Luiz Felipe Pondé: Não existe liberdade de pensamento na universidade brasileira. Especialmente quando a questão é Darwin...

segunda-feira, junho 15, 2015

LUIZ FELIPE PONDÉ


Da missa a metade

A universidade está longe de ser uma instituição livre, por causas internas à própria máquina acadêmica


Tenho acompanhando a polêmica da PUC e a proibição da cátedra Foucault. Mas, se formos falar da liberdade de pensamento que a universidade supostamente defende (e que foi apontada pelos colegas que criticaram a PUC duramente), não me parece que o assunto seja tão simples. E não me refiro apenas a universidades ligadas a instituições religiosas. As públicas também caçam suas bruxas.

Numa frase: não existe liberdade de pensamento na universidade. Isso é uma falácia. A universidade corre o risco de virar um celeiro de crenças ideológicas, vendidas aos alunos como "saber".

Esta suposta liberdade de pensamento, que oporia aqui a Igreja Católica a uma universidade livre, é matéria de dúvida para qualquer um que conheça a realidade universitária. Não existe liberdade de pensamento na universidade e a igreja está longe de ser o maior ator em termos de "censura".

Voltemos ao contexto: a Igreja Católica proibiu a instalação de uma cátedra Foucault na PUC. Cátedras são instrumentos de poder na universidade. Uma cátedra significa a difusão de uma visão de mundo. E de verbas, claro.

Levantemos alguns cenários sobre o tema da liberdade na universidade. A afirmação de que existe uma universidade livre, sendo "oprimida" por instâncias religiosas (no caso específico da PUC), "não é da missa a metade" quando falamos de "censura" à liberdade de ação na academia em geral. Sim, limites teológicos para o conhecimento são ruins mesmo, concordo. Mas, a universidade está longe de ser uma instituição livre, por causas internas à própria máquina acadêmica.
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Leia mais aqui: Folha de São Paulo (Assinantes)


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NOTA DESTE BLOGGER:

Não existe liberdade de pensamento na universidade brasileira, disse Pondé em 2015. Este blogger vem denunciando essa falta de liberdade de pensamento nas universidades brasileiras desde 1998. Especialmente quando paradigmas científicos aceitos são questionados. Mesmo a comunidade científica sabendo, e como sabe, que esses paradigmas já entraram em colapso epistemológico há muitos anos.

Por que é assim? Kuhn disse que quando os paradigmas não respondem a anomalias encontradas nas pesquisas, os que praticam ciência normal varrem essas dificuldades para debaixo do tapete, a vida científica continua, e os novos cientistas que levantam a lebre, são hostilizados e perseguidos como hereges. Esses ares de mudança na ciência somente se dão quando ocorre a "solução biológica" dos que praticam ciência normal, e os novos cientistas assumem as pesquisas e as ideias heréticas são consideradas livremente.

O artigo do Pondé sobre a recusa de uma cátedra Foucault na PUC-SP bem que poderia ser lida ao avesso - a situação daqueles que ousam criticar os paradigmas da origem e evolução do universo e da vida nas universidades tupiniquins - são considerados heréticos, são impedidos de falar sobre isso, têm suas palestras impedidas de serem realizadas no espaço onde deveria ocorrer o debate científico - nas universidades.

Por que essa resistência? É porque os paradigmas colapsaram, e a comunidade científica que defendia esses paradigmas dogmaticamente, foi encontrada em falta. Daí o silêncio pétreo sobre essas questões científicas maiores que demandam um ceticismo maior de suas afirmações.

Pondé, você cravou uma estaca no peito desses mandarins do poder acadêmico tupiniquim!!!