Diferenças irreconciliáveis: pode o darwinismo ser pasteurizado???

segunda-feira, fevereiro 26, 2018


Evolution News | @DiscoveryCSC

20 de fevereiro de 2018, 1:47 AM



Michael Egnor tem criticado a tão chamada “medicina darwinista” como um conceito inútil, pois a ciência médica tem tido sucesso espetacular sem ela. O Darwinismo é sobre a morte do menos apto, focalizada em populações em vez de indivíduos. A medicina é sobre a cura de indivíduos e quem quer que precise de ajuda, inclusive o menos apto, o fraco, e o vulnerável. Como pode o pai da teoria da evolução, Charles Darwin, e o pai da biogênese, pasteurização e vacinas, Louis Pasteur, serem reconciliados?
No PLOS Biology, Samuel Alizon e Pierre-Olivier Méthot tentam fazer justamente isso. O artigo deles é intitulado, “Reconciling Pasteur and Darwin to control infectious diseases” (Reconciliando Pasteur e Darwin para controlar doenças infecciosas) É um objetivo nobre controlar doenças, mas pode funcionar a abordagem conciliatória deles?
O contínuo surgimento de novos patógenos e a crescente propagação de resistência antibiótica em populações bacterianas nos lembram que os micróbios são entidades viva que evoluem em taxas que impactam as intervenções de saúde pública. Seguindo o fio histórico das obras de Pasteur e Darwin mostra como reconciliar a microbiologia clínica, ecologia, e a evolução podem ser instrumental no entendimento de patologia, desenvolver novas terapias, e o prolongamento da eficiência das existentes. [Ênfase adicionada.]
Os autores destacaram que Darwin e Pasteur provavelmente nunca se comunicaram. “Pasteur e Darwin assistiram o Congresso Médico Internacional em Londres em 1881 mas não trocaram palavras”, eles disseram. É duvidoso que as palavras de Pasteur para Darwin teriam sido amigáveis. De acordo com seu neto, a cosmovisão de Pasteur tinha mais em comum com o design inteligente do que com o naturalismo darwinista:
Algo lá no fundo de nossa alma nos diz que o universo é mais do que um arranjo de certos compostos em um equilíbrio mecânico, que surgiu do caos dos elementos por uma ação gradual das forças da Natureza. (Pasteur Vallery-Radot, Louis Pasteur, p. 157-158).
Pasteur também foi um homem profundamente religioso, e inflexivelmente anti materialista. Ele disse:
A posteridade irá rir um dia da loucura dos filósofos materialistas modernos. Quanto mais eu estudo a natureza, mais eu fico maravilhado da obra do Criador. Eu oro quando estou envolvido no meu trabalho no laboratório. (The Literary Digest, 18 October 1902, via Wikiquote).
Não é difícil supor quais “filósofos materialistas modernos” Pasteur teve na mente. Alizon e Méthot sabem que os dois homens vêm de perspectivas filosóficas muito diferentes.
A vida e as contribuições desses dois cientistas podem, à primeira vista, parecer radicalmente diferentes (Fig 1): enquanto Charles Darwin trabalhou na maior parte sozinho (apesar de uma grande rede de correspondentes), coletou dados no campo para apoiar suas teorias, escreveu livros, e fez relativamente poucos experimentos, Louis Pasteur liderou um ‘exército’ de pesquisadores assistentes que realizaram uma grande variedade de experimentos, escreveu artigos de pesquisas, e tipicamente abordou problemas aplicados de interesse industrial ou saúde pública. Além de terem métodos de pesquisas diferentes, eles tinham perspectivas religiosas contrastantes; Pasteur era conhecido por sua personalidade religiosa, enquanto Darwin se descreveu como um ‘agnóstico’ tarde na sua vida. Todavia, os dois pesquisadores compartilharam da capacidade singular de serem capazes de fazer sentido de observações aparentemente independentes. Os dois também tiveram um  profundo impacto na medicina durante sua vida, sem os dois serem  médicos.
“Os dois também tiveram um  profundo impacto na medicina”, é? Sim, nós vemos que com Pasteur, cujas vacinas e descobertas em microbiologia tem salvado incontáveis milhões de vidas. Para Darwin, a história é bem diferente, como John West recontou em Darwin Day in America, particularmente os capítulos 13-15. E se as motivações de Darwin para a ideologia nazista, eugenia e ditaduras totalitárias forem incluídas, nós poderíamos chamar a abordagem de Darwin de medicina da morte, e a de Pasteur de medicina da vida.
