Marcelo Leite e a manipulação da palavra em “Darwin”

segunda-feira, setembro 14, 2009

LEITE, Marcelo (2009). Darwin. São Paulo: Publifolha, 2009.

O livro Darwin, de Marcelo Leite, da série Folha Explica, ambicionou explicar não somente a teoria da evolução, mas a figura de Darwin. Esta série de livros breves é, segundo a Folha de São Paulo [FSP], voltada para bem informar o leitor geral para refletir sobre o tema de uma perspectiva atual e consciente das circunstâncias do Brasil, mas também serve para quem domina os assuntos atualizando seus conhecimentos.

Este livro de Leite deve ser lido tendo como pano de fundo três coisas: o neo-ateísmo militante do jornalista da FSP; uma de suas declarações feitas no encerramento de uma conferência sobre a evolução na USP em 2006; e a tese defendida no livro A manipulação da palavra (São Paulo, Loyola, 1999) de Philippe Breton.

Quanto ao neo-ateísmo militante de Leite nada preocupante, pois no Brasil laico cada um professa a ideologia e a subjetividade religiosa que bem entender. Todavia, é preciso destacar esta subjetividade do jornalista da FSP, pois o seu livro é, antes de tudo, um mero folhetim de propaganda neo-ateísta que qualquer pessoa dotada de bom senso nessa altura deve perguntar: o que tudo isso teria a ver com a ambicionada explicação da ‘enciclopédia de temas’ da FSP sobre Darwin e o darwinismo? Leite nem se deu ao trabalho de camuflar o espírito da catequese dawkinseana de usar o naturalismo filosófico como se fosse a própria ciência.

Quanto a uma declaração de Leite, um dos componentes da mesa-redonda preocupado com o avanço do criacionismo (e por tabela o Design Inteligente) no Brasil, perguntou como que a FSP lidava com a questão. Sua resposta foi curta, incisiva, prepotente e orwelliana: “Não damos espaço”!

Quanto à tese de Breton, o folhetim neo-ateísta pós-moderno, chique e perfumado a la Dawkins deve ser lido criteriosamente à luz da tese sobre a manipulação da palavra como a imposição de uma ideia sem debate criterioso e livre.

Contra o conformismo de massa, há uma década este blogger combate a privação da liberdade de dissidência dos atuais paradigmas da origem e evolução do universo e da vida no espaço controlado pela Nomenklatura científica que impõe o silêncio coercitivo e punitivo dos críticos e dissidentes de Darwin, e a cumplicidade abjeta, vergonhosa e acapachante da Grande Mídia que escamoteia informações científicas sabidas da fragilidade heurística dessas teorias num contexto de justificação teórica.

O livro Darwin, de Leite, é um exemplo nítido de despotismo darwiniano: uma tentativa de amordaçar e intimidar as vozes dissidentes que se levantam contra Darwin, mesmo quando suas críticas são científicas. A manipulação da palavra fica muito bem evidente com o encantamento de Leite com a pessoa de Darwin, culto à personalidade a la Mao Tse-tung, criando a ilusão indiscutível da veracidade de sua teoria e de sua figura humana: Ave, Darwin! Darwin locuta, evolutio finita!

Era para ser uma resenha, mas creio que será melhor abordar aqui neste blog cada capítulo e apresentar um contraponto ao folhetim neo-ateísta de Marcelo Leite.

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Descrição

Um século e meio depois da publicação de Origem das Espécies e dois séculos após o nascimento de seu autor, Charles Darwin (1809-82), ainda são ensinadas ideias sobre o fenômeno da vida que esse livro célebre tanto fez para erradicar, em favor de uma explicação mais racional e objetiva do mundo. Terão sido inteiramente perdidos os 150 anos de teoria da evolução por seleção natural, a grande contribuição de Darwin para as ciências da vida e para o pensamento contemporâneo? Marcelo Leite, colunista da Folha de S.Paulo, mostra como a teoria darwiniana veio a tornar-se a melhor e mais resistente explicação para o fenômeno da vida tal como a conhecemos hoje.

Fonte.