Jonathan Wells, Ph. D., critica seu professor de doutorado e a evo-devo

domingo, novembro 05, 2006

Jonathan Wells, Ph. D. em biologia molecular [Universidade da Califórnia, Berkeley – dos radicais!!!] critica num pequeno artigo ao seu professor de doutorado e a evo-devo:

Two biologists claim to close a “major gap in Darwin’s theory” of evolution.[Dois biólogos afirmam fechar uma "lacuna importante" na teoria da evolução de Darwin]

"A evolução darwiniana é amplamente anunciada como sendo um fato tão firmemente estabelecido como o formato da Terra. Os defensores da teoria insistem de que não existe nenhuma controvérsia científica a respeito, e as pessoas que a questionam e criticam são tipicamente acusadas de serem ignorantes ou religiosamente motivadas. Mesmo assim, a quase cada ano saí um livro – escrito por cientistas – afirmando remediar alguma falha importante na teoria evolucionária.

O livro The Plausibility of Life [A plausibilidade da vida], por Marc W. Kirschner e John C. Gerhart, é um livro desses. Gerhart é um eminente biólogo celular e de desenvolvimento, agora aposentado após uma carreira bem sucedida na Universidade da Califórnia em Berkeley; Kirschner – que foi aluno de pós-graduação sob a orientação de Gerhart (como eu fui) – também é um eminente biólogo, agora chefe de departamento na Universidade Harvard. De acordo com a orelha do livro, os autores fecham "uma lacuna importante na teoria de Darwin" e assim fornecem "uma réplica científica oportuna aos críticos da evolução que defendem o 'design inteligente'.

Ao reconhecerem que Behe “vê o limite em designs particulares”, Kirschner e Gerhart implicitamente admitem o ponto principal de Behe, que diz respeito tão-somente à complexidade irredutível de processos essenciais conservados. O argumento de Behe fica intocável pelo fato de os componentes básicos podem ser ligados de maneiras variadas. Mesmo assim, Kirschner e Gerhart nem sequer tentam explicar a complexidade desses componentes; eles meramente afirmam que o design inteligente era desnecessário. “As grandes inovações dos processos essenciais não foram momentos mágicos de criação” eles escreveram, “mas períodos de modificação extensiva tanto da estrutura da proteína e da função”. Como Pai Tomás na Cabana do Tomás, os processos essenciais simplesmente 'crexeram'.

Kirschner e Gerhart também criticam a Phillip Johnson e a mim (sem mencionar-nos nominalmente, a não ser nas notas). Darwin pensou que “os embriões das espécies mais distintas pertencendo à mesma classe são bem semelhantes, mas se tornam, quando plenamente desenvolvidos, bem dessemelhantes”, e que isso fornecia “de longe" a evidência "mais forte" para a sua teoria de que todos os vertebrados descendem de um ancestral comum. Na edição revista de Darwin on Trial [Darwin no banco dos réus – a ser brevemente publicado no Brasil] de 1993, contudo, Johnson destacou que Darwin estava enganado: os embriões de vertebrados na verdade começam muito dessemelhantes, depois eles se tornam semelhantes no meio do caminho através do desenvolvimento antes de divergirem novamente. Os darwinistas tipicamente não desconsideram esta discrepância inconveniente argumentando que o desenvolvimento inicial pode evoluir facilmente. Em outras palavras, eles simplesmente admitem a verdade de sua teoria, depois usam-na para explicar por que os embriões na fase inicial são tão diferente. O que tinha sido a evidência mais forte a favor da teoria se mostrou falsa, mas a teoria é tida como verdade de qualquer maneira e a evidência anômala é deixada de lado. De acordo com Kirschner e Gerhart, isso de algum modo transforma as dessemelhanças iniciais dos embriões de vertebrados “de um paradoxo desconcertante da evolução num de seus argumentos mais fortes”.