Parece ser uma venda difícil de fazer, unir esses dois homens de extremidades polares opostas de espectro de cosmovisão. Vejamos o que Alizon e Méthot podem tirar da cartola. Eles imediatamente reconhecem seu desafio:
Atualmente a biologia evolucionária tem um lugar marginal dentro da medicina. Até há uma tendência significante de evitar a ‘e-palavra’ na literatura biomédica quando se referir à resistência antimicrobiana. Ainda assim, no século 19, as ciências médicas foram tão entusiastas das ideias de Darwin assim como, inicialmente, foram hostis às ideias de Pasteur. Este apoio, frequentemente implícito, progressivamente chegou a uma parada no século 20 por, pelo menos, duas razões. Primeiro, a proximidade intelectual entre a evolução, eugenia, e a medicina, mais claramente articulado pelo discurso de Karl Pearson em 1912 (‘Darwinism, medical progress, and eugenics’ [Darwinismo, progresso médico, e a eugenia]) e na medicina constitucional de George Draper, tornaram os cientistas cautelosos da implementação de abordagens evolucionárias na medicina, particularmente após a Segunda Guerra Mundia. Experimentos com seres humanos como cobaias na Alemanha Nazista provocou revolta na opinião pública mundial e terminou com as políticas de eugenia, pelo menos no discurso público.
Assustadora a última frase lá: “pelo menos no discurso público.” O que está acontecendo por detrás das portas fechadas nas instituições científicas? Alguns evolucionistas são muito abertos sobre suas opiniões em eugenia, como Michael Egnor tem demonstrado.
A segunda razão pela falta de interesse na medicina darwiniana, disseram os autores, é que “a biologia evolucionária ainda era amplamente considerada como uma ciência observacional e não tinha mais um lugar dentro da nova configuração do conhecimento médico e do treinamento organizado em torno das especialidades [sic] e caracterizada pela experimentação.” Isso nos diz algo importante sobre o Darwinismo; ele é menos na atividade científica da experimentação do que é na arte de tecer narrativas a fim de encaixar as observações no retrato do mundo de Darwin.
Tendo reconhecido o desafio diante deles, Alizon e Méthot fazem um apelo para integrar a evolução no treinamento médico. O modo como eles definem a evolução, todavia, torna não controverso o conselho deles:
Agora há um crescente apoio para o ensino de biologia evolucionária nas faculdades médicas. Quando for ensinar alunos de medicina, todavia, alguém deve chamar a atenção para a série de pressuposições frequentemente feitas no que diz respeito aos estilos de vida ou o valor adaptativo [sic] de certos traços de comportamentos. Além disso, deve ser enfatizado que a medicina e a evolução têm ‘bases conceituais’ diferentes e, tipicamente, dizem respeito a problemas diferentes: enquanto a primeira focaliza na restauração de saúde em nível individual, a segunda estuda as variações biológicas em nível populacional e como as populações mudam ao longo do tempo.
Se isso for tudo que eles estão discutindo, ninguém vai fazer barulho. Até os criacionistas mais ardentes reconhecem que “as variações biológicas em nível populacional e como as populações mudam ao longo do tempo”. A questão então se torna, o que Darwin tem a ver com esse pedido? Variação tem sido observada há milênios. O que fez o Darwinismo tão controverso foi a sua afirmação de que toda a biosfera se originou de uma célula primitiva através de processos cegos e não guiados. Para argumentar isso, ele teve que fazer da seleção natural uma força criadora, capaz de criar asas e olhos onde nenhum deles existia antes.
Na maior parte de seu artigo, Alizon e Méthot falam sobre resistência antibacteriana (vide Jonathan Wells, Zombie Science, capítulo 8, para a discussão do que isso tem a ver com o Darwinismo). Eles sugerem as práticas médicas que são mais adequadas para controlar eficientemente surtos de cepas resistentes. O Darwinismo parece só marginalmente envolvido aqui, apoiado por referências ocasionais de situações de “corridas armamentista evolucionária” e “co-evolução.” Os autores a ilustram com exemplos, tais como quando a estratégia ‘ataque duro e rápido’ do médico com antibióticos cria realmente condições para mutantes virulentos se multiplicarem. Todavia, nada disso precisa envolver Darwin. É a dinâmica da população, não é a criação de novidade.
