Pupe, a teoria da evolução de Darwin não seria um modo de pensar autorreferente?

quinta-feira, março 01, 2018

Interessante a afirmação de Stefano Pupe na resenha sobre a biografia de Frederick Crews publicada na Folha de São Paulo, de 25 de fevereiro de 2018, expondo a fraude científica que foi Sigmund Freud e a sua psicanálise:

"Se amanhã descobríssemos que Charles Darwin forjou a viagem no Beagle, a teoria da evolução permaneceria intacta, pois milhares de evidências independentes que a corroboram.

Mas a psicanálise carece de evidências científicas que possam ser observadas ou replicadas independentemente. Ela é, antes de tudo, um modo de pensar autorreferente. Se hoje sabemos que casos famosos foram manipulados e falsificados em vários pontos importantes, como identificar o que é legítimo e verdadeiro no que sobra?"

A resenha de Pupe foi brilhante. Ele é mestre em Psicologia, UFRS, doutor em Neurociências pela UFRN, e pesquisador no Centro Alemão para Doenças Degenerativas em Bonn, Alemanha, mas suas afirmações sobre Darwin e a teoria da evolução merecem ser replicadas. Vejamos:

Se Darwin tivesse forjado sua famosa viagem no Beagle, a teoria da evolução "permaneceria intacta" porque seria corroborada por "milhares de evidências independentes"?

Pupe, apesar da formação acadêmica invejável, não deve ter lido o livro de Darwin - A Origem das Espécies, onde ele não explica como se deu a origem das espécies. Além disso, o livro deveria ter sido intitulado A Origem das Variações, pois Darwin gastou quatro capítulos tendo explicar a origem das variações e não explicou.

Como cientista, ele exige que o rigor do contexto de justificação teórica seja aplicado à psicanálise por carecer de evidências científicas que possam ser observadas ou replicadas independentemente. Por que Pupe e a comunidade científica não aplicam esse rigor epistêmico ao Darwinismo: nesses quase 200 anos da teoria da evolução de Darwin, onde estão as "milhares de evidências independentes que a corroboram"?

Pupe sabe que a teoria da evolução é aceita a priori como fato, e isso não seria um modo de pensar autorreferente? E o que dizer dos vários "casos famosos" de manipulação e falsificações de seus "pontos importantes" (vide a História da Ciência), como podemos identificar o que é legítimo e verdadeiro no que sobra da teoria da evolução de Darwin?

Já existe uma nova teoria geral da evolução no pedaço, mas a comunidade científica aborda seus questionamentos intramuros - a Síntese Evolutiva Ampliada/Estendida, que incorporou aspectos neolamarckistas e relegou a seleção natural a um segundo plano. Uma teoria científica natimorta, pois não explica, assim como Darwin não explicou, a origem da informação genética...

Pupe, a teoria da evolução de Darwin através da seleção natural e n mecanismos evolucionários (de A a Z, vai que um falhe...) não é corroborada no contexto de justificação teórica.

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Vide: Biografia aponta fraudes de Freud e põe psicanálise em xeque.