L’Oréal-Unesco premia pesquisadoras

quinta-feira, setembro 30, 2010

30/9/2010

Agência FAPESP – O Programa L’Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência premiou as ganhadoras da edição deste ano do prêmio que é concedido desde 2006. A cerimônia foi realizada no dia 23 no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

O programa é realizado pela empresa L’Oréal em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). No Brasil, conta com apoio da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Cada vencedora recebeu bolsa-auxílio no valor de US$ 20 mil para desenvolver projetos de pesquisa no período de um ano.



Premiação realizada com a ABC concede bolsas de US$ 20 mil. Duas ganhadoras tiveram Bolsa da FAPESP (divulgação)

Em cinco anos de existência, o programa já distinguiu 33 jovens pesquisadoras. Das sete contempladas neste ano – que concorreram com mais de 400 outras – duas tiveram trabalhos apoiados pela FAPESP. Káthia Maria Honório, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), e Simone Appenzeller, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ganharam, respectivamente, nas áreas de Ciências Químicas e de Ciências Biomédicas, Biológicas e da Saúde.

As outras vencedoras foram Audrey Helen Mariz de Aquino Cysneiros (Universidade Federal de Pernambuco), Lucimara Pires Martins (Universidade Cruzeiro do Sul), Bruna Romana de Souza (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), Cristiane Matté (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Patrícia Fernanda Schuck (Universidade do Extremo Sul Catarinense).

Káthia foi contemplada pelo estudo intitulado “Inibição da sinalização TGF-beta: planejamento de substâncias bioativas com potenciais aplicações para o tratamento de fibrose, aterosclerose e câncer”. O fator transformador de crescimento beta é uma molécula produzida pelo organismo, responsável por processos como a divisão celular.

“Em células normais, o TGF-beta atua como supressor de tumores, mas em células cancerosas essa capacidade de inibição é seletivamente perdida, induzindo efeitos que causam crescimento e metástase das células tumorais”, disse Káthia à Agência FAPESP. A professora do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza da EACH foi bolsista de Pós-Doutorado da FAPESP.

Segundo ela, vários estudos indicam que a inibição da sinalização do TGF-beta, por meio do uso de pequenas moléculas, pode vir a ser um método eficiente para o tratamento de doenças como fibrose, aterosclerose e câncer.

“As principais etapas do projeto de pesquisa envolvem a identificação e o planejamento de novas substâncias bioativas, potenciais inibidores da sinalização TGF-beta. Se a partir de métodos computacionais e estudos de modelagem molecular, entre outros, conseguirmos produzir uma nova substância que se ligue ao receptor, impedindo tanto a entrada do TGF-beta como o processo de sinalização de divisão celular, poderemos vir a ter um medicamento para o tratamento dessas doenças”, disse.

Já o trabalho de Simone Appenzeller, intitulado “Avaliação da saúde sexual e qualidade de vida em mulheres com doenças reumáticas”, busca alternativas de tratamento para que mulheres com doenças reumáticas crônicas possam ter uma melhora, não só da qualidade de vida, como também da sexualidade.

“Nossa intenção é melhorar a autoestima daquelas que sofrem com doenças como o lúpus e mostrar que elas podem ter uma vida normal”, explicou Simone, que atualmente recebe apoio da FAPESP por meio do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes.

O estudo avaliou mudanças nas relações interpessoais, alterações provocadas pelos medicamentos e o possível aumento do risco de neoplasia. “Apesar de afetar uma pequena parcela da população, a descoberta do lúpus provoca diversas reações. Algumas pacientes casadas chegam a terminar os seus relacionamentos, enquanto outras ficam deprimidas e param de se relacionar em seu meio social”, diz Simone, que é professora do Departamento de Clínica Médica da Unicamp.

Bruna Romana foi contemplada com a pesquisa “Papel dos hormônios gonadais no reparo tecidual cutâneo de camundongos cronicamente estressados”. A pesquisa propõe estudar o efeito do estresse psicológico crônico nos roedores, visando a propor novas estratégias para melhorar a qualidade de vida dos pacientes ao analisar a reação do estresse na cicatrização da pele sob baixas taxas de hormônios sexuais

Durante o estresse, camundongos e humanos liberam os hormônios epinefrina e norepinefrina, de extrema importância no reparo tecidual cutâneo. Segundo o estudo, em alta dosagem esses hormônios podem ser nocivos à saúde.

Os hormônios gonadais (estrógenos e testosterona) protegem o organismo contra efeitos nocivos da epinefrina e norepinefrina, mas o problema é quando existe uma redução dos estrógenos na mulher e da testosterona no homem.

O trabalho “Avaliação do efeito do exercício físico materno durante a gestação sobre parâmetros de metabolismo energético e estresse oxidativo no encéfalo de rato”, de Cristiane Matté, avaliou efeitos que exercícios físicos durante a gravidez (em ratas) produzem nos filhotes.

Patrícia Schuck foi premiada pela pesquisa “Mecanismos fisiopatológicos da fenilcetonúria: estudo dos efeitos in vivoda fenilalanina”, que busca investigar os efeitos da fenilcetonúria, uma doença genética em que a ausência de uma enzima que processa um aminoácido (a fenilalanina) faz com que ele se acumule no organismo.

Em Ciências Matemáticas, o trabalho vencedor foi o de Audrey Cisneiros, intitulado “Teoria assintótica de mais alta ordem”, que visa à obtenção de ajustes para estatística de teste.

Na área de Ciências Físicas a contemplada foi Lucimara Pires Martins com o estudo “A maior e mais completa biblioteca estelar de alta resolução para síntese de populações estelares”, que busca aperfeiçoar os modelos utilizados para o estudo das diferentes estrelas que compõem uma galáxia.

Mais informações: http://loreal.abc.org.br

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