Sexta extinção em massa

quinta-feira, março 03, 2011

3/3/2011

Agência FAPESP – Estima-se que cerca de 4 bilhões de espécies tenham vivido na Terra. Desse total que evoluiu no planeta nos últimos 3,5 bilhões de anos, nada menos do que 99% deixaram de existir.

O número pode impressionar, mas não envolve nada anormal e demonstra como a extinção de espécies é algo comum e equilibrado pela própria especiação, o processo evolutivo pelo qual as espécies se formam. Eventualmente, esse balanço deixa de existir quando as taxas de extinção se elevam. Em alguns momentos, cinco para ser exato, as taxas são tão altas que o episódio se caracteriza como uma extinção em massa.

Após as extinções em massa nos períodos Ordoviciano, Devoniano, Permiano, Triássico e Cretáceo – quando os dinossauros, entre outros, foram extintos –, cientistas apontam que a Terra pode estar se aproximando de um novo episódio do tipo.



Cientistas apontam que taxa de extinção de espécies tem aumentado e que conservação é fundamental para que o homem não seja responsável por uma nova extinção em massa vivida pelo planeta

Em artigo publicado na edição desta quinta-feira (3/3) da revista Nature, um grupo de cientistas de instituições dos Estados Unidos levanta a questão de uma eventual sexta extinção em massa. O artigo tem entre seus autores o brasileiro Tiago Quental, que durante a produção do estudo estava no Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia e desde fevereiro é professor doutor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

“Paleontólogos caracterizam como extinções em massa os episódios em que a Terra perde mais de três quartos de suas espécies em um intervalo geológico curto, como ocorreu apenas cinco vezes nos últimos 540 milhões de anos. Biólogos agora sugerem que uma sexta extinção em massa possa estar ocorrendo, por conta das perdas de espécies conhecidas nos últimos séculos e milênios”, disseram os autores.

O estudo analisou como as diferenças entre dados modernos e obtidos a partir de fósseis e a influência de novas informações paleontológicas influenciam o conhecimento a respeito da crise de extinção atual.

“Os resultados confirmam que as taxas de extinção atuais são mais elevadas do que se esperaria a partir [da análise] dos registros fósseis, destacando a importância de medidas efetivas de conservação”, afirmaram. Como exemplo, citam que, nos últimos 500 anos, das 5,5 mil espécies de mamíferos conhecidas pelo menos 80 deixaram de existir.

“Se olharmos para os animais em perigo crítico de extinção – aqueles em que o risco de extinção é de pelo menos 50% em três gerações ou menos – e assumirmos que seu tempo acabará e que eles sumirão em mil anos, por exemplo, isso nos coloca claramente fora do que poderíamos considerar como normal e nos alerta que estamos nos movendo para o domínio da extinção em massa”, disse Anthony Barnosky, curador do Museu de Paleontologia e professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, principal autor do estudo.

“Se as espécies atualmente ameaçadas – aquelas classificadas oficialmente como em risco crítico, em risco ou vulneráveis – realmente se extinguirem, e se essa taxa de extinção continuar, a sexta extinção em massa poderá chegar tão cedo quanto de três a 22 séculos”, disse.

Entretanto, segundo os autores do estudo, não é tarde demais para salvar muitas das espécies em risco de modo a que o mundo não ultrapasse o ponto em retorno rumo à nova extinção em massa.

“Ainda temos muita biota da Terra para salvar. É muito importante que direcionemos recursos e legislação para a conservação de espécies se não quisermos nos tornar a espécie cuja atividade causou uma extinção em massa”, afirmou.

O artigo Has the Earth’s sixth mass extinction already arrived? (doi:10.1038/nature09678), de Anthony Barnosky e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

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Has the Earth’s sixth mass extinction already arrived?

Anthony D. Barnosky, Nicholas Matzke, Susumu Tomiya, Guinevere O. U. Wogan, Brian Swartz, Tiago B. Quental, Charles Marshall, Jenny L. McGuire, Emily L. Lindsey, Kaitlin C. Maguire, Ben Mersey & Elizabeth A. Ferrer

Affiliations

Contributions

Corresponding author

Nature 471, 51–57 (03 March 2011) doi:10.1038/nature09678
Published online 02 March 2011

Abstract

Palaeontologists characterize mass extinctions as times when the Earth loses more than three-quarters of its species in a geologically short interval, as has happened only five times in the past 540 million years or so. Biologists now suggest that a sixth mass extinction may be under way, given the known species losses over the past few centuries and millennia. Here we review how differences between fossil and modern data and the addition of recently available palaeontological information influence our understanding of the current extinction crisis. Our results confirm that current extinction rates are higher than would be expected from the fossil record, highlighting the need for effective conservation measures.


Subject terms: Palaeontology, Environmental science, Ecology, Earth science

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Professores, pesquisadores e alunos de universidades públicas e privadas com acesso ao site CAPES/Periódicos podem ler gratuitamente este artigo da Nature e de mais 22.440 publicações científicas.

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PERGUNTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

As extinções não são um dos mecanismos evolucionários? Gente, querer evitar essas extinções com políticas ambientais de preservação é ir de encontro com a teoria geral da evolução através da seleção natural e n mecanismos evolucionários de A a Z. Afinal de contas, Darwin não é o homem que teve a maior ideia que toda a humanidade já teve? Por que então contrariá-la???

Fui, nem sei por que, pensando que tempos em biologia evolucionária nós estamos vivendo e que Darwin era totalmente ignorante...