Um quinto dos vertebrados corre risco de extinção

quarta-feira, outubro 27, 2010

Um quinto dos vertebrados corre risco de extinção


27/10/2010

Agência FAPESP – A má notícia é que um número crescente de aves, anfíbios, répteis, peixes e mamíferos tem se aproximado da extinção. A boa notícia é que o número poderia ser pior, não fossem as medidas de conservação colocadas em prática em todo o mundo nas últimas décadas.


Nesta terça-feira (26/10), em Nagoia, no Japão, durante a 10ª Conferência das Partes (COP 10) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), foi divulgado o resultado de um grande estudo que procurou avaliar o estado atual dos vertebrados no planeta.



Estudo divulgado na COP 10 avalia estado atual dos vertebrados. Em média, 52 espécies se aproximam da extinção a cada ano (divulgação)


O trabalho foi feito por 174 cientistas de diversos países, entre os quais o Brasil. Os resultados foram publicados na edição on-line da Science e sairão em breve na edição impressa da revista.

Foram analisados dados de vertebrados, incluindo as mais de 25 mil espécies presentes na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). O problema é tão grande que o grupo afirma se tratar da sexta extinção em massa na história do mundo.

O estudo mostra que um quinto dessas espécies pode ser classificado como “ameaçado” e que o número tem aumentado. Em média, 52 espécies de mamíferos, aves e anfíbios se movem de categoria a cada ano, aproximando-se da extinção.

Do total de vertebrados existentes, 20% estão sob alguma forma de ameaça, incluindo 25% de todos os mamíferos, 13% das aves, 22% dos répteis, 41% dos anfíbios, 33% dos peixes cartilaginosos e 15% dos peixes com osso.

Nas regiões tropicais, especialmente no Sudeste Asiático, estão as maiores concentrações de animais ameaçados e, segundo o levantamento, a situação é particularmente séria para os anfíbios. A maior parte dos declínios é reversível, destacam, mas se nada for feito a extinção pode se tornar inevitável.

Os declínios poderiam ter sido 18% piores se não fossem as medidas de conservação da biodiversidade postas em prática. Esforços para lidar com espécies invasoras se mostraram mais eficientes do que as direcionadas a fatores como perdas de habitat ou caça, aponta o trabalho.

Os autores destacam a importância e a urgência das políticas públicas para conservação da biodiversidade. Segundo eles, decisões tomadas hoje poderão representar, daqui a 20 anos, uma diferença na área preservada das florestas atuais no mundo de cerca de 10 milhões de quilômetros quadrados – algo maior do que o tamanho do Brasil.

O artigo The Impact of Conservation on the Status of the World’s Vertebrates (doi:10.1126/science.1194442), de Michael Hoffmann e colegas, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencexpress.org
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NOTA SÉRIA DESTE BLOGGER:

Quando leio pesquisas assim eu me pergunto: por que estamos chorando as pitangas com a extinção desses animais se a extinção é um dos meios pelo qual o fato, Fato, FATO da evolução ocorre? Ora, se deploramos a extinção desses animais, e eu endosso esta preocupação ecológica por n razões, não está na hora de se perguntar se os ecossistemas não seriam sistemas de complexidade muito maior do que nossas teorias preconizam? 

Ah, mas fazer perguntas assim vai cair em teleologia (Argh, isso é como cometer um assassinato epistêmico contra Darwin). Pereça tal pensamento, e perecendo tal pensamento, só podemos lastimar as extinções e nos alegrar de testemunharmos a evolução em ação diante de nossos olhos...


Preocupação pela conservação das espécies, só se os ecossistemas tiverem complexidade irredutível, mas isso, para mim, ainda não é uma ideia epistemicamente robusta.