irony of subsequent developments in geology, and a testimony to the success of Lyell's advocacy, that catastrophism came to be regarded as unconventional. This perverted Whewell's original intention, which was to show that the uniformitarians and Lyell were extreme in thinking that geologists should say in advance how nature works, through slow and uniform processes, before interpreting the evidence.

Worlds Before Adam concludes with the development of glacial theory, popularized in the nineteenth century by Cuvier's disciple Louis Agassiz, perhaps the greatest of the catastrophists. Agassiz's theory of the great spread of ice sheets during relatively recent geological time gained rapid acceptance among catastrophists because it accounted for many anomalous features originally ascribed to huge floods or tsunamis. However, Lyell resisted, remaining true to his epistemological project.

As we enter an era of global crises about water, energy and the environment, and as we seek to understand the development of our species among others in one corner of the Universe, geologists' perspectives give a means for both understanding and coping. In showing how these perspectives arose, Rudwick highlights an underappreciated, glorious advance in human thought, the documentation of which is a rather glorious achievement in itself.

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Aprendendo ciência de modo diferente

CD Nossos Bichos – Mamíferos do Pantanal

Este CD foi concebido para ser usado por professores do ensino fundamental como uma ferramenta didática. O objetivo é despertar o interesse das crianças à fauna pantaneira. O CD, que pode ser baixado aqui, traz duas palestras interativas disfarçadas de jogos. De uma forma geral, os alunos deverão associar características como sons, pegadas e dieta aos respectivos animais. Enquanto se divertem, os alunos têm a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre a biologia e a conservação das espécies. O CD contém ainda um arquivo com informações adicionais de cada animal citado. Este arquivo pode servir de apoio para os professores e indica bibliografia adicional para aquele que desejar se aprofundar no conteúdo. Publicado em 2007. Clique aqui e preencha o formulário para solicitar o CD.

Sem considerar as insuficiências epistêmicas do darwinismo não existe verdadeira educação em Biologia

quinta-feira, julho 24, 2008

Charbel, meu bom amigo, louvável esta sua iniciativa, mas conforme já conversamos em conferências passadas, se as insuficiências epistêmicas do darwinismo e a elaboração da nova teoria da evolução, a Síntese Evolutiva Ampliada, que não será selecionista, não for informada aos alunos, isso não é educação, mas doutrinação.

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JC e-mail 3560, de 23 de Julho de 2008.

22. Professores e estudantes debatem sobre a importância do ensino da Evolução nas escolas
Para discutir a importância do ensino da teoria da evolução nas escolas, professores dos ensinos básico e superior, além de estudantes, participarão, no próximo dia 1º de agosto, do simpósio “História, Filosofia e Ensino da Evolução”, que acontece a partir das 9h na sede do IAT – Instituto Anísio Teixeira

O simpósio faz parte dos eventos que integram os Anos Darwin na Bahia, que começaram em 2008 – quando são comemorados os 150 anos da publicação da teoria da seleção natural – e se estendem até 2009, ano em que são lembrados os 200 anos de nascimento do naturalista inglês.

Para o coordenador dos eventos comemorativos, o pesquisador e professor do Instituto de Biologia da UFBA Charbel Niño El-Hani, “quando os professores conseguem ensinar a evolução no 3º ano do ensino médio, os alunos já estão às vésperas do vestibular.

Dessa maneira, o pensamento evolutivo não cumpre o papel que deveria ter na compreensão da biologia, ou seja, de um dos eixos organizadores do pensamento sobre esta ciência”. Ainda segundo El-Hani, “foi o pensamento evolutivo construído por naturalistas dos séculos XVIII e XIX, culminando com o estabelecimento do Darwinismo, que constituiu a biologia como conhecemos hoje”.

Palestrantes internacionais – A primeira palestra do simpósio ficará a cargo de Peter Bowler, pesquisador da Queen’s University, de Belfast (Irlanda do Norte), referência na área de história da biologia. Ao longo de sua carreira, Bowler tem investigado o desenvolvimento e as implicações do Darwinismo, a história das ciências ambientais e as relações entre ciência e religião, em particular no século XX.

Outro pesquisador estrangeiro que fará palestra no próximo dia 1º de agosto é o espanhol, historiador da ciência, Juanma Arteaga, que falará sobre “Evolucionismo e racismo científico na Bahia e no Brasil durante a segunda metade do século XIX”.

Entre os palestrantes do simpósio ainda figuram o renomado geneticista José Mariano Amabis, e um dos principais pesquisadores brasileiros nas áreas de ensino de biologia e história da biologia, Nélio Bizzo, ambos da USP, que falarão, respectivamente, sobre “Ciência e Evolucionismo” e “O que dizem os fósseis aos jovens que vivem em jazigos fossilíferos? Resultados de uma pesquisa em jazigos fossilíferos no Brasil e na Itália”.

Para encerrar o evento, está programada a palestra de Claudia Sepúlveda, da UEFS, pesquisadora da área de ensino de evolução, que tratará do tema “Evolução como parte do conhecimento escolar: Situação atual e perspectivas”.

A programação completa do simpósio “História, Filosofia e Ensino da Evolução” está disponível no portal da Fapesb e no blog comemorativo dos Anos Darwin.

O Instituto Anísio Teixeira fica na Estrada da Muriçoca, s/n – Paralela.
(Com informações da Assessoria de Comunicação da Fapesb)

O criador da ovelha Dolly se afasta das células-tronco embrionárias e da clonagem humana

quarta-feira, julho 23, 2008

Ian Wilmut, o criador de Dolly se afasta da clonagem humana e da pesquisa com células-tronco embrionárias. Ele está indo na contra-mão de Mayana Zatz, USP, e dos demais cientistas e pesquisadores brasileiros que politicamente se empenharam pela aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias. Quem disse que a ciência não é política???

Embora Ian Wilmut tenha se afastado dessa linha de pesquisa científica, eu não acredito que isso seja um ponto final nas pesquisas de clonagem humana. O Admirável Mundo Novo de Huxley já se instalou entre nós há muito tempo.

Leia mais aqui. Sorry periferia, mas está em inglês este artigo da Sally Lehrman, publicado na Scientific American.

Como celebrar Darwin de modo mais do que adequado

Já está ficando mais do que nauseabundas as homenagens a Darwin, o homem que teve a idéia mais brilhante do que toda a humanidade, não somente no Brasil, mas no mundo inteiro. A Grande Mídia internacional e tupiniquim estão atreladas ao Livro Verde da Nomenkatura científica e nada publica que diminua o status de Theoria perennis do darwinismo, quando o mesmo será devidamente revisado e descartado no seu cerne teórico mais fundamental: a seleção natural.

Nos dias 3 e 4 de julho de 2008 a Linnean Society apresentou a conferência "The Driving Forces of Evolution: from Darwin to the modern age" [As forças dirigentes da evolução: de Darwin até a idade moderna]. Várias palestras foram apresentadas sobre mecanismos não-darwinianos responsáveis pela complexidade e diversidade da vida.

Por que a Folha de São Paulo, a Galileu, a Superinteressante, a VEJA, não publicam coisas assim? Por que um blogger com recursos limitados aborda questões que a GMT não aborda???PDF gratuito aqui.

Darwin cum granum salis

segunda-feira, julho 21, 2008

O Diogo Meyer bem que poderia ter se concentrado mais nas contestações fundamentais da Teoria da Evolução por meio da Seleção Natural de Darwin no atual contexto de justificação teórica. Darwin passaria no teste?

Leia o artigo de Meyer sobre Darwin e sua teoria da evolução cum granum salis. Por que ele não abordou sobre a nova teoria da evolução que está sendo elaborada? Síntese Moderna Ampliada, uma teoria evolutiva não selecionista.

Afinal de contas, Darwin mesmo escreveu que as suas conclusões eram passíveis de outras interpretações, e que os argumentos a favor e contra deveriam ser considerados. Está lá no Origin of Species...

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JC e-mail 3558, de 21 de Julho de 2008.

9. Darwin: 150 anos depois, comprovações e contestações feitas à Teoria da Evolução
"Na época, a academia não deu muita bola. Não acharam que tinha um impacto muito relevante. Foi a publicação do livro de Darwin 'A origem das espécies', com sua teoria completa, em novembro de 1859, que teve um impacto profundo sobre o pensamento evolutivo", diz professor da USP

Daniela Amorim escreve para o "JC e-mail":

Em meio às comemorações pelo 150º aniversário de publicação da teoria da evolução, de Darwin e Wallace, a 60ª Reunião Anual da SBPC recebeu Diogo Meyer, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, com a missão de apresentar os caminhos abertos na Ciência por Charles Darwin e os rumos que as pesquisas científicas tomaram desde então.

Charles Darwin nasceu em fevereiro de 1809 e já na década de 40 escrevia cartas aos amigos com as primeiras conclusões de sua teoria da evolução. Em 1958, publicou oficialmente seus achados pela primeira vez, em parceria com Alfred Russel Wallace.

"Na época, a academia não deu muita bola. Não acharam que tinha um impacto muito relevante. Foi a publicação do livro de Darwin 'A origem das espécies', com sua teoria completa, em novembro de 1859, que teve um impacto profundo sobre o pensamento evolutivo", disse Diogo Meyer.

Segundo o pesquisador, alguns legados de Darwin estão vivos e fortes, como o princípio da seleção natural, o uso da árvore como metáfora, a descendência com modificações e a distribuição geográfica. Mas há idéias da teoria desafiadas pela Ciência de hoje.

"As pesquisas atuais desafiam a generalidade da seleção natural, além da universalidade da árvore como metáfora. No caso de trabalhos com bactérias, talvez o melhor caminho seja a idéia de uma rede. Também há contestações sobre a visão de que as mudanças são quase sempre casuais. Alguns fósseis encontrados sugerem que algumas mudanças possam ter sido súbitas", contou o pesquisador.

