Schadenfreude: rumores de um mundo epistêmico pós-darwinista?

terça-feira, novembro 03, 2009

Aqui neste blog eu expressei que já estava de saco cheio com as nauseabundas comemorações dos 200 anos de aniversário de Darwin e os 150 anos do Origem das Espécies como sendo o livro sobre a maior ideia que toda a humanidade já teve (mas que não era nenhuma novidade em 1859...) pelas comunidades e publicações científicas (mais a Grande Mídia a reboque).

Aquelas comemorações foram, e ainda estão sendo, mostras de um desavergonhado culto à personalidade (idolatria secularizada) que desviou o foco da verdadeira questão: a teoria geral da evolução de Darwin na sua versão consensual vigente (Síntese Moderna Evolutiva) é robustamente corroborada num contexto de justificação teórica? A resposta você ficou sabendo aqui desde janeiro de 2006: NÃO!

Há quase quatro anos atrás, quando escolhi o nome para assinar as postagens deste blog, eu escolhi "pós-darwinista", e expliquei o que isso significava no meu perfil: uma iminente e eminente mudança paradigmática em biologia evolutiva. A Galera dos meninos e meninas de Darwin riu de mim, e me cobriu de impropérios. Galantemente respondi: quem está na chuva é prá se queimar!

Anunciei o encontro dos 16 de Altenberg e que uma nova teoria geral da evolução estava sendo elaborada - a Síntese Evolutiva Ampliada, e que ela não seria selecionista. Jogaram mais bosta, oops, mais pedra na Geni, oops neste blogger, mas os evolucionistas ortodoxos, fundamentalistas, pós-modernos, chiques e perfumados a la Dawkins de Pindorama só ficaram sabendo disso aqui neste blog! Por quê a Grande Mídia ficou em silêncio pétreo? Marcelo Leite, da Folha de São Paulo, tem a palavra: "Não damos espaço!" É a Síndrome ricuperiana em ação diante de nossos olhos: "O que Darwin tem de bom, a gente mostra; o que Darwin tem de ruim, a gente esconde".

Gente, aqui e ali, eu aproveito os meus 15 segundo de fama, e digo que de vez em quando algum evolucionista me vindica nos meus vaticínios (seria eu um profeta???): o pós-darwinismo que tanto me perguntam o que é, e eu já deixei explicado no meu perfil, é um novo mundo epistêmico que bate às portas da Nomenklatura científica.

NOTA BENE: um novo mundo epistêmico bate às portas!!!

Fui, nem sei por que, pensando na estória do menino que enfiou o dedo em um dique na Holanda para que não se rompesse...

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Walcott, the Burgess Shale and rumours of a post-Darwinian world

Simon Conway Morris

Department of Earth Sciences, University of Cambridge, Downing Street, Cambridge, CB2 3EQ, UK

Summary

More than one of my colleagues has cast her eye round the packed conference room and then murmured sotte voce that, well, she was suffering just a little from Darwin fatigue. So too, more than one commentator has remarked how the bicentenary of his birth and the 150th anniversary of the Origin have completely outstripped any episode of previous rejoicing. And to play the curmudgeon one might wonder if our obsession with the centential and hemi-centential actually reflects a deeper schadenfreude, a loss of way, an eclipse of confidence. While evolutionary biologists caper round the Darwinian totem, other drum-rolls from Hades remind musicologists that Georg-Friedrich Händel (d. 1759), Joseph Haydn (d. 1809) and Felix Mendelssohn-Bartholdy (b. 1809) must be dragged from their crepuscular retreats, while enthusiasts for Alfred Tennyson (b. 1809) listen anxiously for the creak of Charon's oars conveying their hero back for a brief exposure in the sunlit pastures.

Source/Fonte: Current Biology

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Professores, pesquisadores e alunos de universidades públicas e privadas com acesso ao site CAPES/Periódicos podem ler gratuitamente este artigo da Current Biology e de outras publicações científicas.