Códigos de barras de DNA identificam novas espécies e contribuem para estudos de ecologia e evolução
Pesquisa Edição Impressa 167 - Janeiro 2010
Imagine um mundo em que você possa saber o nome de qualquer animal, qualquer planta, qualquer fungo, qualquer organismo – no local, num instante, em qualquer lugar do nosso pla neta. Essa é a promessa contida no folheto de apresenta ção do Projeto Internacional do Có digo de Barras da Vida (iBOL, na sigla em inglês), se diado na Universidade de Guelph, no Canadá. E foi a proposta que Paul Hebert, diretor científico do iBOL, trouxe ao Simpósio Internacional sobre DNA Barcoding do programa Biota-FAPESP, nos dias 4 e 5 de dezembro.
Hebert é conhecido como o “inventor” dos códigos de barras de DNA, trechos curtos (cerca de 650 pares de bases) do genoma mitocondrial que permitem distinguir espécies diferentes. Na palestra de abertura do simpósio, o pesquisador mostrou como um banco de dados disponível pela internet, que integre informações genéticas e ecológicas, pode cumprir o propósito de catalogar e identificar toda a diversidade biológica do planeta. O Brasil, detentor de uma diversidade biológica invejável, é parceiro cobiçado por iniciativas internacionais, como o iBOL e o Consórcio para o Código de Barras da Vida (CBOL). Tanto que David Schindell, secretário executivo do consórcio, veio de Washington para dar sua palestra e voltou no mesmo dia.
Mas os pesquisadores brasileiros presentes demonstraram que a colaboração não se limitará a enviar amostras de material genético para o exterior. David Oren, pesquisador do Museu Paraense Emilio Goeldi e coor denador de biodiversidade da rede Geoma, que reúne vá rios institutos do Ministério da Ciência e Tecnologia, ressaltou a necessidade de se instituir um programa nacional de barcoding e ao mesmo tempo depositar espécimes da biodiversidade nativa nos museus brasileiros. “Não podemos perder esse bonde”, disse. É por falta de uma organização central que reúna os esforços que, apesar da riqueza biológica, o Brasil está só em 11o lugar entre os países que forneceram dados para o banco de dados internacional Barcode of Life Data Systems (Bold).
Além da ausência de uma coordenação nacional, o processo de inventário no Brasil promete ser infinitamente mais laborioso do que no Canadá. O botânico Alberto Vicentini, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), usou um pedacinho da Floresta Amazônica como exemplo: a reserva Ducke, próxima a Manaus, uma das regiões mais bem conhecidas da Amazônia. Ali em 1990 se estimava que haveria 825 espécies de plantas vasculares – árvores e arbustos. Com trabalho constante de inventários, em 1994 esse número subiu para 1.199, e em 1999 para 2.175, praticamente triplicando em uma década. Os levantamentos da flora demoram muito a serem feitos não só porque a diversidade é gigantesca, mas também porque se conhece tão pouco dela. O resultado são pilhas de amostras sem especialistas que possam identificá-las. Para Vicentini, sequenciar o código de barras e fazer um diagrama com o parentesco entre essas árvores não resolveria o problema, já que as plantas continuariam sem nome. “A Amazônia é uma região continental, com uma enorme diversidade e provavelmente muita diversificação recente com variação molecular insuficiente para que se possam distinguir as espécies”, disse.
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Hebert é conhecido como o “inventor” dos códigos de barras de DNA, trechos curtos (cerca de 650 pares de bases) do genoma mitocondrial que permitem distinguir espécies diferentes. Na palestra de abertura do simpósio, o pesquisador mostrou como um banco de dados disponível pela internet, que integre informações genéticas e ecológicas, pode cumprir o propósito de catalogar e identificar toda a diversidade biológica do planeta. O Brasil, detentor de uma diversidade biológica invejável, é parceiro cobiçado por iniciativas internacionais, como o iBOL e o Consórcio para o Código de Barras da Vida (CBOL). Tanto que David Schindell, secretário executivo do consórcio, veio de Washington para dar sua palestra e voltou no mesmo dia.
Mas os pesquisadores brasileiros presentes demonstraram que a colaboração não se limitará a enviar amostras de material genético para o exterior. David Oren, pesquisador do Museu Paraense Emilio Goeldi e coor denador de biodiversidade da rede Geoma, que reúne vá rios institutos do Ministério da Ciência e Tecnologia, ressaltou a necessidade de se instituir um programa nacional de barcoding e ao mesmo tempo depositar espécimes da biodiversidade nativa nos museus brasileiros. “Não podemos perder esse bonde”, disse. É por falta de uma organização central que reúna os esforços que, apesar da riqueza biológica, o Brasil está só em 11o lugar entre os países que forneceram dados para o banco de dados internacional Barcode of Life Data Systems (Bold).
Além da ausência de uma coordenação nacional, o processo de inventário no Brasil promete ser infinitamente mais laborioso do que no Canadá. O botânico Alberto Vicentini, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), usou um pedacinho da Floresta Amazônica como exemplo: a reserva Ducke, próxima a Manaus, uma das regiões mais bem conhecidas da Amazônia. Ali em 1990 se estimava que haveria 825 espécies de plantas vasculares – árvores e arbustos. Com trabalho constante de inventários, em 1994 esse número subiu para 1.199, e em 1999 para 2.175, praticamente triplicando em uma década. Os levantamentos da flora demoram muito a serem feitos não só porque a diversidade é gigantesca, mas também porque se conhece tão pouco dela. O resultado são pilhas de amostras sem especialistas que possam identificá-las. Para Vicentini, sequenciar o código de barras e fazer um diagrama com o parentesco entre essas árvores não resolveria o problema, já que as plantas continuariam sem nome. “A Amazônia é uma região continental, com uma enorme diversidade e provavelmente muita diversificação recente com variação molecular insuficiente para que se possam distinguir as espécies”, disse.
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