Presidente da Universidade de Chicago deplora "esforços em suprimir a discussão da obra de Charles Darwin"
Sarah Chaffee 30 de agosto de 2016 2:03 PM | Permalink
Tentativas de limitar a liberdade de expressão nos campi das faculdades americanas são muitas – por exemplo, em Yale, os estudantes censuraram o professor Nicholas Christakis depois que ele sugeriu que a escola não deveria regulamentar as fantasias do Halloween que não fosse culturalmente sensitivas.
Finalmente alguém decidiu levantar-se e defender a liberdade de expressão como um princípio definidor de educação. Neste verão, Jay Ellison, deão dos alunos da Universidade de Chicago, enviou uma carta a todos os alunos ingressantes, afirmando:
“Uma vez aqui você irá descobrir que uma das características definidoras da Universidade de Chicago é o nosso compromisso à liberdade de pesquisa e de expressão. Isso é obtido no relatório da faculdade da Universidade sobre liberdade de expressão. Membros de nossa comunidade são encorajados a falar, escrever, ouvir, desafiar, e aprender, sem medo de censura. Civilidade e respeito mútuo são vitais para todos nós, e a liberdade de expressão não significa a liberdade de perseguir ou ameaçar os outros. Você descobrirá que nós esperamos que os membros de nossa comunidade se envolvam em debate rigoroso, discussão, e até a divergência. Às vezes isso pode lhe desafiar e até provocar desconforto.
Nosso compromisso com a liberdade acadêmica significa que nós não apoiamos as tão-chamadas “notas de advertência”, nós não cancelamos palestrantes convidados porque seus tópicos possam se mostrar controversos, e nós não permitimos a criação de “espaços intelectuais seguros” onde os indivíduos podem fugir das ideias e perspectivas em desacordo com as suas.
Encorajando o livre intercâmbio de ideias reforça uma prioridade relacionada da Universidade – a construção de um campus que dá as boas-vindas às pessoas de todos os backgrounds. A diversidade de opinião e background é uma força fundamental de nossa comunidade. Os membros de nossa comunidade devem ter a liberdade de esposar e explore uma grande variedade de ideias.”
(Repare que a Universidade esclareceu que isso não proíbe o uso de notas de advertência ou de estabelecer espaços seguros). A carta recebeu atenção nacional e gerou controvérsia. Professores da escola e de escolas diferentes por todo o país, e a Foundation for Individual Rights in Education (FIRE) [Fundação para os Direitos Individuais na Educação], entre outras, elogiaram corretamente a posição da Universidade. A FIRE destaca que ela “espera que os estudantes, a faculdade, e os administradores por todo o país sigam o exemplo da UC e o recompromisso à liberdade de expressão em seus campi."
A carta segue um relatório gerado por um grupo universitário especialmente organizado sobre a liberdade de expressão.
Robert J. Zimmer, presidente da Universidade de Chicago, seguiu a carta com um artigo opinativo no Wall Street Journal, “Free Speech Is the Basis of a True Education” [Liberdade de expressão é a base da verdadeira educação]. Após discutir as capacidades intelectuais que os estudantes precisam para vidas bem sucedidas, inclusive reconhecendo as diferenças culturais, identificando a complexidade, e se envolvendo no pensamento crítico sobre a evidência, Zimmer afirmou:
“Uma palavra resume o processo pelo qual as universidades transmitem essas capacidades: questionando. O questionamento produtivo e informado envolve desafiar as premissas, os argumentos e as conclusões. Isso demanda perspectivas múltiplas e diversas, e ouvir as opiniões dos outros. Isso requer entender o poder e as limitações dos argumentos. Mais fundamentalmente, o processo de questionar demanda uma capacidade de repensar suas próprias premissas, frequentemente a tarefa mais difícil de todas.
Essencial a este processo é um ambiente que promove a liberdade de expressão e o livre intercâmbio de ideias, garantindo que as perguntas difíceis sejam feitas, e que as perspectivas diversas e desafiadoras sejam consideradas. Isso ressalta a importância da diversidade entre os estudantes, faculdade e visitantes – diversidade de background, crença e experiência. Sem isso, a experiência dos estudantes se torna uma imitação fraca de uma verdadeira educação, e o valor dessa educação é seriamente diminuída.”
