Talento e energia de Marcello Damy

sexta-feira, janeiro 15, 2010


Pioneiro na física experimental do Brasil, Marcello Damy instalou o primeiro reator nuclear no país



O físico Marcello Damy de Souza Santos viveu 95 anos e sempre recebeu numerosos elogios em reconhecimento aos trabalhos conduzidos em sua longeva carreira. Um deles, no entanto, o acompanhou desde antes de ele entrar na Escola Politécnica de São Paulo, em 1933, um ano antes da criação da Universidade de São Paulo (USP): competência. Damy era bom para consertar rádios em Campinas, onde nasceu, ou em São Paulo, para onde se mudou com os pais aos 17 anos. Era melhor ainda para construir máquinas complicadas, como um detector de raios cósmicos, montar um acelerador de partículas ou um reator nuclear. Também foi competente na sala de aula, ao formar alunos como César Lattes, Oscar Sala e José Goldemberg, e como gestor, segundo atestam seus colaboradores. Damy morreu no dia 29 de novembro de 2009 em consequência de um acidente vascular cerebral e falência múltipla de órgãos.








© ARQUIVO DO INSTITUTO DE FÍSICA DA USP Damy, aos 25 anos, em experimento na mina de Morro Velho, em 1939



“Além de sua conhecida habilidade como físico experimental, Marcello Damy foi um criador de núcleos de pesquisa importantes em várias instituições”, diz o físico Sérgio Mascarenhas, coordenador do Instituto de Estudos Avançados da USP de São Carlos. “Ele pesquisou e ensinou a vida inteira e foi um pioneiro da física experimental no Brasil”, diz a ex-aluna Amélia Império Hamburger, do Instituto de Física da USP, autora de vários trabalhos sobre história da física.

Junto com Paulus Aulus Pompeia, Damy migrou da engenharia elétrica para a física atraído pelos conhecimentos novos e jeito entusiasmado do russo naturalizado italiano Gleb Wataghin, um dos professores estrangeiros da primeira fase da USP. O mesmo aconteceu com Mario Schenberg, que foi da matemática para a física. “Na década de 1930 os professores ensinavam física da seguinte maneira: eles estudavam a aula na véspera para no dia seguinte ensinar para os alunos. A diferença do conhecimento do professor para o aluno era de 24 horas”, contou em entrevista à Pesquisa FAPESP (edição de março de 2003). “Quando começamos a seguir os cursos de Wataghin e Luigi Fantappié, em matemática, abriu-se um mundo novo”, disse ele em outra entrevista, desta vez a Amélia Hamburger e Carmen Weingrill, em 1992, para o Canal Ciência do Ministério da Ciência e Tecnologia.
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