No debate sobre a existência de uma rede, e não de uma árvore evolutiva, pesquisadores usaram o seqüenciamento genético para detectar similaridades entre espécies distintas.

"A metáfora da árvore continua aceita, mas não para todos os domínios da vida. Tem genoma de ameba que aparece com um pedaço de genoma de bactéria. Há bactérias que compartilham pedaços de genoma, o que sugere algum cruzamento em algum momento", explicou Meyer.

As pesquisas genéticas não servem apenas para contestar, mas também para corroborar partes da teoria da evolução. Algumas comprovam a teoria da distribuição geográfica estudando os genes de animais.

"A biogeografia aliada à genética é uma área vibrante na genética atual. Pesquisas genéticas sobre o parentesco entre espécies espalhadas por uma região geográfica comprovam a origem em comum. Resta aos pesquisadores montar um quebra-cabeça para descobrir como ocorreu a distribuição", afirmou o professor da USP.

"Darwin não sabia sobre o movimento das placas tectônicas e por causa desse movimento algumas famílias estão espalhadas pelo mundo todo. Os marsupiais, por exemplo, ocorrem na América e na Austrália. Escavações já detectaram fósseis de marsupiais na Antártica, sugerindo que, durante a Pangéia, eles teriam passado da América à Austrália, sobrevivendo mesmo depois da separação dos continentes".

Diogo Meyer disse que, graças aos recursos disponíveis hoje, a origem da variação genética é bem compreendida. Mas ainda há muito no que se aprofundar.

"Há muitos estudos sobre os processos que restringem o papel da seleção natural: correlações, desenvolvimento, pleiotropia, epistania. É difícil selecionar um gene com muitas funções e isolar uma dessas funções. Podemos manipular um gene que aumente o crânio e permita o cérebro crescer. Mas esse crânio maior atrapalharia o nascimento do indivíduo na hora do parto. A seleção natural é engessada por diversas coisas. A natureza genética de como o crânio é constituído impede grandes mudanças, por exemplo", ensinou.

Os 200 anos de nascimento de Charles Darwin serão comemorados em 2009, assim como os 150 anos da publicação do livro 'A origem das espécies'.

Nanomáquinas biomoleculares: onde a Física, Química e Biologia finalmente se encontram

Quem disse que a biologia e a física e a química não se encontram? Pois é, elas finalmente se encontraram nas nanomáquinas biomoleculares.

Como é que fica agora a tese de Mayr que a Biologia evolutiva tem status diferente das outras ciências como a física e a química???

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17 Julho de 2008
Título: Resource Letter: Bio-molecular Nano-machines: where Physics, Chemistry, Biology and Technology meet
Autor: Debashish Chowdhury
Abstract:

Cell is the structural and functional unit of life. This Resource Letter serves as a guide to the literature on nano-machines which drive not only intracellular movements, but also motility of the cell. These machines are usually proteins or macromolecular assemblies which require appropriate fuel for their operations. Although, traditionally, these machines were subjects of investigation in biology and biochemistry, increasing use of the concepts and techniques of physics in recent years have contributed to the quantitative understanding of the fundamental principles underlying their operational mechanisms. The possibility of exploiting these principles for the design and control of artificial nano-machines has opened up a new frontier in the bottom-up approach to nano-technology.

PDF gratuito aqui [181 KB].

Qual é o nível de leitura deste blog?

domingo, julho 20, 2008

Quando eu afirmei tempos atrás que 11 entre 10 darwinistas lêem este blog, teve gente que achou que eu exagerei. Fiz um teste, e eis o resultado:

blog readability test

TV Reviews



Digite http://pos-darwinista.blogspot.com aqui e tire suas dúvidas!

Não dá para não ler este blog desafiando a Nomenklatura científica e promovendo a teoria do Design Inteligente!

Demais!!! Para continuarmos assim, recomende este blog para seus amigos e outras pessoas interessadas na controvérsia Darwin versus Design, e peça para eles fazerem o mesmo.

Se eu cheguei aonde cheguei, foi devido a esta grande audiência de mais de 140 mil visitantes no mundo inteiro!

Dascal, Mivart e Darwin

sábado, julho 19, 2008

XXII World Congress of Philosophy
Seoul 30 July – 5 August, 2008
Invited Session
Reframing the Historiography of Philosophy: A Dialectic Approach
Chair: Marcelo Dascal (Tel Aviv); Co-Chair: Tomás Calvo Martínez (Madrid)



Anna Carolina Regner, On Darwin’s Philosophical Controversies
The celebrated “natural philosopher” Charles Darwin was not a professional epistemologist, a method theorist, or a metaphysician. However, the development and defense of his theory of natural selection involved fundamental debates concerning epistemological, methodological and metaphysical issues. Some of these debates took place with a range of opponents at different levels and in different contexts. Other debates did not actually occur, but they can be (re)constructed by focusing on Darwin’s ideas and on those of the thinkers who had a polemical influence on him. In this talk, I will analyze examples of these debates: the controversial positions of Darwin and William Whewell on conceiving “cause” to be inferred from their mutual references, the largely private debate between Darwin and his friend Joseph Hooker on the notion of “evidence”, the disparity between Darwin and Thomas Malthus’ ideas concerning “nature” (and “human nature”), and finally, the insoluble polemics between Darwin and George Mivart regarding the notion of “science”. These examples will also show that polemical debates may have different structures and scope, while playing a fundamental role in clarifying ideas and giving rise to new ones. The “dialectical approach” to be followed in this analysis combines a critical reading of Aristotle’s Rhetoric and Topics with some contemporary insights, and, in particular, with Marcelo Dascal’s approach to “controversies”.

Uma lição de jornalismo científico que precisa ser aprendida pela Grande Mídia

De mãos dadas com a educação

Editora da CH destaca papel do jornalista na formação de um público interessado pela ciência

Os jornalistas têm um papel fundamental para despertar o interesse dos jovens pela ciência. A avaliação é de Alicia Ivanissevich, editora da revista Ciência Hoje e ganhadora de 2008 do Prêmio José Reis de Divulgação Científica. Em sua conferência na reunião anual da SBPC, Ivanissevich destacou a importância desses profissionais para reverter o quadro calamitoso que se verifica hoje na educação científica em nosso país.

A premiada lembrou as avaliações recentes que colocaram os alunos brasileiros nas últimas posições entre dezenas de países testados em relação aos conhecimentos sobre matemática e ciências. Formação precária dos professores, escassez de laboratórios, baixos salários e falta de investimentos são alguns dos fatores a que Ivanissevich atribui esse quadro – que, como ela lembrou, já havia sido diagnosticado nos anos 1960 pelo médico e divulgador José Reis, patrono do prêmio.

Na avaliação da premiada, os jornalistas têm a missão de formar um público cativo que se interesse pela ciência. Para isso, é essencial que eles se voltem para as crianças. “Os jornalistas especializados em ciência podem buscar meios – sejam blogs, suplementos, publicações, programas de rádio e TV – que se voltem para a população infantil e que ajudem a estimular a curiosidade pela ciência desde muito cedo”, afirma ela.

Um público que cresça familiarizado com a ciência, avalia Ivanissevich, será capaz de, na idade adulta, participar das decisões importantes da sociedade que envolvem cada vez mais a ciência e exercer, assim, sua cidadania em seu sentido pleno. “Para contar com a participação efetiva da sociedade na tomada de decisões de impacto social, assim como na projeção de políticas públicas, é clara a necessidade de manter a população bem informada”, justifica.

Mas a missão dos jornalistas não é trivial. Uma cobertura adequada deve apresentar os resultados da ciência de uma forma ponderada, que dê lugar às dúvidas. “O jornalista de ciência deve procurar construir uma reportagem equilibrada, em que diversas vozes sejam ouvidas, e que não induza o leitor, ouvinte ou telespectador a fazer deduções precipitadas”, recomenda Ivanissevich.

Regionalização da divulgação

A premiada defendeu também a importância de se ampliar o alcance da divulgação científica no Brasil. O cenário atual, na avaliação da editora da CH, é marcado por uma exposição excessiva da produção dos centros de pesquisa do eixo Rio-São Paulo, em detrimento de outras regiões do país.

Para se modificar esse quadro, acredita Ivanissevich, seria importante a criação de caminhos institucionais que permitam dar visibilidade ao conhecimento produzido em todo o país. “É necessário criar uma rede de assessorias de imprensa capazes de cobrir a produção acadêmica dos principais institutos de pesquisa e universidades das capitais e dos grandes centros urbanos brasileiros”, sugere.


Bernardo Esteves
Ciência Hoje On-line
15/07/2008

Darwin e o Brasil

sexta-feira, julho 18, 2008

JC e-mail 3556, de 17 de Julho de 2008.

13. O Brasil visto por Darwin

Historiador da ciência resgata passagem do naturalista pelo Rio e pelo Nordeste nos anos 1830

Em 2008, comemoram-se 150 anos da teoria da seleção natural, proposta em conjunto pelos naturalistas britânicos Charles Darwin e Alfred Wallace. A efeméride é a ocasião de relembrar a passagem dos dois naturalistas pelo Brasil e a contribuição das observações feitas por ambos em nosso país para a formulação da teoria que mudou a biologia.

A passagem de Darwin pelo Brasil foi o foco da conferência do físico e historiador da ciência Ildeu de Castro Moreira na 60ª Reunião Anual da SBPC. Moreira, que dirige o Departamento de Popularização e Difusão da Ciência do Ministério da Ciência e Tecnologia, está tentando reconstituir os diferentes passos da passagem do naturalista inglês pelo país e está envolvido na organização de vários eventos comemorativos dos 150 anos da seleção natural.

