O dilema de Darwin fica cada vez mais profundo

quarta-feira, setembro 16, 2009







Aprofundando o dilema de Darwin

por Jonathan Wells

Discovery Institute
16 de setembro de 2009






O novo filme lançado recentemente “Darwin’s Dilemma” [O dilema de Darwin] argumenta que o surgimento gelogicamente abrupto dos principais grupos de animais (os “filos”) na Explosão Cambriana colocou um problema sério para a teoria da evolução de Charles Darwin (como ele mesmo sabia), e as descobertas de fósseis subsequentes —longe de resolver o problema—tornaram isso pior.

Todavia, em janeiro de 2009, o Journal of the Geological Society, London publicou um artigo intitulado “A solution to Darwin’s dilemma of 1859.” Então, o dilema de Darwin foi ou não foi resolvido?
De acordo com a teoria de Darwin, todas as coisas vivas são descendentes modificados de um ancestral comum. Novas espécies não surgem abruptamente, mas evoluem de espécies pré-existentes através de uma série contínua de formas intermediárias. A história da vida podia então ser representada como sendo uma “grande árvore” com o ancestral comum na sua base e as muitas espécies que nós vemos hoje nas pontas de seus galhos.

Por volta de 1859, os geólogos tinham descoberto os perfis amplos da história da Terra nas rochas. Mas os fósseis naquelas rochas não se encaixavam no padrão de árvore com galhos da teoria de Darwin.

No seu livro Origem das Espécies, Darwin declarou que se a sua teoria da evolução fosse verdadeira seria “indisputável que antes do estrato do Cambriano inferior ter sido depositado… o mundo estava enxameado com criaturas vivas.”

Mesmo assim, Darwin admitiu que o registro fóssil abaixo do estrato Cambriano parecia estar desprovido de tais criaturas. Em vez disso, “espécies pertencentes a diversas das principais divisões do reino animal aparecem subitamente nas rochas fossilíferas inferiores conhecidas”—sem qualquer evidência de formas ancestrais anteriores. Darwin reconheceu francamente que esta falta de formas ancestrais “pode verdadeiramente ser trazida como um argumento válido contra” sua teoria.

Darwin argumentou que os ancestrais dos animais Cambrianos tinham uma vez existido, mas foram destruídos pelo calor e pela pressão que produzia as rochas metamórficas. “Eu olho para o registro geológico,” ele escreveu, “como uma história do mundo registrada imperfeitamente.” Assim, ele concluiu que as principais divisões do reino animal apenas “falsamente pareciam para nós como tendo sido abruptamente introduzidas” no período Cambriano.

Contudo, desde 1859, muitos fósseis pré-cambrianos foram encontrados, inclusive os microfósseis de bactérias unicelulares em rochas com mais de três bilhões de anos. Além disso, fósseis multicelulares pré-cambrianos foram encontrados nas montanhas Ediacara da Austrália, embora haja debate contínuo sobre se algum —ou quantos—dos fósseis da fauna de Ediacara foram animais, ou qual relação—se alguma—eles tinham com os filos Cambrianos. Em 1998, Simon Conway Morris (que aparece no filme “Darwin’s Dilemma”), paleobiólogo da Universidade de Cambridge, escreveu, “Exceto alguns sobreviventes da fauna de Ediacara... parece que há uma nítida demarcação entre o mundo estranho da vida da fauna de Ediacara e os fósseis cambrianos relativamente familiares” (Crucible of Creation, 30).

Assim, não existe uma falta de fósseis pré-cambrianos. Nós não somente temos fósseis de bactérias, mas nós temos também muitos fósseis de organismos multicelulares de corpos moles. “Nos organismos da fauna de Ediacara não há evidência de nenhuma parte dura de esqueleto”, escreveu Conway Morris em 1998. “Os fósseis da fauna de Ediacara parecem como se eles fossem efetivamente de corpos moles” (Crucible of Creation, 28). O mesmo é verdade de muitos dos organismos fossilizados na Explosão Cambriana. O Folhelho de Burgess, por exemplo, inclui muitos fósseis de animais de corpos completamente moles. “Estes fósseis impressionantes”, segundo Conway Morris, “revelam não somente seus contornos, mas algumas vezes até seus órgãos internos tais como os intestinos ou músculos” (Crucible of Creation, 2).

Mas, a desculpa de Darwin para a ausência de inúmeros intermediários pré-cambrianos para os filos Cambrianos foi que eles muito pequenos ou demais delicados para sobreviverem o calor e a pressão. A descoberta de fósseis pré-cambrianos microscópicos de corpos moles faz a desculpa de Darwin parecer vazia, e quanto mais descobertas são feitas, mais vazia parece.

Richard Callow e Martin Brasier relataram na edição de janeiro de 2009 do Journal of the Geological Society, London “uma variedade de micróbios excepcionalmente preservados” de rochas do Pré-Cambriano inferior na Inglaterra que remetriam ao “paradoxo conhecido como o ‘Dilema de Darwin’.” Naquela ocasião, o Science Daily anunciou que “uma solução para o quebra-cabeça que veio a ser conhecido domo o ‘Dilema de Darwin’ tinha sido revelado pelos cientistas na Universidade de Oxford,” e que “o Dilema de Darwin” era “a falta de fósseis no sedimento do pré-cambriano.”

Mas este não foi o dilema de Darwin. O dilema de Darwin foi a ausência de fósseis intermediários mostrando que os filos cambrianos divergiram de um ancestral comum. Callow e Brasier não resolveram o dilema de Darwin. Em vez disso, eles colocaram mais um prego no caixão da tentativa de Darwin de salvar sua teoria deste dilema. A verdade é que “micróbios excepcionalmente preservados” do pré-cambriano inferior na verdade aprofundam o dilema de Darwin, porque eles sugeriram que se tivesse existido ancestrais para os filos Cambrianos, eles teriam sido preservados.