Sob efeito dos aerossóis

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Sob efeito dos aerossóis
7/12/2009

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Como o aumento na emissão de partículas atmosféricas (aerossóis) pode afetar o padrão anual de chuva na região Sudeste, em particular no Estado de São Paulo? Qual é a importância e a influência dos aerossóis na emissão de chuvas?

Essas e outras questões motivaram um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, a estudar a emissão de materiais particulados para a atmosfera e o impacto sobre o clima na região Sudeste.


Pesquisadores vão investigar influência de partículas atmosféricas no padrão anual das chuvas no Sudeste, em projeto no Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Ao propor o Projeto Temático “Efeitos das emissões nas mudanças do padrão atual e futuro de chuvas na região Sudeste do Brasil”, inserido no Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), o grupo coordenado pelo professor Arnaldo Alves Cardoso, do Instituto de Química da Unesp de Araraquara, busca melhorar o entendimento e a influência dos aerossóis atmosféricos, relacionando dados e estudando as propriedades físicas e químicas dessas partículas.

O projeto está baseado no Instituto de Química da Unesp. Também participam pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de São Paulo (USP), além de parceiros internacionais.

Cardoso destaca que as mudanças de atividade econômica produtiva podem afetar a qualidade, quantidade e tipo de partículas na atmosfera. “Podem modificar o processo de formação de nuvens e, com isso, afetar o regime de chuvas de uma região. Podem também afetar a quantidade das descargas elétricas na atmosfera. O efeito na formação de raios também é objeto do nosso projeto”, disse à Agência FAPESP.

Aerossóis são pequenas partículas sólidas ou líquidas dispersas na atmosfera. “A fumaça é formada por partículas visíveis, mas muitas partículas são tão pequenas que não são visíveis ao olho humano”, disse.

“Muitas partículas são formadas no interior da atmosfera como produto de reação química ou de condensação. Por exemplo, o vapor de água evaporado de um lago pode se condensar na forma de pequenas gotas de água, formando um tipo de aerossol atmosférico”, explicou.

As partículas atmosféricas podem ser classificadas em primárias (emitidas diretamente como partículas maiores) e secundárias (menores, formadas na atmosfera). Atividades antrópicas, como queima da cana-de-açúcar e construção civil, por exemplo, aumentam a emissão dessas partículas.

“As partículas que servem de núcleo para a formação de uma nuvem devem ter tamanho e concentração ideais e propriedade de absorver água. Muitas partículas podem, cada uma, absorver só um pouco de água da atmosfera e não crescer o suficiente para formar gotas de chuva”, disse Cardoso.

Oportunidade de pós-doutorado

Para auxiliar no desenvolvimento dos trabalhos, o Projeto Temático tem uma vaga em aberto para pesquisador doutor na área de ciência da atmosfera. O candidato deve comprovar boa formação científica em ciências atmosféricas e, preferencialmente, ter experiência em alguma das áreas relacionadas.

O selecionado receberá bolsa de pós-doutorado no valor de R$ 4.508,10. Mais informações sobre a vaga estão publicadas no site FAPESP – Oportunidades, em www.oportunidades.fapesp.br/pt/97.

Segundo o coordenador do Temático, espera-se que o candidato selecionado saiba trabalhar com desenvoltura na redação de relatórios e artigos científicos. “Precisamos de um pesquisador que consiga trabalhar com informações químicas e correlacioná-las com dados do satélite e do radar”, apontou.

Cardoso destaca que nem todas as partículas atmosféricas são nocivas. “No caso das chuvas ácidas, esses materiais particulados funcionam como ‘esponjas’ e retiram um pouco da acidez da atmosfera”, disse.

“Não adianta proibir a queima da cana-de-açúcar se não temos informações sobre os efeitos anteriores e posteriores. Um exemplo disso é o que ocorreu na Europa, onde se criou uma lei para reduzir a emissão do material particulado na atmosfera e o resultado foi o aumento da chuva ácida. O fato de buscarmos conhecimento faz com que tomemos medidas com uma segurança maior”, advertiu.

O Projeto Temático, que se iniciou em julho, vai até 2013. Outras informações podem ser obtidas por e-mail ao professor Arnaldo Cardoso: acardoso@iq.unesp.br.

Interessados em se candidatar à Bolsa de Pós-Doutorado devem enviar, até 8 de janeiro de 2010, curriculum vitae completo, três cartas de recomendação e carta descrevendo o interesse de trabalhar no projeto para o endereço:

Prof. Dr. Arnaldo Alves Cardoso
Departamento de Química Analítica
Instituto de Química – Unesp
Rua Francisco Degni s/n – Caixa Postal 355
14801-970 – Araraquara – SP