“Irredutível, irredutibilidade” no Index Prohibitorum da Nomenklatura científica

sábado, abril 28, 2007

No artigo “Uma ‘simples’ célula eucariótica ainda é um dos maiores enigmas em biologia” de David Tyler, eu disse que blogaria sobre uma reação ‘inflamada’ da Nomenklatura científica de que o artigo teria uma agenda pró-DI. Nada mais falso.

Vejamos o que o próprio Tyler postou a respeito em 27/04/07:
Pensamentos perturbadores sobre a natureza irredutível das células eucarióticas

por David Tyler 08:35:17 am

No dia após o ensaio interessante de James Lake ter aparecido na revista Nature, reconhecendo que a origem das células eucarióticas é um dos maiores enigmas em biologia, ele apareceu como um dos co-signatários numa correspondência atacando um artigo publicado ano passado na revista Science. [1] O artigo defendia que as hipóteses invocando a fusão genômica para explicar as características da célula eucariótica tinham fracassado. Os autores revisaram os dados recentes de proteômica e seqüências genômicas e sugeriram que “as células eucarióticas são de uma linhagem única.”

Os críticos declaram que este artigo “somente trouxe opiniões enviesadas” e que os autores “pegaram e escolheram arbitrariamente entre observações disponíveis relacionadas com a semelhança seqüencial.” O final da crítica deles tem esta frase de efeito: “Finalmente, e mais perturbador, se as células eucarióticas contemporâneas são verdadeiramente de “natureza irredutível”, como o título do artigo de Kurland et al declara, então nenhum processo evolutivo passo-a-passo deve ser invocado. Há uma mensagem oculta no artigo deles?”

Os autores do artigo responderam de maneira não inflamada. Eles permanecem firmes na posição deles. “A nossa opinião é que a biologia celular e molecular, especialmente a genômica, revelam sinais de uma complexidade antiga da célula eucariótica.” Eles concluíram: “nossa conclusão principal é que há bom progresso no entendimento da complexidade do ancestral da célula eucariótica”.

A razão para chamar a atenção a esta crítica, é que ela fornece um bom exemplo de como “as normas” são sustentadas dentro da comunidade científica. Os críticos sequer podem considerar a possibilidade de “os processos passo-a-passo evolutivos” falharem em serem responsáveis pelas células eucarióticas, e eles [os críticos] reagiram alarmados.

Pensando terem detectado uma pista de design inteligente (pelo uso da palavra “irredutível”), eles declararam isto como sendo “muito perturbador” e falaram sobre uma “mensagem oculta”. Esta reação move a crítica além da esfera do discurso científico para o mundo do materialismo ideológico.

Os que procuram saber mais sobre o DI fariam bem reconhecer o papel desempenhado pelas visões de mundo defendidas pelos envolvidos nos debates.
[1] The Evolution of Eukaryotes (Letter)

William Martin, Tal Dagan, Eugene V. Koonin, Jonathan L. Dipippo, J. Peter Gogarten, James A. Lake.

Response by C. G. Kurland, Lesley J. Collins, and David Penny
Science 316, 27 April 2007: 542-543.