Darwin influenciou A Grande Marcha de Mao Tse-tung

quarta-feira, novembro 11, 2009

Eu fui ateu, marxista-leininista na minha juventude. Darwin sempre foi um ídolo entre os comunistas. Razão? As ideias de luta pela sobrevivência e de que o mais apto sobrevive sempre foram farois apontando o caminho através da revolução armada para a criação do novo homem.

Aqui e ali menciono que ideias têm consequências e que Darwin serviu de influência para Hitler na questão do Holocausto. A Nomenklatura científica rejeita tais 'insinuações malévolas' contra o homem que teve a maior ideia que toda a humanidade já teve: a origem das espécies através da evolução por meio da seleção natural.

James Pusey é professor de estudos chineses da Universidade Bucknell. Ele escreveu um artigo para a série "Global Darwin", na Nature 12/11/09 sobre as reações de Lenin e Mao Tse-tung à obra de Darwin. Como era de se esperar, Pusey passa por cima das atrocidades que esses homens cometeram em nome de suas ideologias materialistas. Mas, aí Pusey solta uma bomba sobre o vácuo criado na China após o movimento de reforma ter fracassado, e em seguida ele trouxe Darwin a lume:

"Muitos tentaram preencher: Sun, Jiang Jieshi (Chiang Kaishek) e, finalmente, o pequeno grupo de intelectuais que, em indignação pela traição em Versalhes, encontraram no marxismo o que parecia para eles a fé mais apta na terra para ajudar a China a sobreviver.

Isto não foi, é claro, toda responsabilidade de Darwin, mas Darwin esteve envolvido em tudo. Para crer no marxismo, alguém tinha de acreditar nas forças inexoráveis empurrando a humanidade, ou pelo menos os eleitos, para o progresso inevitável, através de séries de etapas (que poderiam, contudo, serem puladas). Alguém tinha de acreditar que a história era uma luta de classes violenta, hereditária (quase que um luta 'racial'); que o indivíduo deve ser severamente subordinado ao grupo; que um grupo iluminado deve liderar o povo para o seu próprio bem; que as pessoas não devem ser humanas para com seus inimigos; que as forças da vitória assegurou a vitória daqueles que estavam certos e que lutaram. Quem ensinou essas coisas para os chineses? Marx? Mao? Não. Darwin." [1]

Fui, nem sei por que pensando que as ideias têm consequências. Não se esqueçam da influência de Darwin no Holocausto de Hitler...

NOTA:

1. "This was not, of course, all Darwin's doing, but Darwin was involved in it all. To believe in Marxism, one had to believe in inexorable forces pushing mankind, or at least the elect, to inevitable progress, through set stages (which could, however, be skipped). One had to believe that history was a violent, hereditary class struggle (almost a 'racial' struggle); that the individual must be severely subordinated to the group; that an enlightened group must lead the people for their own good; that the people must not be humane to their enemies; that the forces of history assured victory to those who were right and who struggled. Who taught Chinese these things? Marx? Mao? No. Darwin."

+++++

Nature 462, 162-163 (12 November 2009) | doi:10.1038/462162a; Published online 11 November 2009


Global Darwin: Revolutionary road
James Pusey1

Abstract

In China, under the threat of Western imperialism, interpretations of Darwin's ideas paved the way for Marx, Lenin and Mao, argues James Pusey in the third in our series on reactions to evolutionary theory.

Charles Darwin's banner was first unfurled in China during the Reform Movement of 1895–98, in response to China's defeat in the Sino–Japanese War. This had been the most crushing moment in what the Chinese call their century of humiliation, during which the Manchu Qing Dynasty barely survived five great rebellions, and lost four wars against foreign imperialists: Britain, Britain and France, France, and — most galling of all — Japan.

+++++

Professores, pesquisadores e alunos de universidades públicas e privadas com acesso ao site CAPES/Periódicos podem ler gratuitamente este artigo da Nature e de outras publicações científicas.