Como ler a Grande Mídia Tupiniquim cum grano salis

terça-feira, outubro 06, 2009

Livro digital ensina leitura crítica da imprensa
Postado por Carlos Castilho em 5/10/2009 às 11:10:33 AM

O jornalista norte-americano John McManus quer ajudar o público a ler nas entrelinhas de jornais e revistas, procurando identificar omissões, equívocos e informações fora de contexto.

Ele já havia tentando antes criar um sistema onde os leitores, ouvintes, telespectadores e internautas opinavam sobre as notícias publicadas na imprensa norte-americana para organizar um ranking de credibilidade.

Agora ele partiu para uma experiência ainda mais inovadora ao publicar um livro no formato de DVD , vendido pela internet, com os fundamentos teóricos da leitura crítica da mídia e exercícios interativos sobre como identificar falhas na produção e edição de notícias tanto em texto e áudio como na televisão e páginas Web.



Trata-se de uma produção independente em que o interessado pode comprar o DVD inteiro ou por capítulos, ou ainda alugar o livro durante um ano e meio, bem como trocar idéias com outros leitores por intermédio de um fórum.

Dos nove capítulos, cinco são dedicados à análise da crise na imprensa e suas conseqüências sobre a credibilidade das notícias consumidas pelo público. Três capítulos discutem como identificar falhas na produção das informações como omissões, erros de interpretação e de contextualização, as agendas ocultas, identificar as chamadas notícias “plantadas” e operações de lobby disfarçado.

O último capítulo dá dicas sobre como avaliar a qualidade da informação numa perspectiva proativa, ou seja, como produzir informações de qualidade com o máximo de credibilidade.

O autor apresenta seis regras básicas para identificar noticias tendenciosas:

1) Identificar possíveis conflitos de objetivos entre o interesse público e o dos autores ou patrocinadores de uma determinada notícia;

2)Identificar o objetivo da notícia. Se ela promove alguma idéia, projeto ou iniciativa comercial, política ou ideológica;

3)Identificar os grupos sociais, econômicos e políticos afetados pelo projeto ou iniciativa, destacando se as opiniões dos atingidos foram destacadas adequadamente ou não;

4)Examinar cuidadosamente os fatos e alegações publicadas;

5)Identificar quem ganha e quem perde com o desenvolvimento do projeto ou iniciativa;

6)Verificar como os outros órgãos da imprensa estão tratado o assunto central da notícia.

McManus faz uma distinção entre verdade e veracidade. A primeira, segundo ele, é impossível de ser alcançada de forma total e definitiva porque todos nós temos percepções diferentes de uma mesma realidade ou fato. É humanamente impossível conhecer todo o contexto de todos os dados, fatos, processos e notícias.

Já a veracidade é viável porque depende da recombinação do maior número possível de percepções sobre um mesmo fato, dado ou processo. A veracidade é necessária por que implica aproximar-nos o mais possível da verdade, embora sem chegar a ela de forma total.

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NOTA IMPERTINENTE DESTE BLOGGER:

Há temas que são 'imunes' a este escrutínio proposto por McManus. Aqui em Pindorama, a Grande Mídia vive uma relação incestuosa com a Nomenklatura científica quando a questão é Darwin: Darwin locuta, evolutio finita. Traduzindo em graúdos, é a Síndrome ricuperiana: O que Darwin tem de bom, a gente mostra; o que Darwin tem de ruim, a gente esconde!

Como 'detonar' isso de vez?