Umberto Eco 'falou e disse': é tolice boicotar acadêmicos israelenses

sexta-feira, maio 28, 2010

28/05/2010
A tolice de boicotar acadêmicos israelenses

Umberto Eco

Em janeiro de 2003, escrevi um artigo lamentando o fato do jornal acadêmico britânico “The Translator” ter se unido a outras publicações em um boicote a universidades israelenses como forma de protesto contra as políticas israelenses do primeiro-ministro Ariel Sharon. Mona Baker, editora do “The Translator”, foi uma das signatárias de uma carta aberta que anunciava o boicote; pouco depois, ela convidou dois acadêmicos israelenses do conselho editorial da revista a renunciarem. Os dois intelectuais em questão, Dra. Miriam Shlesinger e Dr. Gideon Toury, argumentaram contra as políticas de Sharon, mas isso não fez diferença para Baker.



Em minhas críticas, observei duas coisas: uma, que é necessário fazer uma distinção entre as políticas do governo de um país (ou mesmo sua constituição) e o fermento cultural dentro dele. Depois sugeri que responsabilizar os cidadãos de um país pelas políticas de seu governo era uma forma de racismo. Não há diferença entre os que culpam todos israelenses desta forma e os que sustentam que, dado que os palestinos cometem atos de terrorismo, devemos bombardear todos os palestinos indiscriminadamente.

Recentemente em Turin, uma carta aberta apareceu sob a égide do ramo italiano da Campanha para o Boicote Cultural e Acadêmico de Israel, uma rede de acadêmicos e organizações que trabalham para forçar uma mudança nas políticas de Israel por meio de boicotes a instituições israelenses. Este documento, que tem como meta censurar o governo de Israel por suas políticas, inclui a seguinte afirmativa: “As universidades e acadêmicos israelenses apoiaram e apoiam seu governo e, como tais, são cúmplices de suas políticas. Ademais, nas universidades israelenses são desenvolvidos alguns dos projetos de pesquisa mais importantes sobre novas armas com base em nanotecnologia, além de sistemas tecnológicos e psicológicos para controlar e oprimir a população civil.”
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Acesso integral do texto somente para assinantes da Folha de São Paulo ou UOL aqui.

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