Não se põe remendo teórico novo em pano teórico velho...

sábado, dezembro 30, 2006

Este blog é para ser lido à luz das celebrações de culto à personalidade de Darwin que ocorrerão no mundo em 2007-2009.

Quase ia me esquecendo nesta quadra festiva ecumênica [por questão de coerência ideológica não deveriam, mas até ateus e agnósticos participam das celebrações festivas] de desejar a todos os meus leitores – especialmente a turma da Nomenklatura científica [NC] e da Grande Mídia Tupiniquim [GMT] um Feliz 2007.

Para a NC e a GMT a relembrança especial do pesadelo que lhes causo desde 1998 – o que explica melhor a complexidade e diversidade biótica: Darwin ou Design? Vocês estão no maior conflito epistemológico, entre a cruz e a espada, situação Catch-22, e na maior ansiedade durante 2007-2009 para a chegada da nova mudança paradigmática em Biologia que lhes confirme que o paradigma estritamente materialista-mecanicista no qual confiam está certo ou errado.

Vou indicar aqui uma pista, mas eu sou muito suspeito para falar – está errado. Sigam aqui Francis Bacon – façam perguntas à natureza. E depois, com certa dose de ceticismo salutar, sigam as evidências aonde elas forem dar. Não se esqueçam de pensar e levar o Design Inteligente um pouco mais seriamente em 2007.

Lá no fundo de suas consciências ressoa uma frase contundente: “Nós sabemos que a teoria da evolução está errada!” Vou suavizar um pouco a crise de consciência de vocês. Darwin está errado? A resposta é sim e não. Darwin acertou no varejo e errou no atacado. Sim, Darwin 1 acertou na Teoria Especial da Evolução. Não, Darwin 2 errou na Teoria Geral da Evolução.

O nó górdio epistêmico que a Academia pós-moderna vai ter que desatar é: qual é a nova teoria da evolução que será proposta face aos ataques dos ‘bárbaros’ da teoria do Design Inteligente, e como salvar a cara de Darwin de tudo isso nas celebrações [culto à personalidade?] que iremos presenciar de 2007 a 2009?

Eu espero que a Nomenklatura científica pós-moderna seja suficientemente honesta e corajosa em reexaminar e reconhecer as dificuldades epistêmicas do darwinismo [como foi reconhecido na celebração de junho de 1909] [1], e que a Grande Mídia Tupiniquim reporte isso com objetividade jornalística. Eu estou de olho em vocês desde 1998! Vou continuar de olho em vocês em 2007!

Afinal de contas, desde Stephen Gould [1980] , William Provine [Cornell University – 2005], até Lynn Margulis [2006 - lá na conferência sobre evolução nas ilhas Galápagos], os cientistas evolucionistas honestos vêm dizendo que o neodarwinismo está em crise epistêmica e não responde mais às anomalias encontradas, e que precisamos de uma nova teoria da evolução. Não se esqueçam que hoje no século 21, a biologia é uma ciência de informação complexa especificada.

Em 1909 outras idéias foram acolhidas para salvar as insuficiências heurísticas da teoria de Darwin, e as suas muitas dificuldades – a redescoberta das leis da hereditariedade de Mendel [hum, tem gato nessa história mal explicada até hoje pelos darwinistas], a teoria da mutação (Hugo de Vries), a meiose ligada ao mecanismo de hereditariedade.

A nova teoria da evolução sendo elaborada secretamente intramuros, e que batizei jocosamente de “pós-síntese pós-moderna da síntese moderna”, deverá abordar sine qua non as seguintes categorias amplas e fundamentais para sua suficiência epistêmica como teoria científica:

Questões de Padrão - diz respeito à grande escala geométrica da história biológica: como os organismos são inter-relacionados, e como que nós sabemos isso?

Questões de Processo - diz respeito aos mecanismos de evolução, e os vários problemas em aberto naquela área, e

Questões sobre a questão central: a origem e a natureza da complexidade biológica - a “complexidade biológica” diz respeito à origem daquilo que faz com que os organismos sejam claramente o que são: complexidade especificada da informação biológica.

Se a nova teoria da evolução não cobrir esses três aspectos, o que teremos é um simples remendo epistemológico do século 21 tentando salvar uma roupagem teórica do século 19. Eu? Eu já dei adeus a Darwin 2 em 1998, e não sinto saudades, nem tampouco remorsos epistemológicos.

Não se esqueçam, não se põe remendo teórico novo em pano teórico velho...


Nota:

1. RICHMOND, Marsha L. The 1909 Darwinian Celebration: Reexamining Evolution in the Light of Mendel, Mutation, and Meiosis. Isis, 2006, 97:447-484 (Setembro de 2006).