Darwin passou pelo Brasil a bordo do Beagle, navio encarregado de dar a volta ao mundo fazendo medições importantes para a marinha britânica. Recém-formado, aos 24 anos, Darwin era o naturalista de bordo, incumbido de fazer observações geológicas e biológicas durante a expedição. Durante a viagem, que durou quase cinco anos, o inglês coletou material e fez observações que, mais tarde, o colocariam na trilha da seleção natural.

Algumas das primeiras escalas do Beagle foram feitas na costa brasileira, em Fernando de Noronha, Salvador, Abrolhos e no Rio de Janeiro, onde Darwin passou quatro meses. “Darwin ficou hospedado em Botafogo, que era então um bairro nobre e tranqüilo, onde nobres e embaixadores tinham sítios”, conta Moreira. “Estamos tentando identificar a localização exata da casa em que ele ficou, provavelmente na atual rua São Clemente.” Em 1836, após completar a circunavegação, o Beagle fez novas escalas no Brasil, em Salvador e Recife, em seu caminho rumo à Inglaterra.

A deslumbrante natureza foi o que mais chamou a atenção de Darwin em sua passagem pelo Brasil. Seu diário de bordo e as notas de viagem reunidas anos mais tarde em livro (A viagem do Beagle, disponível em português) refletem o encanto do jovem inglês com a luxuriante paisagem tropical.

“Delícia é um termo fraco para exprimir os sentimentos de um naturalista que, pela primeira vez, se viu perambulando por uma floresta brasileira”, escreveu Darwin sobre sua passagem por Salvador. Seu relato é repleto de adjetivos deslumbrados que exaltavam “a exuberância geral da vegetação”, “a elegância da grama”, “a beleza das flores” ou “o verde lustroso da folhagem”.

Humanismo e preconceito

As notas de viagem de Darwin refletem também sua visão sobre a sociedade brasileira. Em várias passagens, elas manifestam o humanismo do naturalista, que recrimina reiteradas vezes a escravidão contemplada por ele no país. Mas Ildeu Moreira lembra também que as observações do inglês denotam certo preconceito em algumas passagens.

Sua impaciência com a burocracia brasileira, por exemplo, ou sua decepção com os modos rudes com que foi tratado por certos habitantes locais motivaram comentários pouco simpáticos à população brasileira em suas anotações. “Darwin fez algumas generalizações sobre os brasileiros e às vezes julgava as pessoas pela sua aparência ou pela forma como se vestiam”, lembra Moreira.

O historiador da ciência chama a atenção também para outro aspecto interessante que se sobressai das anotações feitas por Darwin em sua passagem pelo Brasil. Esses relatos mostram como o inglês foi ajudado por habitantes locais em suas incursões pela mata e nas expedições para coleta de material biológico. Moreira lembra que esses guias, geralmente omitidos nos relatos científicos dos naturalistas, aparecem mais claramente nos relatos de viagem, escritos em estilo mais solto.

“Os índios, escravos e crianças que ajudavam os naturalistas do século 19 tinham um conhecimento que, depois de catalogado e registrado, foi incorporado ao acervo da ciência mundial”, afirma Moreira. “Isso não representa um demérito para esses cientistas, mas nada disso teria feito sem a ajuda desses guias. Não podemos perder a perspectiva de que a ciência dependia do conhecimento das populações nativas.”

(Bernardo Esteves)

Salvando Darwin das garras do ateísmo

quinta-feira, julho 17, 2008

Richard Dawkins afirmou no seu livro "O relojoeiro cego" que antes de Darwin era possível ser ateu, mas que depois de Darwin é possível ser ateu plenamente satisfeito.

Pois é Dawkins, a Fundação John Templeton (recentemente falecido) acaba de conceder recursos financeiros para livrar Darwin das garras dos ateus. Que estranha operação!

Theos is delighted to announce that it has been awarded a major grant by the John Templeton Foundation to undertake a new project on science and religion in partnership with the Faraday Institute in Cambridge.

The project, provisionally entitled ‘Rescuing Darwin’, is being undertaken to coincide with the 200th anniversary of Charles Darwin's birth and the 150th anniversary of the publication of The Origin of Species.

The project will research and analyse the extent and nature of evolutionary and anti-evolutionary opinion in the UK, and its relationship to theism, atheism and agnosticism.

The qualitative research being undertaken is intended to gain a greater understanding of the discourses that lie behind three strands of thought and belief: ‘Young Earth Creationism’ (YEC), ‘Old Earth Creationism’ (OEC) and ‘Intelligent Design’ (ID), with specific focus on the use, acceptance and rejection of Darwinism. This element of the research project will stand independently of any particular argument or paradigm and aims at elucidation, rather than seeking evidence which would promote or detract from any individual stance or argument.

Watch this space for more details.

Alô SBPC: professor universitário ateu escreveu um livro sobre Design Inteligente

quarta-feira, julho 16, 2008

O Dr. Marcos N. Berlin, professor da Unicamp, e membro do NBDI, teve sua palestra sobre Design Inteligente aprovada e depois cancelada sob a alegação esfarrapada de que “organizações científicas americanas já decidiram que o Design Inteligente é religião”. O Dr. Eberlin ia apresentar sua palestra na comemoração dos 60 anos da SBPC que está sendo realizada na Unicamp onde ele leciona e é um dos luminares da ciência brasileira.

Agora, vem Bradley Monton, professor de Filosofia da Universidade do Colorado, Boulder, ateu, escreveu um livro (ainda não publicado) sobre o Design Inteligente.

Eu espero que ele encontre uma editora interessada no manuscrito dele.

The doctrine of intelligent design has been maligned by atheists, but even though I'm an atheist, I'm of the opinion that the arguments for intelligent design are stronger than most realize. The goal of this book is to try to get people to take intelligent design seriously. I maintain that it is legitimate to view intelligent design as science, that there are somewhat plausible arguments for the existence of a cosmic designer, and that intelligent design should be taught in public school science classes.

The book is written in such a way that it will have appeal to both non-academics and fellow professors. I anticipate that both proponents and opponents of intelligent design would be interested in reading it. I will be agreeing with a lot of what intelligent design proponents say — I'm trying to be intellectually honest and give the proponents credit wherever credit is due. By rejecting the fallacious arguments against intelligent design, I am helping everyone to understand the issues and arguments more clearly. In the long run, this is what will lend the most support to the cause of reason.

As far as I know, no one has published a book like this, or is even in the process of writing one. There is a fair amount of literature nowadays on atheism vs. theism, and the merits of intelligent design, but that literature has become like a war between two camps, and the point of my book is to transcend that.


Quem diria, já não bastava o David Berlinski, judeu agnóstico, ser proponente e defensor da teoria do Design Inteligente, e agora aparece justamente um ateu?

Alô SBPC, de onde foi que vocês tiraram a idéia de que a teoria do Design Inteligente é religião e não é ciência? A tese de design inteligente é muito antiga. Remonta aos filósofos gregos pagãos.

Molecular Mechanisms in Spermatogenesis

terça-feira, julho 15, 2008

Este livro vai dar muito o que pensar e falar:

Molecular Mechanisms in Spermatogenesis

C. Yan Cheng
Rockefeller University

ISBN: 978-0-387-79990-2
Pub date: 2008-08-01
292 pages
45 figures
18 tables
16 color pages

About this book
In the past thirty years, significant advances have been made in the field of reproductive biology in unlocking the molecular and biochemical events that regulate spermatogenesis in the mammalian testis. It was possible because of the unprecedented breakthroughs in molecular biology, cell biology, immunology, and biochemistry. I am fortunate to have personally witnessed such rapid changes in the field since I was a graduate student and a postdoctoral fellow in the late 1970s through the early 1980s. In this book entitled, Molecular Mechanisms in Spermatogenesis, I have included a collection of chapters written by colleagues on the latest development in the field using genomic and proteomic approaches to study spermatogenesis, as well as different mechanisms and/or molecules including environmental toxicants and transcription factors that regulate and/or affect spermatogenesis. The book begins with a chapter that provides the basic concept of cellular regulation of spermatogenesis. A few chapters are also dedicated to some of the latest findings on the Sertoli cell cytoskeleton and other molecules (e.g., proteases, adhesion proteins) that regulate spermatogenesis. These chapters contain thought-provoking discussions and concepts which shall be welcomed by investigators in the field. It is obvious that many of these concepts will be updated and some may be amended in the years to come. However, they will serve as a guide and the basis for investigation by scientists in the field. Due to the page limit, I could not cover all areas of interest in this monograph; instead, I tried to present this subject area with a balanced approach.
Table of contents
1. Spermatogenesis and Cycle of the Seminiferous Epithelium
Rex A. Hess and Luiz Renato de Franca
2. Testicular Development and Spermatogenesis: Harvesting
the Postgenomics Bounty
Antoine D. Rolland, Bernard Jégou and Charles Pineau
3. Estrogens and Spermatogenesis
Chandrima Shaha
4. Selenium, a Key Element in Spermatogenesis and Male Fertility
Carla Boitani and Rossella Puglisi
5. Extracellular Matrix and Its Role in Spermatogenesis
Michelle K.Y. Siu and C. Yan Cheng
6. Inflammatory Networks in the Control of Spermatogenesis:
Chronic Inflammation in an Immunologically Privileged Tissue?
Moira K. O’Bryan and Mark P. Hedger
7. Transcription Regulation in Spermatogenesis
Wing-Yee Lui and C. Yan Cheng
8. Proteases and Their Cognate Inhibitors of the Serine and Metalloprotease
Subclasses, in Testicular Physiology
Brigitte Le Magueresse-Battistoni
9. Antioxidant Systems and Oxidative Stress in the Testes
R. John Aitken and Shaun D. Roman
10. Nitric Oxide and Cyclic Nucleotides: Their Roles in Junction Dynamics
and Spermatogenesis
Nikki P.Y. Lee and C. Yan Cheng
11. The Sertoli Cell Cytoskeleton
A. Wayne Vogl, Kuljeet S. Vaid and Julian A. Guttman
12. Blood?Testis Barrier, Junctional and Transport Proteins
and Spermatogenesis
Brian P. Setchell
13. Cross-Talk between Tight and Anchoring Junctions—
Lesson from the Testis
Helen H.N. Yan, Dolores D. Mruk, Will M. Lee and C. Yan Cheng
14. The Role of the Leydig Cell in Spermatogenic Function
Renshan Ge, Guorong Chen and Matthew P. Hardy

FAPESP estréia novo portal

FAPESP estréia novo portal

14/7/2008
Agência FAPESP - A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) está de cara nova. O novo portal foi lançado nesta segunda-feira (14/7), no endereço http://www.fapesp.br, para melhor atender os mais de 500 mil visitantes que acessam os serviços eletrônicos da Fundação a cada mês.