No meu livro Icons of Evolution [Ícones da evolução – sendo traduzido para o português], eu destaquei que usando a semelhança estrutural ("homologia") como evidência para a evolução darwiniana é problemática. Sem um mecanismo natural não-guiado, é impossível estabelecer que as semelhanças são devidas à ancestralidade comum em vez de design comum. Kirschner e Gerhart argumentam que a teoria deles soluciona o problema. Talvez sim. Talvez não. Ela ajudaria se eles fornecessem bom evidência para a teoria deles, mas o melhor que eles podem fazer é prometer-nos que tal evidência está prestes a chegar. Enquanto isso, eles esperam que nós creiamos que “a evidência molecular moderna da homologia, o seu desenvolvimento, e a sua evolução, é inexpugnável”.
Bem, o que nós devemos fazer do livro The Plausibility of Life [A plausibilidade da vida]? Os seus autores afirmam completar a teoria de Darwin fechando a sua última e importante lacuna remanescente, mas ainda assim eles admitem que a teoria completada não tem explicação para a origem dos processos essenciais nas primeiras células, dos primeiros eucariotos, dos primeiros organismos multicelulares, dos planos corporais dos animais, ou dos membros dos vertebrados, cabeças e cérebros. Parece haver mais lacunas na teoria evolutiva agora do que havia antes de Kirschner e Gerhart terem começado a escrever.

Talvez fosse mais justo passar por cima da retórica inflada dos autores e julgá-los meramente na base de sua teoria limitada de variação facilitada. Mesmo que nós admitamos a existência de processos essenciais conservados, teriam Kirschner e Gerhart êxito em explicar como que os vertebrados terrestres se diversificaram em lagartos, aves, ratos, baleias, morcegos, e humanos? Embora eles nos garantam que a evidência estará a caminho, os mecanismos que eles propõem – comportamento exploratório, ligações fracas, e compartamentalização – eles nunca foram observados produzindo alguma coisa como as novidades necessárias para a evolução. Se um século de embriologia nos ensinou algo, é que nós podemos brincar com estes mecanismos o quanto nós quisermos num embrião de rato, e há somente três resultados possíveis: um rato normal, um rato deformado, ou um rato morto.

Apesar da natureza dúbia da proposta teórica deles, Kirschner e Gerhart dão a entender que quem quer que continue a ser cético da evolução darwiniana é uma pessoa de mente fechada. Em particular, as pessoas que acham que o design inteligente possa fornecer uma melhor explicação para algumas características de coisas vivas, elas são despachadas como sendo ignorantes, religiosamente motivadas, e dissimuladamente buscando meios para escaparem da lei. Com muitos dos seus colegas darwinistas, Kirschner e Gerhart finalmente recorrem para os insultos pessoais.

A teoria da variação facilitada torna a vida plausível? De jeito nenhum, uma vez que admite a existência da vida em primeiro lugar. A teoria da variação facilitada refuta a teoria do design inteligente? De jeito nenhum, uma vez que admite a existência de processos essenciais de complexidade irredutível em primeiro lugar. A primeira lição para casa do livro The Plausibility of Life [A plausibilidade da vida] é que a teoria evolucionária ainda sofre de fraquezas importantes, mas quem quer que diga isso sem reafirmar o darwinismo e condenando-o é uma pessoa de mente fechada, ignorante, que brande a Bíblia no púlpito e subverte a Constituição [americana]".
+++++

O que me chamou a atenção foi o fato de que este artigo apareceu numa proeminente revista cristã evangélica liberal "Christianity Today" internacionalmente conhecida. Isso quer dizer que assuntos científicos como a biologia evolutiva e ciência das origens não interessam apenas aos 'fundamentalistas' do 'Bible Belt' (Cinturão da Bíblia) que não sabem o que é ciência, e otras cositas mais, mas assuntos de grande interesse de todos os círculos de tradições religiosas evangélicas. Mais interessante ainda é o fato de os proponentes do DI estarem enfrentando publicamente seus antigos professores de doutorado: Wells e Gerhart, Nelson e Wimsatt, Dembski e Shallit, entre outros.