Íons em aparelhos dentários

terça-feira, janeiro 19, 2010

19/1/2010
Por Fábio Reynol
Agência FAPESP – Aparelhos ortodônticos que enferrujam durante o tratamento podem soltar metais e íons (partículas eletricamente carregadas) na boca do paciente.
Intrigado com um trabalho científico feito na Itália que apontava possíveis riscos ao DNA provocado por esses íons, o professor Daniel Araki Ribeiro, do campus de Santos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), resolveu pesquisar o assunto.



Pesquisa feita na Unifesp indica que metais liberados por aparelhos ortodônticos que enferrujam não prejudicam o DNA, como sugeria estudo anterior (Foto: Universidade de Maryland)


Com o apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, Ribeiro acompanhou voluntários durante o período médio de um tratamento ortodôntico, por cerca de 18 meses.
Durante esse tempo, o pesquisador coletou amostras de células da mucosa bucal dos pacientes por meio de raspagem. “O fato de esses metais serem liberados e acumularem em células do nosso corpo já é um problema bem grave à saude humana, mas nosso estudo verificou que os DNAs colhidos desse material não tinham sofrido alterações”, disse Ribeiro à Agência FAPESP.
Os íons liberados de metais que sofrem corrosão dentro do organismo podem soltar íons capazes de atingir o núcleo das células e lesionar o DNA. Como consequência, o DNA lesionado poderia provocar doenças degenerativas tais como o câncer.
“Nenhum dentista deixa aparelhos oxidados na boca do paciente, mas o risco de corrosão é grande, principalmente em materiais mais baratos”, disse Ribeiro, explicando que a saliva cria um microambiente favorável à oxidação de metais.
Além do trabalho de análise nos pacientes (in vivo), também foram realizadas experiências diretamente em células em placas in vitro. Sete marcas de aparelhos foram mergulhadas em uma solução corrosiva. Após a oxidação, parte do líquido foi jogada em cima das células.
Assim como as amostras bucais dos pacientes, os testes das células in vitro mostraram DNAs incólumes. O estudo in vitro também não mostrou danos genéticos.
O trabalho de pesquisa, que se encerrou no fim de 2009, gerou dois artigos científicos que já foram aceitos pelo American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics e devem ser publicados ainda este ano.