Uma das primeiras instituições a integrar a internet brasileira, a FAPESP reúne no novo portal seus diversos sites e organiza melhor as informações de modo a atender mais eficientemente os pesquisadores, bolsistas e o público em geral.

O site principal conta com mais de 3,2 mil páginas de informações e serviços sobre as formas de apoio à pesquisa científica e tecnológica em todas as áreas do conhecimento oferecidas pela Fundação.

O menu superior traz links para as principais seções, com informações sobre a instituição e sobre todos os seus tipos de bolsas, auxílios e programas especiais e de pesquisa para inovação. Um pouco acima está a busca, que foi melhorada para trazer resultados mais consistentes e que leva em consideração as páginas mais acessadas em determinado momento.

Notícias são publicadas no destaque principal e na seção "Notícias da FAPESP". A seção "FAPESP na mídia" reúne reportagens sobre a Fundação publicadas em veículos de todo o país.

O site destaca também em sua página inicial a Biblioteca Virtual, na qual o usuário pode fazer pesquisas nas fontes de informação reunidas pelo Centro de Documentação e Informação. Outro site é o de Indicadores, que traz a série Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo e o Fapesp.Indica, que facilita a busca pela internet de informações voltadas à produção e análise de indicadores de ciência, tecnologia e inovação.

Acesso direto aos sites do Sistema de Apoio a Gestão (SAGe, Sistema Agilis, revista Pesquisa FAPESP e Parque de Equipamentos, além do serviço Converse com a FAPESP, de atendimento ao público, também estão em destaque.

Novos sites

O portal também lança novos sites.

Pesquisadores e Bolsistas reúne informações de interesse ao principal público da FAPESP com acesso facilitado aos serviços oferecidos. Ali, os usuários podem acessar rapidamente as páginas de consulta de processos, formulários, valores de bolsas e diárias, Reserva Técnica, sistemática de análise, chamadas de propostas e diversas outras. O site também usa o recurso de tags, marcações em todas as páginas de modo a relacionar as mais procuradas.

Pesquisa Apoiada pela FAPESP pretende reunir informações sobre todos os projetos de pesquisa apoiados pela Fundação desde que foi instituída, em 1962. Ali já estão cerca de 20 mil projetos apoiados por meio das modalidades Projeto Temático e Auxílio Regular a Pesquisa e dos programas Pesquisa Inovativa na Pequena e Micro Empresa (PIPE), Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), Programa de Apoio à Propriedade Intelectual (PAPI/Nuplitec) e Apoio a Jovens Pesquisadores.

O site Oportunidades tem o objetivo de reunir anúncios de vagas para bolsistas de pós-doutorado em Projetos Temáticos. Coordenadores de projetos podem se inscrever para enviar dados sobre as vagas e bolsistas podem enviar currículos.

Outra novidade do portal é o novo site da Agência FAPESP, que distribui diariamente boletins eletrônicos para mais de 67 mil leitores em todo o país. O site traz em sua página inicial as chamadas principais do dia e as mais recentes reportagens publicadas nas seções "Especiais", "Entrevistas" e "Divulgação Científica". "Notícias" e "Agenda" também são destacadas na homepage e seções internas, assim como a seção "Mais lidas". O leitor pode ainda acessar todos os boletins enviados pela Agência FAPESP desde o lançamento do serviço noticioso, em 24 de junho de 2003.
Mais informações: http://www.fapesp.br

No DNA do racismo faltou Darwin

Este artigo do Prof. Dr. Sergio Danilo Pena, professor titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais, está historicamente bem embasado. Contudo, o eminente professor da UFMG omitiu Darwin na questão do DNA do racismo: está lá no Descent of Man, livro menos lido e menos pesquisado aqui no Brasil, onde Darwin preconizou a destruição das “raças inferiores” pelas “raças superiores” (europeus).

Se o Prof. Dr. Sergio Danilo Pena não leu este livro está desculpado. Se leu, o que fica flagrante no texto é a sanitização que se faz de Darwin como cientista. Há pouco tempo James Watson (co-descobridor do DNA) fez declarações racistas que foram veementemente condenadas oela comunidade científica internacional. Por que não fazem o mesmo com Darwin? Darwin é um ícone, e ai de quem tentar dessacralizá-lo...

Ex-comunista, sei o que é reescrever a história do ponto de vista dos vencedores...

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O DNA do racismo

Colunista conta como as raças foram inventadas e destaca que agora é nosso dever desinventá-las.

Parece existir uma noção generalizada de que o conceito de raças humanas e sua indesejável conseqüência, o racismo, são tão velhos como a humanidade. Há mesmo quem pense neles como parte essencial da “natureza humana”. Isso não é verdade. Pelo contrário, as raças e o racismo são uma invenção recente na história da humanidade.

Nas civilizações antigas não são encontradas evidências inequívocas da existência de racismo (que não deve ser confundido com rivalidade entre comunidades). É certo que havia escravidão na Grécia, em Roma, no mundo árabe e em outras regiões. Mas os escravos eram geralmente prisioneiros de guerra e não havia de maneira alguma a idéia de que eles fossem “naturalmente” inferiores aos seus senhores. A escravidão era mais conjuntural que estrutural – se o resultado da guerra tivesse sido outro, os papéis de senhor e escravo estariam invertidos.

A emergência do racismo e a cristalização do conceito de raças coincidiram historicamente com dois fenômenos da era moderna: o início do tráfico de escravos da África para as Américas e o esvanecimento do tradicional espírito religioso em favor de interpretações científicas da natureza.

Diversidade humana

Antes de prosseguirmos, proponho ao leitor um simples experimento. Dirija-se a um local onde haja grande número de pessoas – uma sala de aula, um restaurante, o saguão de um edifício comercial ou mesmo a calçada de uma rua movimentada. Agora observe cuidadosamente as pessoas ao redor.

Deverá logo saltar aos olhos que somos todos muito parecidos e, ao mesmo tempo, muito diferentes. Realmente, podemos ver grandes similaridades no plano corporal, na postura ereta, na pele fina e na falta relativa de pêlos, características da espécie humana que nos distinguem dos outros primatas.

Por outro lado, serão evidentes as extraordinárias variações morfológicas entre as diferentes pessoas: sexo, idade, altura, peso, massa muscular e distribuição de gordura corporal, comprimento, cor e textura dos cabelos (ou ausência deles), cor e formato dos olhos, formatos do nariz e lábios, cor da pele etc. Estas variações são quantitativas, contínuas, graduais. A priori, não existe absolutamente nenhuma razão para valorizar mais uma ou outra dessas características no exercício de perscrutação.

Mas logo se descobre que nem todos os traços têm a mesma relevância. Alguns são mais importantes, por exemplo, quando reparamos que algumas pessoas, geralmente do sexo oposto, são mais atraentes que outras. Além disso, há características que podem nos fornecer informações sobre a origem geográfica ancestral das pessoas: uma pele negra pode nos levar a inferir que a pessoa tem ancestrais africanos, olhos puxados evocam ancestralidade oriental etc. Mas isso é tudo: não há absolutamente mais nada que possamos captar à flor da pele.

Pense bem. Como é possível que ter ancestrais na África faça o todo de uma pessoa diferente de quem tem ancestrais na Ásia ou Europa? O que têm a pigmentação da pele, o formato e a cor dos olhos ou a textura do cabelo a ver com as qualidades humanas singulares que determinam uma individualidade existencial?

Taxonomia da humanidade

Vejamos agora, em nítido contraste com as conclusões do experimento de observação empírica acima, a rigidez da classificação da humanidade feita pelo naturalista sueco Carl Linnaeus (1707-1778) na edição de 1767 do seu Systema Naturae (“Sistema da natureza”). Ele apresentou, pela primeira vez na esfera científica, uma divisão taxonômica da espécie humana. Linnaeus distinguiu quatro raças principais (além de uma quinta, mitológica, que não levaremos em consideração) e qualificou-as de acordo com o que ele considerava suas características principais:

• Homo sapiens europaeus : Branco, sério, forte
• Homo sapiens asiaticus : Amarelo, melancólico, avaro
• Homo sapiens afer : Negro, impassível, preguiçoso
• Homo sapiens americanus : Vermelho, mal-humorado, violento

Observe o leitor que as raças de Linnaeus continham traços peculiares fixos, ou seja, havia a expectativa de todos os europeus serem “brancos, sérios e fortes”. Assim, teríamos de esperar que as pessoas negras ao redor de nós tivessem tendências “impassíveis e preguiçosas” e que as de olhos puxados fossem predispostas à “melancolia e avarice”.

