Diretor do CBPF comenta veto do Conselho Nacional de Educação a livro de Monteiro Lobato

quarta-feira, novembro 03, 2010

JC e-mail 4129, de 03 de Novembro de 2010.


"Cabe aos pais e mestres orientar seus filhos e pupilos para saber identificar esses temas e colocá-los no contexto da época em que foram escritos"

Leia a mensagem enviada por Ricardo Magnus Osório Galvão, diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) ao "JC e-mail":

"O veto do Conselho Nacional de Educação à obra Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, me fez lembrar um episódio de minha infância. Meu pai sempre incentivou a leitura de livros em casa. Eu e meus irmãos éramos introduzidos aos livros de Monteiro Lobato, em seqüência, logo após terminar o segundo ano primário, quando nossa habilidade de leitura e de compreensão de textos já permitia uma leitura fluente.

Por volta dos dez anos já nos apresentava os livros de Karl May, Arthur Conan Doyle, Malba Tahan e outros autores, cujas obras iam ao encontro do espírito aventureiro de nossa pré-adolescência e fortaleciam nossa capacidade de raciocínio e imaginação.

Um dia, numa visita à escola de freiras onde minha mãe havia estudado em nossa terra natal, Itajubá, Minas Gerais, ao ser apresentado por ela à Madre Superiora (eu tinha por volta de onze anos), esta perguntou sobre minhas leituras. Comecei logo a falar entusiasticamente sobre os Doze Trabalhos de Hércules, um dos livros que mais me atraíam na obra de Lobato.

A Madre Superiora chamou minha mãe para uma conversa particular e a repreendeu fortemente, porque os livros de Monteiro Lobato estariam proibidos pela Igreja Católica, por ele apresentar a Teoria de Darwin sobre a evolução das espécies.

Minha mãe não retrucou, mas, embora bastante católica, não atendeu imediatamente à Madre Superiora. Ao retornar a Niterói procurou o orientador pedagógico do Colégio Salesiano Santa Rosa e perguntou sobre como deveria proceder para nos dar uma formação ampla sem ferir suas convicções religiosas.

Felizmente o orientador, professor Valmor Chagas, tinha uma mentalidade bastante aberta e disse-lhe explicitamente que a orientação da Madre Superiora se devia a uma falta de entendimento mais profundo sobre a evolução da ciência.

Informou-lhe que, já no início de seu mandato, o Papa Pio XI havia esclarecido que a Teoria de Darwin não era contraditória à crença em Deus, e que este modelo de evolução era apresentado no colégio, dentro das aulas de biologia, aos alunos do quarto ano do ginásio.

Esta informação felizmente tranqüilizou minha mãe, de forma que meus irmãos menores puderam continuar a saborear os livros de Lobato. Tivesse ela tomado outra atitude, meus irmãos menores poderiam ter ficado privados dessa deliciosa aventura intelectual.

O veto do Conselho Nacional de Educação, embora em outro contexto, parece reproduzir a falta de visão da Madre Superiora. Além do livro Caçadas de Pedrinho, em praticamente todos os livros dos autores acima mencionados, Karl May, Arthur Conan Doyle, Malba Tahan, ou nos livros de Tarzan, podem ser encontradas passagens, as quais, em termos dos conceitos modernos, poderiam ser consideradas preconceituosas ou racistas. Mas colocá-las em um "Index" seria também contrário à visão moderna de acesso universal ao conhecimento. [1]

Cabe, isto sim, aos pais e mestres orientar seus filhos e pupilos para saber identificar esses temas e colocá-los no contexto da época em que foram escritos. Essa seria a atitude correta para fortalecer a formação intelectual e humana de nossa juventude."

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[1] NOTA DESTE BLOGGER:

Ricardo Magnus Osório Galvão, diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), desconhece (será??? Duvido!), mas a Nomenklatura científica impede o acesso universal ao conhecimento das insuficiências fundamentais da atual teoria da evolução através da seleção no contexto de justificação teórica conforme discutido intramuros e na literatura especializada, e aqui neste blog. 

Sua proposta de colocar sobre os  ombros dos pais e mestres a responsabilidade de orientar os filhos, alunos e pupilos, é impraticável por algumas razões:

1. A maioria dos pais não tem conhecimento científico adequado para abordar essas questões.

2. Apesar a LBD 9394/96 e os atuais PCNs preconizarem a formação de um espírito crítico dos alunos e que as teorias científicas são construtos humanos sujeitas à revisão ou simples descarte [mudança paradigmática], isso não ocorre em salas de aula porque os professores operam cegamente dentro do paradogma darwiniano sem nenhum questionamento por parte dos alunos. Quando isso ocorre, os alunos são podados no seu espírito crítico trazendo à baila essas dificuldades teóricas fundamentais, mesmo que sua motivação seja estritamente secular e científica.

3. Os livros didáticos de Biologia do ensino médio aprovados pelo MEC/SEMTEC/PNLEM abordam o fato, Fato, FATO da evolução com duas fraudes e algumas evidências científicas distorcidas. Esta situação de 171 epistêmico foi denunciado em 2003 e 2005 no MEC, mas nenhuma providência foi tomada nesse sentido. Ciência e mentira não podem andar de mãos dadas!!!

Haja objetividade educacional e acesso universal ao conhecimento! O nome disso não é EDUCAÇÃO, mas DOUTRINAÇÃO.