Ninguém poderia pedir um endosso mais profundo da liberdade de expressão nas universidades. O conceito de liberdade de expressão é crucial para quaisquer áreas, inclusive no debate sobre o Darwinismo. Embora ele esteja quase que certamente se referindo historicamente ao Darwinismo, repare na menção da evolução por Zimmer:
“... Algumas pessoas afirmam que as universidades deveriam ser abrigos contra o desconforto intelectual e que seus desconfortos com visões conflitantes e desafiadoras deveriam sobrepor o valor do discurso livre e franco.
Nós temos visto esforços para reprimir a discussão da obra de Charles Darwin, e insistir sobre perspectivas políticas particulares durante a era McCarthy, para impor atos excludentes de discriminação racial e religiosa, e exigir a observância de várias formas de comportamentos “morais”.
O silenciamento sendo defendido hoje é igualmente problemático. Toda tentativa de legitimar o silenciamento cria justificação para outras pessoas restringirem o discurso que elas não gostarem no futuro. [Ênfase adicionada por este autor.]
Uau! Hoje a situação está invertida: quem questiona a obra de Darwin enfrentam descriminação. Mas a posição da Universidade de Chicago, pelo menos em princípio, apoiaria o livre debate sobre o neodarwinismo e o design inteligente, juntamente com outras questões.
Ah, se os proponentes do Design Inteligente enfrentassem essa perspectiva rotineiramente. Talvez Eric Hedin, físico na Universidade Estadual Ball, ainda estaria lecionando seu curso interdisciplinar livre, “Boundaries of Science” [Limites da ciência], que incluía algum material sobre Design Inteligente. Talvez o Centro Michael Polanyi na Universidade Baylor ainda existisse, e com Dembski no comando.
Zimmer proclama que as violações da liberdade abrem o caminho para restrições futuras.
E o professor Geoffrey Stone, diretor da Comitê de Liberdade de Expressão da Universidade de Chicago, em um artigo citado por FIRE, destaca que a liberdade acadêmica é chave porque, primeiro, “a experiência amarga tem ensinado que até as ideias que nós temos como as mais certas, frequentemente se mostram erradas”, segundo, silenciar alguns discursos resulta em mais silenciamentos, e terceiro:
“[Um] preceito central da liberdade de expressão é a possibilidade de um efeito inibidor... Os custos potenciais de falar corajosamente, de tomas posições controversas, de correr riscos, é muito maior do que antes. Na verdade, de acordo com recente pesquisa, quase a metade dos estudantes de faculdades americanas dizem que agora é inseguro para eles expressarem pontos de vistas impopulares. Muitos membros de faculdade claramente partilham desse sentimento.”
Os pontos destacados por Stone acertam o alvo: a intolerância da dissenção do Darwinismo tem gerado todas essas três questões.
Muito embora a posição da Universidade de Chicago não aborde especificamente o Design Inteligente, qualquer passo em direção à liberdade acadêmica no campus é benéfica. A liberdade de expressão evita uma espiral descendente de discriminação de ponto de vista, permitindo ideias novas (e algumas vezes mais exatas) a virem à frente.
Afinal de contas, como destacou Zimmer:
“As universidades não podem ser vistas como um santuário de conforto, mas antes como um cadinho de alto forno, e aprendendo assim a fazer julgamentos informados em ambientes complexos. Tendo as premissas de alguém desafiadas e experimentando o desconforto que algumas vezes acompanha este processo são partes intrínsecas de uma educação excelente. Somente então os estudantes irão desenvolver as capacidades necessárias para construírem seus futuros e contribuírem para a sociedade.”
Já é hora das universidades estenderem proteções para aqueles que questionam o neodarwinismo. Talvez o ressonante endosso de liberdade acadêmica da Universidade de Chicago irá abrir mais portas para os céticos da evolução. Nós elogiamos a Robert Zimmer, Jay Ellison, e o Comitê de Liberdade de Expressão da Universidade de Chicago pela coragem.