Este é um exemplo do absurdo da perspectiva essencialista ou tipológica de raças humanas. A raça é vista como um elemento inerente e fundamental que especifica holisticamente a pessoa. Nesse paradigma, o indivíduo não pode simplesmente ter a pele mais ou menos pigmentada, ou o cabelo mais ou menos crespo – ele tem de ser definido como “negro” ou “branco”, rótulo determinante de sua identidade. A pigmentação da pele e outras características superficiais, em vez de serem corretamente percebidas como pouco relevantes, sinalizariam, então, profundas diferenças entre as pessoas.

Esse tipo de associação fixa de características físicas e psicológicas, que incrivelmente ainda persiste na atualidade, não faz absolutamente nenhum sentido do ponto de vista genético e biológico! O genoma humano tem cerca de 20 mil genes e sabemos que poucas dúzias deles controlam a pigmentação da pele e a aparência física dos humanos. Está 100% estabelecido que esses genes não têm nenhuma influência sobre qualquer traço comportamental ou intelectual.

Seria adequado aceitar que a divisão taxonômica da espécie humana proposta por Linnaeus estabeleceu os alicerces das teorias racistas, ou existem outros modelos históricos possíveis?

O que veio primeiro: as raças ou o racismo?
O filósofo francês Voltaire (1694-1778, ver imagem), contemporâneo de Linnaeus, afirmou em suas Cartas filosóficas publicadas em 1733:

“A raça negra é uma espécie humana tão diferente da nossa quanto a raça de cachorros spaniel é dos galgos... A lã negra nas suas cabeças e em outras partes [do corpo] não se parece em nada com o nosso cabelo; e pode se dizer que a sua compreensão, mesmo que não seja de natureza diferente da nossa, é pelo menos muito inferior”

Repare o leitor em um detalhe de suma importância: o texto de Voltaire, escrito em 1733 e já de cunho gritantemente racista, apareceu 34 anos antes da divisão da humanidade feita por Linnaeus! Em outras palavras: o racismo não decorreu da invenção das raças; ele a precedeu! Linnaeus e seus seguidores não inventaram o racismo, mas infelizmente o reforçaram e legitimaram, fornecendo um modelo “científico” para sua reificação. Por que e como aconteceu isto?

Uma investigação etiológica do racismo nos leva, como freqüentemente acontece, ao vil metal. O tráfico de escravos da África para as colônias americanas foi uma atividade de enorme lucratividade para as nações envolvidas (Inglaterra, Portugal, Espanha e Holanda, entre outras) e teve expressivo impacto econômico. Não é nenhum exagero afirmar que o tráfico de escravos financiou a revolução industrial na Europa.

Por outro lado, a motivação econômica para o abominável tráfico de escravos entrava em conflito com a fé cristã. Afinal, a doutrina da unidade da humanidade baseada no relato bíblico de Adão e Eva era um poderoso obstáculo ao desenvolvimento de ideologias racistas. A “solução” encontrada para conciliar a consciência cristã com as desumanidades a que os senhores submetiam seus escravos foi a invenção de uma ideologia que relegava os africanos a um status biologicamente inferior, assim negando-lhes a plena humanidade.

Muito apropriada, neste contexto, foi a maneira sutil como o filósofo francês Montesquieu (1689-1755) satirizou os argumentos dos escravocratas, escrevendo no seu Espírito das leis de 1748: “É impossível supormos que essas criaturas sejam humanas, porque, se aceitarmos que eles são humanos, haveria então a suspeita de que nós não somos Cristãos”.

Mas a conciliação do inconciliável precisava ser racionalizada com argumentos da própria religião. Isso envolveu duas vertentes principais. A primeira consistiu em substituir a ênfase da unidade da humanidade a partir da Adão e Eva por uma divisão tricotômica baseada nos filhos de Noé: Cam, Sem e Jafé.

Segundo o livro do Gênese na Bíblia, Cam viu Noé nu e bêbado e contou para seus irmãos, zombando do pai. Ao saber disso, Noé amaldiçoou Cam e o condenou, assim como toda a sua descendência, à servidão. Os escravocratas avidamente adotaram uma identificação dos africanos com os descendentes de Cam, uma cômoda justificativa religiosa para a escravidão, embora na própria Bíblia não haja nenhuma referência à cor de Cam ou qualquer descrição de seus descendentes.

O segundo estratagema religioso inventado pelos escravocratas foi ressaltar o fato de os africanos serem ateus, assim justificando a sua escravização. Mas isso gerou outro problema – como tratar o escravo após sua conversão ao cristianismo? A saída encontrada foi postular que os escravos convertidos podiam ser mantidos em servidão porque, embora cristãos, eram descendentes de ateus.

Observe-se que essa racionalização provocou uma infausta mudança de paradigma: os africanos passaram a ser considerados inferiores de maneira irreversível e hereditária. A partir daí, a transmissibilidade genética da inferioridade biológica tornou-se parte integral das doutrinas racistas.

Cientistas a serviço dos escravocratas

Nos séculos 18 e 19, a influência da teoria cristã da unidade da espécie humana evanesceu, permitindo a afloração do “racismo científico”, que tratava as raças humanas como se fossem espécies diferentes, biologicamente incompatíveis (!). A noção de raça essencializou-se como definição do “todo” do indivíduo e não apenas de características superficiais.

Mais nefastamente, alguns naturalistas não se contentaram em tentar demonstrar que as raças eram biologicamente diferentes, mas empreenderam cruzadas para provar que os africanos e seus descendentes eram biologicamente inferiores. Aqui, novamente, interesses econômicos influenciaram as doutrinas científicas. Na tentativa de preservar o status quo e impedir o avanço inexorável dos movimentos abolicionistas, os escravocratas nas Américas tentaram justificar a escravidão com argumentos “científicos”.

Desde então, o conceito das diferenças biológicas das “raças” se infiltrou paulatinamente em nossa cultura, assumindo quase uma qualidade de elemento fundamental e indispensável da mesma. Estava criado o solo fértil onde germinariam as calamitosas ideologias do nazismo e do apartheid.

O genial poeta Chico Buarque de Holanda sugere na canção “Apesar de você”: “Você que inventou a tristeza, / Ora, tenha a fineza / De desinventar...”. Parafraseando-o, podemos dizer que, se a cultura ocidental inventou o racismo e as raças, temos, agora, o dever de desinventá-los!

Não será tarefa fácil; alguns diriam mesmo impossível, pois as categorias raciais estão entranhadas nas nossas instituições sociais. Para levá-la a cabo, devemos nos alinhar com uma proposta do grande político americano Robert Kennedy (1925-1968): “Há aqueles que vêem as coisas como elas são e perguntam por quê. Eu sonho com coisas que nunca foram e pergunto: por que não?”

Sergio Danilo Pena
Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia
Universidade Federal de Minas Gerais
11/07/2008

Evolução sem informação biótica complexa especificada?

segunda-feira, julho 14, 2008

É possível ocorrer evolução sem informação complexa especificada? Os teóricos e proponentes da teoria do Design Inteligente afirmam que não.

Quer saber um pouco mais sobre esta questão? Clique aqui. [Em inglês, sorry periferia]. Este site se encontra na lista dos meus preferidos.

Afinal de contas, a Biologia do século 21 é uma biologia da informação, e não de plausíveis cenários históricos de longo alcance.

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NOTA DO BLOGGER:

1. Este site foi tirado do servidor da Baylor University em flagrante violência à liberdade acadêmica dos pesquisadores. Como é que as teses do Design Inteligente serão discutidas se a Nomenklatura científica, antropofágica que é dos defensores de idéias novas, não permite o livre debate na universidade -- universo de idéias???

2. Aqui no Brasil, o Dr. Marcos N. Eberlin, da Unicamp, Instituto de Química, um dos professores de universidade pública membro do NBDI, iria apresentar palestra sobre o Design Inteligente.

Ele é professor da Unicamp desde 1982, professor doutor titular da Universidade Estadual de Campinas onde coordena o Laboratório ThoMSon, um dos grandes centros de referência mundial na técnica de espectrometria de massas. Realizou pós-doutorado na Universidade Americana de Purdue, Estados Unidos, e tem orientado diversos mestres, doutores e pós-doutores. Ele é um dos cientistas brasileiros de maior destaque; é membro da Academia Brasileira de Ciências, comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, vice-presidente da Sociedade Internacional e também da Sociedade Brasileira de Espectrometria de Massas; e ganhador de vários prêmios, entre eles, o mais recente: o prêmio Scopus-Capes 2008. Autor de mais de 320 artigos científicos com mais de três mil citações.

Sua destacada atuação levou ao convite para proferir palestra na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Unicamp, sobre assunto relacionado às suas pesquisas. Tudo estava acertado. Título e resumo devidamente fornecidos à organização do evento, e sua conferência programada e anunciada na web para terça-feira, 15 de julho, com o título “A Vida e o Universo: Um Grande Acidente ou Design Inteligente?”

Apesar de aprovada, ela foi abruptamente cancelada com desculpas esfarrapadas de que a TDI já havia sido considerada como "idéia religiosa" pelas organizações científicas americanas. Chamam isso de liberdade acadêmica...

O Dr. Eberlin vai virar notícia internacional. Aguardem.

+++++

Fui, não sei porque me lembrando que hoje se comemora na França o Dia da Queda da Bastilha.

Um e-book sobre os 16 de Altenberg e a Síntese Evolutiva Ampliada

Alguns leitores deste blog me pediram mais informações detalhadas sobre a reunião de 16 especialistas que irão discutir neste mês de julho em Altenberg, Áustria, a nova teoria da evolução: a Síntese Evolutiva Ampliada que não será selecionista.

