Editorial da revista Science aponta o SciELO como exemplo de difusão da pesquisa em países em desenvolvimento

sexta-feira, agosto 21, 2009

O impacto global do SciELO

Editorial da revista Science aponta a biblioteca eletrônica online como exemplo de difusão da produção científica de países em desenvolvimento

Edição Online - 20/08/2009

Pesquisa FAPESP - Em editorial intitulado "Globalizando a Publicação da Ciência", a edição da revista científica norte-americana Science que circula com a data de amanhã (21/08) elogia a atuação da biblioteca eletrônica SciELO (Scientific Electronic Library Online), criada no Brasil em 1998 pela FAPESP em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme), e a aponta como um modelo de difusão da produção científica feita em países em desenvolvimento.


Trecho do editorial da Science que faz elogios ao SciELO

De acordo com o texto, assinado por Wieland Gever, professor emérito de bioquímica médica da Universidade do Cabo, na África do Sul e ex-presidente da Academia de Ciências da África do Sul, "esse sistema (SciELO) já revelou a existência de revistas e artigos científicos produzidos localmente que são altamente citados em revistas indexadas pela base de dados ISI (Institute for Scientific Information)", além de terem igualmente um grande impacto dentro da própria base de revistas do SciELO. O artigo na Science defende a ideia de que mais países não desenvolvidos, sobretudo os da África, deveriam optar por publicar suas revistas científicas no SciELO ou num sistema semelhante, escolha que provavelmente aumentaria a penetração mundial de seus periódicos científicos. "O editorial é um marco, um reconhecimento ao bom trabalho do SciELO", diz Abel Packer, coordenador operacional da biblioteca eletrônica.

Historicamente, a FAPESP tem contribuído, há mais de uma década, com cerca de 75% do investimento dedicado ao programa SciELO Brasil. Em 2009, a Fundação entrará com R$ 3,3 milhões dos R$ 4 milhões que serão gastos na iniciativa. A Bireme arcará com R$ 450 mil e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com R$ 250 mil. "O SciELO nasceu dentro da FAPESP, com apoio entusiasmado da direção", afirma Rogério Meneghini, coordenador científico da biblioteca eletrônica no Brasil. "Ele foi uma das primeiras iniciativas a implantar o modelo de acesso aberto a artigos científicos."

Para o diretor científico da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, os resultados do SciELO "têm sido exemplares e reconhecidos por observadores independentes de várias entidades estrangeiras". Brito Cruz afirma também que "as revistas que fazem parte do SciELO tiveram seus artigos mais citados internacionalmente, gerando com isso benefícios para o desenvolvimento científico em São Paulo e no Brasil".

Há 11 anos, quando entrou no ar, o SciELO iniciou sua história com 10 revistas científicas, todas brasileiras. Atualmente o sistema conta com 637 periódicos, em sua maioria ibero-americanos e dos quais 197 são do Brasil. O segundo país com mais títulos é o Chile (81 revistas) e o terceiro, a Argentina (54). Revistas de outras partes do mundo, como da Jamaica e da África, começam a entrar no sistema. "Hoje há 5 periódicos da África do Sul no SciELO, mas devemos ter 100 revistas deles nos próximos trés anos e também teremos um periódico da Itália em breve e outro do Oriente Médio na coleção temática de saúde pública" diz Packer. Essa estratégia de expansão geográfica dos títulos da biblioteca eletrônica "aumentou ainda mais o valor de toda a coleção, beneficiando todas as publicações envolvidas", comenta Brito.

O SciELO só indexa e publica revistas científicas que tenham periodicidade regular, trabalhem com o modelo de peer review (para serem aceitos, os artigos são submetidos ao processo de revisão por pares) e concordem em manter seu conteúdo totalmente aberto e de acesso gratuito. A coleção cobre revistas de todas as áreas científicas, embora algumas coleções nacionais, como a de Cuba e a da Espanha, tenham começado sua participação na projeto com títulos das ciências da saúde. Ainda hoje boa parte das revistas do sistema é da área médica, mas há publicações também das humanas e exatas.

Segundo Packer, a penetração global das revistas científicas brasileiras que entraram no SciELO é evidente. Em 2009, a média mensal de downloads de artigos da biblioteca eletrônica está em 9 milhões, com 100 países tendo apresentado mais de 2.500 acessos. "O fator de impacto das revistas brasileiras que estão indexadas na base de dados Web of Science (da empresa Thomson Reuters) e no SciELO desde o início teve aumento médio de mais 200% no período 1997-2008", afirma o coordenador operacional da biblioteca eletrônica.