Os intelectuais e a sociedade

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

por Thomas Sowell em 20 de janeiro de 2010 Opinião - Cultura

Provavelmente nunca houve outra era na história onde os intelectuais tenham desempenhado um papel maior na sociedade. Quando os intelectuais que geram idéias estão cercados de pessoas que disseminam tais idéias — quer sejam jornalistas, professores, assessores de legisladores ou secretários de juízes — a influência dos intelectuais sobre os modos pelos quais uma sociedade se desenvolve pode ser enorme. Durante anos venho tentando entender a natureza dessa influência, o que finalmente me levou a escrever o livro “Intellectuals and Society”, que acaba de ser publicado.



Os intelectuais geram idéias e idéias importam, quer essas idéias estejam certas ou erradas; e elas têm importância muito além do pequeno segmento da sociedade formado pelos intelectuais. As idéias afetam o destino de nações e civilizações inteiras. Isso nunca foi tão verdadeiro quanto o é em nossa própria época, quando algumas pessoas realizam ataques suicidas para matar estranhos que nada lhes fizeram, tal como nos ataques de 11 de setembro de 2001 e simplesmente por que os agressores estavam tomados por um conjunto de idéias — uma visão — e movidos pelas emoções geradas por essas idéias e por essa visão.

Quer sejam quanto à guerra ou paz, sobre economia ou religião, coisas tão intangíveis quanto as idéias podem dominar os aspectos mais concretos de nossas vidas. Aquilo que Karl Marx chamou de “a chama das idéias” ateou fogo a nações inteiras e consumiu várias gerações.

Em muitas sociedades, aqueles cujas carreiras são edificadas sobre a criação e disseminação de idéias – os intelectuais – desempenharam um papel social fora de qualquer proporção com seu número relativo. Se no cômputo final esse papel ajudou ou prejudicou os outros membros dessas sociedades é uma das questões chave de nosso tempo.

A resposta rápida e fácil é aquela que diz que os intelectuais fizeram as duas coisas. Mas certamente, e durante o século XX, é difícil escapar à conclusão de que, num balanço geral, os intelectuais transformaram o mundo num lugar pior e mais perigoso. Dificilmente um ditador genocida do século XX deixou de ter destacados intelectuais entre seus partidários, admiradores ou apologistas – e não apenas em seus próprios países, mas em democracias estrangeiras, onde os intelectuais tinham a liberdade de dizer o que bem quisessem.

Dado o enorme progresso feito durante o século XX, pode parecer difícil acreditar que os intelectuais tenham feito tão pouco bem de modo que esse bem foi de longe sobrepujado por noções equivocadas. Mas a maioria daqueles que promoveram os avanços científicos, econômicos e sociais do século XX não era realmente composta de intelectuais, não no sentido que o termo é mais frequentemente usado.
...

Leia mais aqui: Mídia@Mais