Cacto ambulante

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

24/2/2011

Agência FAPESP – A descoberta de uma criatura extinta e inusitada, feita no sudoeste China, é o destaque da edição desta quinta-feira (24/2) da revistaNature.

Apelidado de “cacto ambulante”, o animal amplia o conhecimento sobre a evolução dos artrópodes, filo do qual fazem parte os insetos, as aranhas e os crustáceos.

A descoberta também reacende a questão de se o desenvolvimento do característico esqueleto externo duro dos artrópodes começou ou não com a aquisição de pernas robustas.



Descoberta na China, criatura inusitada que viveu há 500 milhões de anos tinha corpo parecido com o de um verme e pernas cheias de espinhos (divulgação)

A maior parte dos grupos de animais vivos atualmente apareceu primeiramente no registro fóssil durante a chamada explosão do Cambriano, um período de rápida evolução ocorrido há cerca de 500 milhões de anos.

Jianni Liu, do Departamento de Geologia da Universidade Northwest, nos Estados Unidos, e colegas descrevem no artigo agora publicado a descoberta de uma outra espécie no pouco conhecido grupo dos lobopodios (Lobopodia).

O exemplar tinha cerca de 6 centímetros de comprimento e lembra um verme com corpo mole e estreito, mas com dez pares de pernas robustas e cheias de formações que lembram espinhos. A espécie foi classificada como Diania cactiformis, por lembrar um cacto.

Os cientistas responsáveis pelo estudo sugerem que o fóssil encontrado pode representar o organismo mais próximo dos artrópodes modernos de que se tem notícia.

Embora o “cacto ambulante” não seja exatamente o ancestral comum dos artrópodes atuais, ele tem os membros mais robustos e parecidos com os de um artrópode dos lobopodios conhecidos.

Segundo Liu e colegas, isso pode indicar que esse ramo dos lobopodios evoluiu para ter pernas duras antes mesmo que seus corpos endurecessem. Mas não se sabe se essa característica pode se aplicar aos artrópodes em geral.

O artigo An armoured Cambrian lobopodian from China with arthropod-like appendages (doi:10.1038/nature09704), de Jianni Liu e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com

+++++

An armoured Cambrian lobopodian from China with arthropod-like appendages
Jianni Liu, et al

Affiliations
Contributions
Corresponding author

Received 03 October 2010 Accepted 19 November 2010 Published online 23 February 2011

Abstract

Cambrian fossil Lagerstätten preserving soft-bodied organisms have contributed much towards our understanding of metazoan origins1, 2, 3. Lobopodians are a particularly interesting group that diversified and flourished in the Cambrian seas. Resembling ‘worms with legs’, they have long attracted much attention in that they may have given rise to both Onychophora (velvet worms)4, 5, 6 and Tardigrada (water bears)7, 8, as well as to arthropods in general9, 10, 11, 12. Here we describe Diania cactiformis gen. et sp. nov. as an ‘armoured’ lobopodian from the Chengjiang fossil Lagerstätte (Cambrian Stage 3), Yunnan, southwestern China. Although sharing features with other typical lobopodians, it is remarkable for possessing robust and probably sclerotized appendages, with what appear to be articulated elements. In terms of limb morphology it is therefore closer to the arthropod condition, to our knowledge, than any lobopodian recorded until now. Phylogenetic analysis recovers it in a derived position, close to Arthropoda; thus, it seems to belong to a grade of organization close to the point of becoming a true arthropod. Further, D. cactiformis could imply that arthropodization (sclerotization of the limbs) preceded arthrodization (sclerotization of the body). Comparing our fossils with other lobopodian appendage morphologies—see Kerygmachela9, 10, Jianshanopodia13 and Megadictyon12—reinforces the hypothesis that the group as a whole is paraphyletic, with different taxa expressing different grades of arthropodization.

Subject terms: Palaeontology, Evolution, Zoology, Geology and geophysics

++++++

Professores, pesquisadores e alunos de universidades públicas e privadas com acesso ao site CAPES/Periódicos podem ler gratuitamente este artigo da Nature e de mais 22.440 publicações científicas.