A jornalista Suzan Mazur lançou um e-book sobre o tema: Altenberg 16: An Exposé Of The Evolution Industry.

A biologia do século 19 versus biologia do século 21: Darwin ou Design Inteligente?

sábado, julho 12, 2008

Que a teoria da evolução por meio da seleção natural (e xyz mecanismos naturais) do século 19, e remodelada no século 20, não explica mais o fato, Fato, FATO da evolução, até os darwinistas mais ortodoxos e fundamentalistas reconhecem: vem aí a SÍNTESE EVOLUTIVA AMPLIADA.

Darwin pensava que a célula era nada mais nada menos do que algo parecido como gelatina. Hoje nós sabemos que a célula é extremamente complexa. Tivesse Darwin acesso ao conhecimento que hoje temos sobre as entidades bióticas, que teoria sobre a evolução ele teria escrito para explicar a origem das espécies?

Pena que Darwin não teve acesso a vídeos como estes aqui 1 e 2. [Requer Internet de banda larga]

NOTA DESTE BLOGGER:

A SÍNTESE EVOLUTIVA AMPLIADA não pode deixar a complexidade irredutível e a informação complexa especificada de fora no seu conteúdo heurístico. Fazer isso, é continuar impedindo o avanço da ciência que segue as evidências aonde elas forem dar.

Outro livro sobre Darwin ter plagiado as idéias de Wallace

quarta-feira, julho 09, 2008

Eu fico com um pé atrás em relação a este episódio: Darwin teria plagiado as idéias evolutivas de Wallace. Mas, onde há muita fumaça, é sinal de incêndio. Há muitas evidências circunstanciais que levam nessa direção: o documento original de Wallace sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. Ooops, todo mundo, menos Darwin, Hooker e Lyell que viram.

Com a pulga atrás da orelha: A correspondência de Wallace para Darwin deste período simplesmente sumiu. Ele que era muito criterioso com sua correspondência. Estão faltando umas 50 páginas num dos notebooks sobre a questão. Darwin ficou o resto da vida incomodado com a 'solução' encontrada: não se sentia muito bem em relaçao a Wallace. E otras cositas mais!

Com a palavra Don Ospavat, historiador da ciência: ele pesquisou vários documentos de Darwin arquivados na Universidade de Cambridge, inclusive o esboço de 1844, e Ospavat concluiu que a idéia de Darwin sobre a seleção natural era bem diferente da de Wallace. É tão-somente após a chegada do trabalho de Wallace que a idéia de seleção natural muda em Darwin. Muito estranho. Até ontem eu, mestrando em História da Ciência, nem sabia disso.

Bem, acaba de ser lançado por Roy Davies, um ex-funcionário da BBC, um novo livro sobre esta questão tenebrosa: teria Darwin plagiado realmente as idéias de Wallace???



The Darwin Conspiracy: Origins of a Scientific Crime

by Roy Davies

CHARLES DARWIN has been hailed as the greatest scientist of the 19th century for his discovery of the secrets of evolution. Today the impact of his work is still felt throughout the world.

But did Darwin really come up with the idea of evolution himself or did he take it from a young researcher trying to impress him?

The Darwin Conspiracy examines how Darwin struggled for years in scientific dead-ends until he was presented with the solution to the greatest scientific puzzle of his day by a naïve naturalist collecting beetles in a tropical jungle.
So began the conspiracy by which eminent scientists promoted the ideas of Darwin ahead of those of Alfred Russel Wallace in order to achieve ever-lasting fame for their greatest friend.

Using extensive research about contemporary shipping time tables and Darwin's own correspondence, the author challenges the commonly-held belief that Darwin scored a scientific breakthrough when in reality he used another man's insights for his own benefit, and committed one of the greatest scientific crimes in history.

The Darwin Conspiracy is a true story about deceit and deception and stands as an outstanding metaphor for the idea of survival of the fittest.

Por que necessitamos da Síntese Evolutiva Ampliada?

terça-feira, julho 08, 2008

Massimo Pigliuci pergunta e responde porque nós precisamos da Síntese Evolutiva Ampliada. Clique aqui.[PDF de artigo gratuito]

domingo, julho 06, 2008

Este livro, sem dúvida, deve lançar luzes sobre um tema tão pouco considerado na avaliação das teorias evolutivas: a filosofia da biologia. Já está na minha lista de desejo.

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Philosophy of Biology

Brian Garvey

A comprehensive and accessible presentation of key philosophical issues in biology.

Biology raises distinct questions not only for philosophy of science but for metaphysics, epistemology, and ethics. This comprehensive new textbook for a rapidly growing field provides students with an up-to-date presentation of the key philosophical issues. The text is organized in four parts. The first part covers the philosophical challenges posed by evolution and evolutionary biology, beginning with Darwin's central argument in the Origin of Species. Individual chapters cover natural selection, creationism, the selfish gene, alternative units of selection, developmental systems theory, adaptionism, and issues in macroevolution. The second part examines philosophical questions arising in connection with biological traits, function, nature and nurture, and biological kinds, followed by an examination of metaphysical questions, biology's relation with the traditional concerns of philosophy of science, and how evolution has been introduced into the epistemological debates.

The final section considers the relevance of biology to questions about ethics, religion, and human nature. Technicalities are made accessible to the non-biologist, while still maintaining philosophical subtleties. The text is thus relevant to individuals at various levels of study.

Review quotes

"An excellent introduction to the topic and deserves to be widely read. Students will come away informed and excited about the subject." Michael Ruse, Lucyle T. Werkmeister Professor of Philosophy, Director of the Program in the History and Philosophy of Science, Florida State University


Brian Garvey is lecturer in philosophy, University of Lancaster.

Philosophy of Biology
Brian Garvey

Table of Contents

Acknowledgements ix
Introduction xi

I. THE ARGUMENT IN DARWIN'S ORIGIN 1
1.1 Earlier attempts 2
1.2 Variation and inheritance 5
1.3 The struggle for existence 8
1.4 Natural selection 10

2. THE POWER OF GENES 16
2.1 Introducing the gene 17
2.2 Genes and how organisms are made 21
2.3 Genes as agents 23

3. UNITS OF SELECTION 29
3.1 Genes versus individual organisms 30
3.2 Individual organisms as units of selection 33
3.3 Groups of organisms, and the question of altruism 35
3.4 Memes 39

4. PANGLOSSIANISM AND ITS DISCONTENTS 46
4.1 The uniqueness of natural selection 47
4.2 The accusation of "panglossianism" 51
4.3 So what is wrong with panglossianism ? 53
4.4 A storm in a teacup? 59

5. THE ROLE OF DEVELOPMENT 64
5.1 A nineteenth-century idea: recapitulation 64
5.2 New developments in developmental biology 67
5.3 Evo-devo 72
5.4 Developmental systems theory 78

6. NATURE AND NURTURE 89
6.1 Why does innateness seem to matter so much? 89
6.2 But what is innateness? 94
6.3 The ordinary-language concept 96
6.4 Canalization 99
6.5 Generative entrenchment 101
6.6 A deflationary approach 103
6.7 Conclusion 105

7. FUNCTION: "WHAT IT IS FOR" VERSUS "WHAT IT DOES" 108
7.1 What it is for 112
7.2 What it has been selected for 117
7.3 What it does 121
7.4 Conclusion 125

8. BIOLOGICAL CATEGORIES 127
8.1 Introduction: natural kinds in general 127
8.2 Taxonomy 128
8.3 What are the natural kinds of biology? 131

9. SPECIES AND THEIR SPECIAL PROBLEMS 143
9.1 The interbreeding criterion 144
9.2 Species as individuals 148
9.3 A pluralistic approach 152

10. BIOLOGY AND PHILOSOPHY OF SCIENCE 157
10.1 Lawlessness in biology 157
10.2 Does biology have real laws? 163
10.3 Comprehensiveness, unity and simplicity 167
10.4 Conclusion 173

II. EVOLUTION AND EPISTEMOLOGY 176
11.1 Conjectures and refutations 177
11.2 The reliability of our sources 180
11.3 The limitations of our minds 185

12. EVOLUTION AND RELIGION 189
12.1 Does the theory of evolution support atheism? 190
12.2 "God of the gaps" arguments 196
12.3 Evolution and explaining religion 200

13. EVOLUTION AND HUMAN NATURE 207
13.1 Sociobiology and its controversies 208
13.2 Evolutionary psychology's grand synthesis 211
13.3 Conclusion. 222

14. BIOLOGY AND ETHICS 224
14.1 Fitness as a normative concept 224
14.2 The naturalistic fallacy 230
14.3 Ought implies can 236
14.4 Altruism 239
14.5 Intuitions again 247

Notes 251
Further reading 257
Bibliography 263
Index 271

Conferência Internacional sobre Evolução e Desenvolvimento do Universo

Call for Papers - First International Conference on the Evolution and
Development of the Universe



Evo Devo Universe is a global scholarly research community interested in quasi-organic models of the universe. We are seeking cosmologists, physicists, astrobiologists, theoretical and evo-devo biologists, complexity, systems and hierarchy theorists, philosophers, and other scholars who wish to explore and critique hypotheses of evolution and development at universal and subsystem scales. Please see http://EvoDevoUniverse.com/ for more details, including our research themes http://evodevouniverse.com/wiki/index.php/Research_themes).

Our first international conference on these topics will be occurring in Paris,
France on 8-9 October, 2008. Our first deadline for abstract and paper proposal
submission is July 30th, 2008. Top papers will be published in a special issue
of Foundations of Science. If you have an interest in these themes, please consider joining us in Paris, or submitting an abstract or paper proposal.

