Dengue sem asas

terça-feira, fevereiro 23, 2010

23/2/2010

Agência FAPESP – Para combater a transmissão de dengue, que tal cortar o mal pela raiz? Ou melhor, que tal cortar as asas dos mosquitos – ou, pelo menos sua capacidade de voar? Essa é a sugestão de um grupo internacional de pesquisadores, que obteve uma nova linhagem de mosquitos na qual as fêmeas não podem voar.

O estudo, feito por um grupo do Reino Unido e dos Estados Unidos, será publicado esta semana no site e, em breve, na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Cientistas desenvolvem fêmeas deAedes aegypti incapazes de voar como alternativa para conter a transmissão da doença (foto: Fiocruz)

Fêmeas do principal vetor da dengue, o Aedes aegypti, quando não conseguem voar, morrem rapidamente, reduzindo o número de mosquitos e, por consequência, a transmissão da doença, segundo os autores do estudo. Machos podem voar, mas não picam ou transmitem a doença.

Um dos principais problemas de saúde pública no mundo, a dengue provoca anualmente de 50 milhões a 100 milhões de casos. Não há vacina para a doença, que coloca quase 40% da população global em risco.

Os cientistas alteraram geneticamente mosquitos machos que, ao cruzar com fêmeas selvagens, transmitiram seus genes aos descendentes. As fêmeas da geração seguinte não foram capazes de voar por que a alteração genética afetou o desenvolvimento dos músculos das asas.

Os autores da pesquisa estimam que a nova linhagem pode suplantar a população nativa em até nove meses, em alternativa eficiente e que não envolve o uso de pesticidas.

“Os métodos atuais de controle da dengue não são suficientemente eficientes e, por conta disso, novas alternativas se fazem urgentemente necessárias. Controlar o mosquito que transmite o vírus poderia reduzir significativamente a morbidade e mortalidade humanas”, disse Anthony James, professor da Universidade da Califórnia em Irvine e um dos autores do estudo.

Segundo James, uma das principais autoridades mundiais em doenças infecciosas transmitidas por insetos, há ainda estudos a serem feitos para confirmar a viabilidade do novo método, mas o potencial é de aplicação não apenas para a dengue, como também para outras doenças, como malária e febre do oeste do Nilo.

O artigo A female-specific flightless phenotype for mosquito control, de de Luke Alphey e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1000251107.

+++++

Female-specific flightless phenotype for mosquito control

Guoliang Fu a,b,1, Rosemary S. Lees a,b,1, Derric Nimmo a,1, Diane Aw c, Li Jin a,b, Pam Gray a,
Thomas U. Berendonk b, Helen White-Cooper b, Sarah Scaife a, Hoang Kim Phuc b, Osvaldo Marinotti c,
Nijole Jasinskiene c, Anthony A. James c,d,2, and Luke Alphey a,b,2

-Author Affiliations

aOxitec Limited, 71 Milton Park, Oxford OX14 4RX, United Kingdom;

bDepartment of Zoology, University of Oxford, South Parks Road, Oxford OX1 3PS, United Kingdom;

cDepartment of Molecular Biology and Biochemistry, University of California, Irvine, CA 92697-3900; and

dDepartment of Microbiology and Molecular Genetics, University of California, Irvine, CA 92697-3900

Contributed by Anthony A. James, January 14, 2010 (sent for review September 11, 2009)

↵1G.F., R.S.L., and D.N. contributed equally to this work.

Abstract

Dengue and dengue hemorrhagic fever are increasing public health problems with an estimated 50–100 million new infections each year. Aedes aegypti is the major vector of dengue viruses in its range and control of this mosquito would reduce significantly human morbidity and mortality. Present mosquito control methods are not sufficiently effective and new approaches are needed urgently. A “sterile-male-release” strategy based on the release of mosquitoes carrying a conditional dominant lethal gene is an attractive new control methodology. Transgenic strains of Aedes aegypti were engineered to have a repressible female-specific flightless phenotype using either two separate transgenes or a single transgene, based on the use of a female-specific indirect flight muscle promoter from theAedes aegypti Actin-4 gene. These strains eliminate the need for sterilization by irradiation, permit male-only release (“genetic sexing”), and enable the release of eggs instead of adults. Furthermore, these strains are expected to facilitate area-wide control or elimination of dengue if adopted as part of an integrated pest management strategy.

Aedes aegypti   dengue virus  sterile insect technique  genetic control  population suppression

Footnotes

2To whom correspondence may be addressed. E-mail: aajames@uci.edu orluke.alphey@oxitec.com.

Author contributions: G.F., R.S.L., D.N., D.A., L.J., P.G., T.U.B., H.W.-C., S.S., H.K.P., O.M., N.J., A.A.J., and L.A. designed research; G.F., R.S.L., D.N., D.A., L.J., P.G., T.U.B., H.W.-C., S.S., H.K.P., O.M., N.J., A.A.J., and L.A. performed research; G.F., R.S.L., D.N., D.A., L.J., P.G., T.U.B., H.W.-C., S.S., H.K.P., O.M., N.J., A.A.J., and L.A. analyzed data; D.N., A.A.J., and L.A. wrote the paper.

The authors declare no conflict of interest.

This article contains supporting information online at www.pnas.org/cgi/content/full/1000251107/DCSupplemental.

+++++

PDF gratuito do artigo aqui.