Eles mencionam “o surgimento de novas infecções” dizendo que “o surgimento frequentemente envolve adaptação a novos hospedeiros”, mas isso não envolve a origem das espécies ou a criação de novos designs complexos. Como Michael Behe de modo convincente destacou no seu livro The Edge of Evolution [O limite da evolução], os mutantes se tornam resistentes quebrando as coisas. Uma bactéria pode quebrar a sua interface com uma droga, por exemplo, alcançando a resistência mas não criando nada novo. Em uma recente edição do ID the Future, Ann Gauger descreveu esse tipo de “evolução” como “jogando as cadeiras do convés a fim do barco navegar mais rápido.”
A interação entre o parasita e o hospedeiro tem mais a ver com ecologia do que evolução. Alizon e Méthot repetidamente confundem os dois, fazendo-a parecer como se a interação dinâmica de variantes nos parasitas e hospedeiros são sempre darwinistas em natureza. Não necessariamente; se nenhuma nova informação for adicionada, se nenhuma estrutura complexa inovadora for criada, então nenhum organismo faz o tipo de progresso ascendente que Darwin imaginou. É um derby de demolição. O navio que lançar fora a maior parte de sua carga e permanece flutuando é o que ganharia. Esse tipo de ‘evolução’ não é a que Darwin teve em mente. Uma das ilustrações no artigo de Alizon e Méthot mostra as cepas resistentes  presentes no hospedeiro, dada a oportunidade de proliferarem quando os antibióticos exterminam a maioria da células não resistentes.
Tipicamente, as cepas resistentes perdem a capacidade de competir na natureza, somente tendo exito em ambientes artificiais como hospitais. Os autores até destacaram isso:
Baseado em conjuntos de dados dos Estados Unidos e Irlanda, também tem sido argumentado que tamanhos maiores de hospitais favorecem a propagação da resistência antibiótica, uma interpretação sendo que uma rede de pequenos hospitais maximizam o risco de extinções estocásticas de variantes resistentes surgidas recentemente.
Essas “extinções estocásticas” ocorrem porque as variantes resistentes recentemente surgidas não podem competir em ambientes mais realistas, onde as cepas "selvagens" não tiveram que lançar fora sua carga e cadeiras do convés. Entendendo tais fatores ecológicos levam alguns hospitais a liberar pacientes mais cedo para suas casas, de modo que as reservas de cepas resistentes têm de competir com cepas mais fortes (e menos virulentas) no ambiente natural. Alguns hospitais estão fornecendo ambientes como jardins onde os pacientes podem ser expostos a condições naturais menos higiênicas. Esses ambientes encorajam a recuperação não somente pela remoção mais rápida de cepas resistentes, mas em fornecer aos pacientes com oportunidades para o bem estar mental que a beleza natural engendra.
Adicionalmente, a evidência está crescendo de que a bactéria pode obter genes de resistência através da transferência horizontal de gene, tal como de bactéria do solo. Se assim for, também não há nada darwinista sobre isso. O partilhar de informação preexistente indica design, não evolução.
Concluindo, há uma necessidade urgente de se mudar de uma perspectiva de erradicação para uma de controle como já defendida em 1955 por René Dubos ou em 2000 por Joshua Lederberg. Nós devemos adicionar na busca por ‘balas mágicas’ o desenvolvimento de estratégias para controlar e mitigar a evolução patógena. Nesse sentido, as intervenções que têm uma forte dimensão ecológica e evolucionária, tais como o transplante de microbiotas, novas maneiras de administrar remédios (variando as doses, alternando ou combinando moléculas), ou até avanços na fagoterapia, poderia ser o futuro da saúde pública.
Todos os benefícios propostos de “perspectivas ecológicas” na medicina podem ser alcançadas sem o Darwinismo. É difícil de entender por que alguns Darwinistas são tão esforçados em importar o Darwinismo em uma área que não precisa dele e que tem sofrido por causa dele.
Em qual base podem Alizon e Méthot pleitear que o conselho deles seria bom para humanos em sofrimento? O que Darwin tem a ver em ajudar o fraco? Os humanos, na opinião de Darwin, chegaram por acidente, não têm valor excepcional nenhum, e irão se extinguir no tempo. A visão darwinista da humanidade é amoral e cruel. Se as bactérias vencerem os humanos, isso apenas mostra quem venceu a corrida armamentista evolucionária e demonstrou a sobrevivência do mais apto. Se você vir um médico darwinista em sua cama hospitalar, puxe o alarme, porque você não será capaz de saber se ele está torcendo para você ou pelos germes.
A melhor maneira de pasteurizar a medicina é aumentar a temperatura até que as ideias darwinistas prejudiciais, como eugenia e sobrevivência do mais apto, desapareçam. O resultado será um empreendimento médico vibrante promovendo a saúde e o bem-estar humanos com motivos puros.