Download the EDU 2008 Call for Papers.

Jerry Borges (UEMG) e o design inteligente de uma 'simples' célula

sábado, julho 05, 2008

O centro de comando

Colunista apresenta estruturas do núcleo das células das quais você provavelmente nunca ouviu falar.

Nossos professores comumente afirmam que a composição do núcleo da célula é simples e que ele possui apenas uma matriz aquosa, denominada nucleoplasma, na qual estão imersos os cromossomos e alguns nucléolos, responsáveis pelo armazenamento de moléculas de RNA ribossômico. Contudo, essa definição simplista está longe de descrever toda a dinâmica e complexidade da região nuclear, responsável pelo comando das células. Por que há, então, essa enorme diferença entre o que a ciência sabe sobre o núcleo celular e o que é ensinado em nossas escolas?

O núcleo foi a primeira organela a ser descrita. Observações dessa região celular foram feitas em 1682 pelo “pai da microbiologia”, o holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723), e posteriormente, em 1802, pelo botânico austríaco Franz Andreas Bauer (1758-1840). Contudo, a descoberta do núcleo celular é freqüentemente atribuída a outro botânico: o escocês Robert Brown (1773-1858), que descreveu essa região celular 29 anos depois (1839), a partir do exame de células de orquídeas.

Contudo, nenhum dos três arriscou-se a indicar uma função para essa estrutura recém-descrita. O primeiro a sugerir um papel para o núcleo celular foi o alemão Matthias Schleiden (1804-1881), botânico considerado um dos fundadores da teoria celular, que apresenta as células como a unidade funcional básica dos seres vivos. Um ano antes da descrição de Brown, Schleiden propôs que o núcleo seria o local responsável pela geração de novas células.

As afirmações de Schleiden foram duramente criticadas e somente em 1876 as pesquisas do zoólogo alemão Oscar Hertwig (1849-1922) com embriologia de ouriços marinhos, anfíbios e moluscos indicaram que o núcleo celular tinha participação no processo de formação de novas células e, posteriormente, de novos seres vivos. A participação dessa organela nos processos hereditários tornou-se clara apenas algumas décadas depois, no início do século 20.

Origem do núcleo

Ao longo do último século, diversas teorias têm sido propostas para descrever a origem evolutiva do núcleo celular. Essas especulações incluem a possibilidade de que essa organela tenha se estabelecido nas células como resultado de uma relação endossimbiótica análoga à que estaria por trás da origem dos cloroplastos e mitocôndrias, segundo a teoria proposta por Lynn Margulis (1938), professora da Universidade de Massachusetts Amherst (EUA).

Essa teoria, conhecida como “modelo sintrófico”, afirma que um antigo representante de um grupo de microrganismos conhecidos como Archaea metanogênicas invadiu ou foi fagocitado por bactérias primitivas aparentadas com as atuais mixobactérias. Por algum motivo desconhecido, esse organismo não foi digerido pelas bactérias e, após algum tempo, a convivência passou a apresentar benefícios para ambas as células que, assim, passaram a viver juntas.

A similaridade entre algumas proteínas nucleares presentes nas células eucarióticas e nas Archaea, como as histonas, e a semelhança entre algumas proteínas citoplasmáticas dos eucariótas e das mixobactérias (como as quinases e proteínas G, por exemplo) são citadas pelos defensores dessa teoria como provas dessa relação endossimbiótica.

Uma segunda teoria propõe que as células eucarióticas evoluíram a partir de formas primitivas aparentadas com as atuais bactérias planctomicetes, um grupo que possui um citoplasma subdividido por membranas e inclusive uma estrutura nuclear. Outra hipótese, mais controversa, afirma que a região nuclear surgiu após a invasão de células primitivas por vírus (provavelmente poxvírus). Esse modelo se baseia na similaridade entre células eucarióticas e vírus em relação as suas moléculas de DNA, as enzimas conhecidas como DNA polimerases e algumas proteínas.

Outro modelo alternativo, mais recente, denominado hipótese da exomembrana, sugere que o núcleo surgiu após a produção de uma nova membrana externa em torno do envoltório celular original. Essa nova cobertura seria a atual membrana plasmática e a membrana celular original se tornou a atual membrana nuclear ou carioteca.

O núcleo tradicional

O núcleo celular é a maior organela das células eucarióticas, ocupando nos mamíferos, em média, cerca de 10% do volume celular. Apesar de seu tamanho avantajado, ele ainda é envolto em mistério.

Os livros didáticos afirmam que o núcleo celular é delimitado pela carioteca, um envoltório formado por uma membrana interna e outra externa contínua com o retículo endoplasmático rugoso. A carioteca também possui uma série de poros nucleares aquosos associados com a permeabilidade seletiva entre o núcleo e citoplasma, que impede, por exemplo, que o material genético “escape” para fora do núcleo.

Internamente, o núcleo é composto por uma matriz aquosa, denominada nucleoplasma. Ali estão imersas uma rede de proteínas filamentosas do citoesqueleto celular responsáveis por dar sustentação a carioteca e por manter cromossomos e outros componentes nucleares em regiões específicas.

O material genético celular está reunido em um grupo de longas moléculas de DNA denominadas cromossomos que, na maior parte do ciclo celular, estão associadas com proteínas (principalmente histonas), formando um arranjo denominado cromatina. Os nucléolos são outro componente evidente do núcleo e estão relacionados com a síntese e edição de moléculas de RNA ribossômico (RNAr).

Componentes menos conhecidos

Além das estruturas acima citadas, existe uma série de outros componentes nucleares que você provavelmente não conhece e que não estão na maioria dos livros didáticos. Entre eles, estão as estruturas conhecidas como corpos de Cajal, que são possivelmente locais associados com a maquinaria de transcrição celular através do processamento de diversos tipos de RNA.

O núcleo contém ainda os chamados domínios PIKA (sigla em inglês para associações cariossomais polimórficas da interfase). Essas estruturas foram descobertas apenas em 1991 e, apesar de suas funções ainda não serem claras, acredita-se que elas estejam associadas com a produção de fatores relacionados com a transcrição de alguns tipos de RNAs. Outros componentes pouco conhecidos são os corpos PML (“leucemia promielóctica”, na sigla em inglês), dispersos pelo nucleoplasma e relacionados provavelmente com a regulação da transcrição de outras regiões nucleares.

Surpreso? Pois a lista ainda não acabou! Os domínios SC35 ou speckles (assim chamados devido ao seu aspecto disperso e amorfo observado nas células de mamíferos) são regiões móveis envolvidas no processamento de RNA, na regulação transcricional e na apoptose. Por fim, temos os paraspeckles, descobertos em 2002. Presentes no espaço intercromatínico, essas estruturas dinâmicas se alteram em resposta a mudanças na atividade metabólica celular.

Apesar de ainda conhecermos pouco sobre a biologia desses compartimentos nucleares, descobertas recentes indicam que o núcleo celular é muito mais complexo do que se pode pensar após um exame superficial. Embora essa organela não apresente uma distinção morfológica entre as suas regiões, sua especialização territorial fisiológica e sua plasticidade funcional tornam o ambiente nuclear muito dinâmico e capacitam-no para desempenhar um sem-número de tarefas metabólicas necessárias para a preservação da biologia celular. Resta agora esperar para ver isso em nossos livros e em nossas aulas.


Jerry Carvalho Borges

Universidade do Estado de Minas Gerais

04/07/2008

Para enviar críticas, comentários e sugestões, escreva para
falecomjerry@ yahoo.com.br

SUGESTÕES PARA LEITURA

Handwerger, K.E. e Gall,J.G. (2006). Subnuclear organelles: new insights into form and function. Trends Cell Biol. 16, 19-26.

Lopez-Garcia, P. e Moreira, D. (2006). Selective forces for the origin of the eukaryotic nucleus. Bioessays 28, 525-533.

Martin, W. (2005). Archaebacteria (Archaea) and the origin of the eukaryotic nucleus. Curr. Opin. Microbiol. 8, 630-637.

Pederson, T. (2004). The spatial organization of the genome in mammalian cells. Curr. Opin. Genet. Dev. 14, 203-209.

Rippe, K. (2007). Dynamic organization of the cell nucleus. Curr. Opin. Genet. Dev. 17, 373-380.

Rowat, A.C. et al. (2008). Towards an integrated understanding of the structure and mechanics of the cell nucleus. Bioessays 30, 226-236.

NOTA DO BLOGGER: Jerry Borges não advoga as teses do design inteligente.

A teoria de Einstein e o contexto da justificação teórica

sexta-feira, julho 04, 2008

Einstein estava certo – de novo

04/07/2008

Agência FAPESP – Um grupo internacional de pesquisadores acaba de confirmar, por meio de observações de um pulsar binário, o que Albert Einstein previu em 1916 em sua Teoria da Relatividade Geral.

Segundo os cientistas, as duas estrelas de nêutrons altamente magnetizadas, uma em órbita da outra, oferecem evidência de que a teoria vale também para campos gravitacionais extremamente fortes, como no caso dos dois objetos massivos. O trabalho foi publicado na edição de 3 de julho da revista Science.

O sistema binário está estruturado de modo que um pulsar eclipsa o outro quando visto da Terra, bloqueando parte da radiação emitida pelo companheiro. E é justamente esse eclipse que forneceu informações sobre a orientação e rotação do pulsar escondido, as quais foram combinadas com dados observacionais dos dois corpos celestes para confirmar a teoria einsteiniana no sistema supermassivo e de altíssima gravidade.

René Breton, do Departamento de Física da Universidade McGill, no Canadá, e colegas monitoraram o pulsar duplo de dezembro de 2003 a novembro de 2007, por meio do Telescópio Green Bank, na Virgínia, Estados Unidos.

