Estudo encontra fóssil mais antigo de animal

quarta-feira, agosto 18, 2010

JC e-mail 4077, de 18 de Agosto de 2010.


Achado de 650 milhões de anos na Austrália é o registro mais antigo de seres complexos; estrutura pertenceu a esponjas marinhas primitivas

Numa descoberta que empurra para trás a data do surgimento dos primeiros animais no planeta Terra, cientistas da Universidade Princeton, nos Estados Unidos, anunciam a descoberta dos mais antigos fósseis de um corpo animal, o que indica que criaturas primitivas semelhantes a esponjas viviam em recifes marinhos há 650 milhões de anos.

Os fósseis, descobertos debaixo de um depósito glacial de 635 milhões de anos no sul da Austrália, representam a mais antiga evidência de corpo animal, superando o recorde anterior em pelo menos 70 milhões de anos.

Na primeira metade da Era Neoproterozoica (de 1 bilhão a 542 milhões de anos atrás), a Terra viveu um período de grande agitação: à fragmentação do macrocontinente conhecido como Rodinia foram somadas mudanças na composição dos oceanos, que passaram de uma composição química rica em sulfatos a uma abundante em ferro, e o incremento notável dos níveis de oxigênio na atmosfera.

Poderia se dizer que esse período constituiu a revolução biológica mais importante que o planeta viveu, já que foi nessa época que os seres unicelulares evoluíram para formas mais complexas e deram lugar aos primeiros organismos pluricelulares, antepassados da fauna atual.

Graças à técnica do relógio molecular - que estima as datas para a evolução com base nos conhecimentos adquiridos sobre os mecanismos bioquímicos que a governam -, já se sabia que as esponjas surgiram de 850 a 635 milhões de anos atrás, mas ainda não havia nenhuma prova fóssil.

Os pesquisadores de Princeton Adam Maloof e Catherine Rose encontraram os novos fósseis enquanto trabalhavam num projeto sobre os vestígios de uma era glacial de 635 milhões de anos atrás.

Suas descobertas, publicadas na edição de terça-feira (17/8) da revista Nature Geoscience, oferecem a primeira evidência direta de que vida animal existiu antes - e provavelmente sobreviveu - ao evento conhecido como "Terra Bola de Neve", quando a chamada glaciação marinoana deixou boa parte do planeta coberta de gelo. "Estamos acostumados a encontrar lascas de lama no meio da rocha e, à primeira vista, foi o que pensamos que estávamos vendo", disse, por meio de nota, Maloof.

"Mas então notamos essas formas repetidas aparecendo em toda parte - forquilhas, anéis, placas perfuradas, bigornas. No segundo ano, notamos que tínhamos achado um tipo de organismo e decidimos analisar os fósseis. Ninguém esperava que encontrássemos animais que viveram antes da era glacial. E já que os animais provavelmente não evoluíram duas vezes, fomos, de repente, confrontados com a questão de como algum parente desses animais sobreviveu à Terra Bola de Neve", pondera.

(Alexandre Gonçalves)

(O Estado de SP, 18/8)

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Article abstract

Published online: 17 August 2010 | doi:10.1038/ngeo934

Possible animal-body fossils in pre-Marinoan limestones from South Australia

Adam C. Maloof1, Catherine V. Rose1, Robert Beach2, Bradley M. Samuels2, Claire C. Calmet1, Douglas H. Erwin3, Gerald R. Poirier4, Nan Yao4 & Frederik J. Simons1

Abstract

The Neoproterozoic era was punctuated by the Sturtian (about 710 million years ago) and Marinoan (about 635 million years ago) intervals of glaciation. In South Australia, the rocks left behind by the glaciations are separated by a succession of limestones and shales, which were deposited at tropical latitudes. Here we describe millimetre- to centimetre-scale fossils from the Trezona Formation, which pre-dates the Marinoan glaciation. These weakly calcified fossils occur as anvil, wishbone, ring and perforated slab shapes and are contained within stromatolitic limestones. The Trezona Formation fossils pre-date the oldest known calcified fossils of this size by 90 million years, and cannot be separated from the surrounding calcite matrix or imaged by traditional X-ray-based tomographic scanning methods. Instead, we have traced cross-sections of individual fossils by serially grinding and scanning each sample at a resolution of 50.8 μm. From these images we constructed three-dimensional digital models of the fossils. Our reconstructions show a population of ellipsoidal organisms without symmetry and with a network of interior canals that lead to circular apertures on the fossil surface. We suggest that several characteristics of these reef-dwelling fossils are best explained if the fossils are identified as sponge-grade metazoans.

Department of Geosciences, Princeton University, Princeton, New Jersey 08544, USA
Situ Studio, 20 Jay Street #203, Brooklyn, New York 11201, USA
Department of Paleobiology, MRC-121, Smithsonian Institution, PO Box 37012, Washington, District of Columbia 20013-7012, USA
Princeton Institute for the Science and Technology of Materials, Princeton University, Princeton, New Jersey 08544, USA

Correspondence to: Adam C. Maloof1 e-mail: maloof@princeton.edu

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