Pulsares são objetos pequenos e ultradensos formados quando estrelas massivas morrem e explodem em supernovas. Tais corpos têm massa maior que a do Sol, mas ocupam geralmente uma área menor do que a da cidade de São Paulo. Tudo o mais neles se manifesta exageradamente, seja a velocidade com que se movem, seus campos gravitacionais ou a radiação emitida por seus pólos magnéticos.

Mais de 1,7 mil pulsares foram descobertos na Via Láctea, mas o sistema estudado, de nome PSR J0737-3039A/B, é o único pulsar duplo conhecido. As duas estrelas de nêutrons estão tão próximas uma da outra que o sistema binário inteiro cabe dentro do Sol. O sistema está a 1,7 mil anos-luz da Terra.

“Um pulsar binário fornece as condições ideais para testar os conceitos da Teoria da Relatividade Geral porque, quanto maiores e mais próximos as massas estiverem uma da outra, mais importantes serão os efeitos da relatividade”, disse Breton.
“Nós iremos, portanto, assumir a completa equivalência física entre um campo gravitacional e a correspondente aceleração de um sistema de referência. Esta hipótese estende o princípio da relatividade especial para sistemas de referência uniformemente acelerados”, escreveu Einstein na teoria.

“Ele previu que, em um campo gravitacional forte como esse, o eixo de rotação deveria mudar lentamente de direção, à medida que o pulsar orbita seu companheiro. Imagine um pião no momento em que gira em uma posição levemente não vertical e o eixo de rotação muda de direção aos poucos. Trata-se de um movimento elegante conhecido como precessão”, explicou Victoria Kaspi, líder do Grupo de Pulsares da Universidade McGill e outra autora do estudo.

Os cientistas descobriram que um dos pulsares está realmente em movimento de precessão, como previsto por Einstein em 1915. Se o genial físico alemão estivesse errado o pulsar não se moveria dessa forma.

“Até o momento a teoria de Einstein passou por todos os testes que foram conduzidos, inclusive esse nosso. Podemos dizer que se alguém, um dia, quiser propor uma teoria alternativa, deverá concordar com diversas comprovações, como as que verificamos”, disse Breton.

O artigo Relativistic spin precession in the double pulsar, de Rene Breton e outros, pode ser lido por assinantes da Science em http://www.sciencemag.org.

Darwinismo aplicado à mídia

quarta-feira, julho 02, 2008

Quem disse que a teoria da evolução por meio da seleção natural não é uma Theoria perennis??? Darwin explica até jornalismo... Explica tudo. Até o inexplicável.

Fui, pensando que está faltando muita coragem na Grande Mídia tupiniquim para questionar uma teoria nos seus estertores epistêmicos desde o século 20, mas que se mantém como ortodoxia na mídia e nos livros-texto de Biologia.

Alô Alberto Dines, faltou objetividade aqui nas suas especulações em relação aos pressupostos darwinianos mesmo que direcionados tão-somente à mídia.

+++++

DARWINISMO NA MÍDIA

Exercícios especulativos sobre a
evolução e extinção das espécies

Por Alberto Dines em 1/7/2008

A obra será conhecida com o título Sobre a origem das espécies; seu conteúdo revolucionário, designado como "Teoria da Evolução pela Seleção Natural", foi apresentado há exatos 150 anos (1/7/1858) por Charles Darwin e Alfred Russel Wallace à Sociedade Linneana de Londres.

[Nota do blogger: Darwin e Wallace não apresentaram o trabalho, mas Lyell e Hooker]

Os naturalistas não mudaram o mundo, mudaram a percepção da humanidade diante das mutações da Natureza. A teoria não se confina à biologia, zoologia ou antropologia – pode ser estendida a todos os campos do conhecimento. Inclusive a cosmologia.
O homem e o homem em sociedade (para usar a expressão consagrada por Hipólito da Costa na primeira linha do primeiro texto do primeiro periódico a circular no Brasil) também são condicionados pelos mecanismos que o darwinismo identificou na Natureza. De onde se conclui que as relações sociais e, por extensão, a comunicação, também podem ser observadas através da ótica evolucionista.

Em qualquer esfera, a mesma premissa: onde há conflito e mudança só duas opções são possíveis: extinção ou acomodação. As espécies sobreviventes não são as mais fortes e, sim, as mais aptas a adaptar-se. Aptidão no caso não é fórmula voluntarista para uso tópico. É resultado de estruturas com capacidade para se reproduzir em ambientes hostis, mesmo que a custa de arranjos genéticos.

Jornalismo integral

Veja-se o caso da sobrevivência da "espécie-Livro", que passou por diversos formatos e tecnologias ao longo de alguns milênios porque soube preservar o seu DNA – divulgação portátil de conhecimentos – e acomodar-se continuamente às novas situações.

Agora que os vendedores das novas tecnologias da informação associados aos filósofos do marketing decretaram o fim da "espécie-Jornal", conviria utilizar a hipótese darwinista-wallacista como exercício especulativo ou, pelo menos, como homenagem a este monumento da racionalidade.

Antes, algumas provocações: o vaticínio apocalíptico refere-se à extinção da "espécie-Jornal", fim da "espécie-Jornalismo" ou desaparição da "espécie-Empresa Jornalística"?

A distinção é essencial porque o jornalismo (= emissão periódica de relatos factuais) antecede a criação do jornal (um dos muitos veículos utilizados com este fim). Já a "espécie-Empresa Jornalística" entra neste questionamento porque, embora ainda não tenha sido inventada uma organização mais apta a produzir o jornalismo integral, está na berlinda porque foi incapaz de preservar os atributos da "espécie-Jornal" depois de uma profícua existência de 400 anos.

Componentes essenciais

Como classificar a informação digital? É uma "espécie" sucessora da "espécie-Jornal" ou paralela, como o homem e os primatas? É fruto da inadequação da "espécie-Jornal" com os novos tempos ou acomodação da "espécie-TV" ao meio-ambiente dominado pela informática? O fato de usarem o mesmo veículo (tela ou monitor) não os coloca na mesma "espécie"?

Neste tipo de indagação genética convém sempre prestar atenção à etimologia. Jornalismo vem do francês journal, relacionado a pulsação diária – quotidien é sinônimo de jornal diário. Periodismo, em espanhol, é um termo mais preciso porque o intervalo entre as emissões não é necessariamente diário, pode ser semanal, quinzenal ou mensal. Acontece que a informação digital oferecida nos portais noticiosos não é periódica, é permanente, flui continuamente. É o usuário quem estabelece o ritmo da utilização, ao contrário dos periódicos propriamente ditos nos quais o ritmo comanda o usuário. Os futurólogos prevêem que em breve as casas terão painéis nas paredes para exibir continuamente notícias e entretenimento. Isto seria uma "espécie" híbrida, cruzamento da família digital com a família TV.

Por outro lado, leitores digitais mais exigentes hoje são capazes de periodizar o consumo de informações de acordo com seus hábitos ou necessidades. Basta programar o seu equipamento de modo a receber, em determinado horário, determinados colunistas ou assuntos. Confortável adaptação da "espécie-Jornal" à Era da Informação.

A atualização permanente, massificada, sem o pulsar periódico, tende a atenuar impactos e criar uma "espécie-Jornalismo" marcada pela esterilização, desprovida de palpitação. Imaginar que a intensa participação oferecida pela internet será capaz de suplantar esta algidez é desconhecer alguns componentes essenciais da condição humana, entre os quais a necessidade de submeter-se a convocações é o mais importante.

Exercícios críticos

Vale a pena investir nessas especulações e refletir sobre os fatores que influem na sobrevivência das espécies, sobretudo no tocante às dimensões dos indivíduos. Os dinossauros eram os maiores e mais poderosos vertebrados terrestres e, no entanto, a espécie (e não apenas os indivíduos) desapareceu num curtíssimo lapso. Não estavam aptos às mudanças e às novas condições vigentes no planeta. Não deixaram traços, transformados em subespécies miniaturizadas.

Ao manusear um jornalão de fim de semana, a primeira providencia do leitor é desbastá-lo das inutilidades: cadernos de anúncios classificados (quando não está comprando ou vendendo), falsas capas, encartes publicitários ou cadernos ditos segmentados que não o interessam. Em outras palavras: o próprio leitor converte um paquiderme de papel numa "espécie" mais compacta e mais apta a sobreviver (convém registrar que o design e formato das espécies contribuem consideravelmente para a sua sobrevida).

As dimensões gigantescas da "espécie-Jornalão" não são prova de vitalidade. Robustez nada tem a ver com fitness. O dólar barato, o crédito fácil e a explosão do consumo funcionaram recentemente como incubadoras de dinossauros.

Na Natureza tudo é traumático, há predadores em todos os horários e estações do ano, a seleção natural ocorre incessantemente. Mas as drásticas mudanças na conjuntura econômica mundial e o inevitável rigor deflacionário vão exigir da "espécie-Jornalão" regimes emergenciais de adaptação.

O que nos leva à questão ambiental: em que meio pode produzir-se uma acomodação da "espécie-Jornalão"? Na "espécie-Empresa Jornalística Gigante"? A escala, peso e velocidade inercial de ambos permitirão movimentos ágeis? O inflado aparato tecnoburocrático instalado nesta espécie será capaz de intuir soluções criativas e evolutivas?

Darwin e Wallace tiveram os seus insights no decorrer das pesquisas que separadamente desenvolveram no Brasil. Como homenagem à dupla de cientistas vale a pena desenvolver uma "Teoria da Evolução Aplicada À Mídia" com exercícios críticos capazes de acabar com esta perigosa atitude contemplativa e preparar o espírito para as surpresas do processo de seleção natural.